Marceneiro fabrica carros de boi há 72 anos em GO: 'não vou parar nunca'

Carro é um meio de transporte antigo que se tornou tradição em Goiás.
Idoso de 86 anos começou a fabricar o veículo em MG, quando criança.

Do G1 GO, com informação da TV Anhanguera

O marceneiro Eugênio Oliveira tem 86 anos e há 72 se dedica à fabricação de carros de boi. O carro é um meio de transporte antigo que se tornou tradição em Goiás, principalmente durante a festa de Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia. O evento, uma das maiores festas religiosas do país, recebe todos os anos o maior desfile de carros de boi do mundo.
O marceneiro trabalha em uma marcenaria às margens da GO-070, perto da cidade de Goiás. Ele ainda se lembra de quando começou, em Minas Gerais. “Na época era feito tudo no machado, no serrote. Era tudo manual. Era difícil, levava de 36 a 40 dias para fazer um carro”, conta Eugênio.
Hoje, com as ferramentas modernas, ele leva de 15 a 20 dias para finalizar um carro de boi. E os veículos continuam sendo fabricados da mesma maneira que no passado. Nenhuma peça foi alterada.
A parte que ele mais gosta de fabricar é a que faz o carro “cantar” (veja vídeo acima): o eixo do carro. O canto muda dependendo do tamanho do eixo.

“Se for mais grosso, canta mais grosso. O eixo mais fino, vai cantar fino. E o carreiro gosta de ver o carro cantar grosso. Ele acha mais interessante e mais bonito. E as pessoas que estão ouvindo também acham mais bonito que o que canta fino”, explica o marceneiro.
Ele já construiu carros de vários tamanhos. No local, ele guarda uma roda de 2 metros de altura que foi feita para um carro de boi com mais de 8 metros de comprimento. Porém o carro de boi não é medido em metros, e sim na medida antiga. “Eles falam carro de milho, que são 40 balaios”, detalha Eugênio.
Para ele, não há idade para parar. “Eu vou lutando e enquanto tiver vida e der conta vou fazer carro de boi. Não vou parar nunca, é a vida inteira”, declara o idoso.
Comércio
A carpintaria em que Eugênio trabalha pertence ao empresário Cleomar Peres, que também é dono de uma madeireira. Ele também é apaixonado por carros de boi. “É uma paixão. Vem desde criança. E dá lucro. Já vendi de 80 a 100 carros de boi aqui. É um comércio muito bom”, diz.