João Eça A TARDE
"José Eduardo usa uma chave micha, capaz de abrir os carros, só que os mais novos vêm com fechadura codificada por imantização e só ligam com a chave do próprio veículo", explica o delegado Nilton Borba, titular da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos.
Aos donos dos carros mais antigos, o ladrão avisa: alarme não serve para nada. "Se o alarme dispara, abro o capô e desligo os fios, por exemplo. Ou posso desconectar dentro do veículo. O alarme pode disparar até mesmo quando o dono entra no carro. Quase ninguém atenta", conta.
Corrente - Qual a solução? "O que adianta mesmo é uma corrente no volante e na embreagem", ele aconselha. "Tem de ser daquelas correntes cromadas (com reforço). De ferro é fácil tirar com uma serra", diz.
Conforme o delegado, José - que vende os carros por preços entre R$ 500 e R$ 1 mil - e um ladrão conhecido como Pé de Bolo seriam responsáveis por cerca de 80% dos furtos de carros na capital. Pé de Bolo está foragido. José diz que não conhece o "colega". Uma das áreas de atuação de José Eduardo é a orla.
Ele diz que já foi preso dez vezes e que responde a diversos inquéritos e processos por furto, receptação e adulteração de sinal identificador. O máximo de tempo que ele ficou preso foi um ano e oito meses. Apesar da extensa ficha, José Eduardo gaba-se de nunca ter usado uma arma nem ter agredido nenhuma vítima para levar os carros: "Espero os motoristas saírem dos carros e se distanciarem". O delegado confirma: "Realmente, nunca tivemos queixa de que ele bateu em alguém".
"Professor" - José Eduardo aprendeu a furtar veículos com 18 anos. Ele tinha ido trabalhar em Catu (Grande Salvador) como motoboy do jogo do bicho. Foi naquela cidade que ele conheceu Locutor, experiente ladrão que o ensinou a técnica para fazer a chave micha. Dali em diante, José se aperfeiçoou.
Natural de Ilhéus, ele reside no bairro Vida Nova, em Lauro de Freitas (Grande Salvador). Conta que já trabalhou como motorista, porteiro e mecânico. Está há cinco anos desempregado. "Com ficha suja, é difícil arranjar emprego", tenta explicar.
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