Conhecida cadeia britânica, fundada há mais de 80 anos, não conseguiu se adaptar ao comércio online.
HMV enfrenta problemas há mais de um ano; na
foto, a filial da loja em Oxford Street (Foto: Reuters)
A famosa cadeia britânica especializada em música e filmes HMV entrou
em concordata após mais de 80 anos de existência, tornando-se a mais
recente empresa de projeção mundial no ramo a passar por sérias
dificuldades em virtude da queda de vendas de CDs e afins.foto, a filial da loja em Oxford Street (Foto: Reuters)
A Deloitte, auditoria apontada como administradora da empresa em processo de concordata, vai manter abertas as 239 lojas da HMV no Reino Unido e na República da Irlanda - que empregam 4.350 pessoas -, enquanto avalia as perspectivas para o negócio e procura potenciais compradores.
A negociação de ações da HMV na Bolsa de Valores de Londres foi suspensa, informou a empresa em um comunicado.
A HMV, que iniciou suas atividades em 1921, tem encontrado problemas para se adaptar ao varejo online, mas suas dificuldades também refletem o mau momento enfrentado por várias cadeias das principais ruas de comércio britânicas.
Recentemente, o país testemunhou a falência da Jessops, varejista da câmeras e filmes fotográficos, e da conhecida cadeia de eletroeletrônicos Comet.
Promoção
A HMV se encontrava em crise financeira havia mais de um ano. Em 13 de dezembro ela avisou que poderia ter que quebrar acordos de empréstimos bancários, o que fez o preço de suas ações desabar.
A varejista, cuja primeira loja foi aberta em Oxford Street, Londres, em 1921, foi duramente afetada nos últimos anos pela forte concorrência de supermercados, varejistas online e downloads digitais.
Como dívidas se acumulando, a HMV vendeu parte do negócio, seu braço de entretenimento ao vivo e a cadeia do livro Waterstones.
Na semana passada, ela anunciou uma promoção especial de um mês, com corte de 25% dos preços, o que provocou temores de que a empresa precisava se livrar do estoque após vendas fracas no Natal.
O jornal Financial Times informou que a gota d'água veio nos últimos dias, quando os fornecedores, incluindo gravadoras e empresas de cinema, se recusaram a ajudar a HMV com financiamento para que pudesse continuar a operar.
'Irrelevante e insustentável'
Neil Saunders, diretor da empresa de análise de varejo Conlumino, disse que a nomeação de administradores para a HMV 'sempre foi inevitável'.
Ele disse: 'Enquanto muitos fracassos dos últimos tempos têm sido, pelo menos em parte, impulsionados pela economia, os problemas da HMV decorrem de uma falha estrutural.
'Na era digital, onde 73,4% da música e do cinema estão online, e o modelo de negócios da HMV simplesmente se tornou cada vez mais irrelevante e insustentável'.
Ele disse que, embora a marca HMV 'certamente tem algum valor' para os potenciais compradores, o modelo de negócios atual está morto.
'Não há futuro real para o varejo físico no setor da música', disse ele.
Maureen Hinton, analista da Verdict Research, concorda que HMV foi lenta quando se trata de vendas digitais.
'Se a empresa tivesse migrado para o online há 10, 15 anos, teria uma marca muito forte, que poderia ter construído uma presença real', disse ela à BBC. 'Mas, no momento, se pensarmos online só pensamos na Amazon'.
Mateus Hopkinson, da Local Data Company, disse que os problemas com a HMV são particularmente preocupantes para os centros comerciais.
'Se você levar em conta o ocorrido a mesma semana com a Jessops, é de se esperar outros problemas nas high streets (principias ruas de comércio varejista nos grandes centros urbanos).
'E HMV particularmente tem algumas lojas muito grandes - e, obviamente, mais de 60% de suas lojas estão em centros comerciais, que serão atingidos.'
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