Pousada usa madeira exótica, palha e barro em construção no RS

Estabelecimento está rodeado pela Mata Atlântica, em Maquiné.
Água é reaproveitada; cabanas têm teto de boldo para manter temperatura.

Roberta Salinet Da RBS TV

Paredes da pousada são feitas de mistura semelhante à usada em ninhos pelo pássaro João-de-Barro (Foto: Roberta Salinet/RBS TV)

Toda construída de maneira sustentável, uma pousada na localidade de Rio Pinheiro, no interior de Maquiné, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, tem chamado a atenção dos turistas. O Recanto da Mata, que fica a cerca de 1h30 de Porto Alegre, foi erguido com madeira exótica, palha, areia e barro. Os donos do local, um casal de artistas plásticos, têm investido tempo e dinheiro no projeto há quase 15 anos.

Ivânia Kunzler e Marcelo Oliveira, proprietários da
pousada (Foto: Roberta Salinet/RBS TV)

Rodeada pela Mata Atlântica e às margens do rio que dá nome ao distrito em que está localizada, a pousada surgiu do antigo sonho dos bonequeiros Marcelo de Oliveira e Ivânia Kunzler de viverem integrados com a natureza. “Aqui você se sente em harmonia com o planeta”, diz Ivânia. “Quando viemos para cá, achamos esse lugar tão lindo que queríamos preservá-lo, melhorá-lo, se possível, e trazer outras pessoas para que elas pudessem ver essa beleza toda. Não seria tão bacana se isso não fosse compartilhado”.
Para tanto, o casal investiu em um projeto com estruturas bioconstruídas utilizando diferentes técnicas autossustentáveis. Os pilares da pousada foram erguidos com madeira de uva-Japão e revestidos com a mistura de palha, areia e barro. “É uma madeira que não é nativa, é exótica. Então é permitida a retirada e o manejo. A gente corta na lua certa, no caso a minguante, para que não apareça cupim e ela possa rebrotar”, explica Marcelo. Nos acabamentos da obra foi reaproveitado óleo de cozinha e naftalina, que impedem o desmoronamento e são impermeabilizante.

Vista de uma das duas cabanas disponíveis no
local (Foto: Roberta Salinet/RBS TV)

Garrafas de vidro colorido auxiliam na iluminação e decoram o local, onde há apenas duas cabanas.  A ideia é justamente que o espaço seja quase exclusivo para cada leva de visitantes. Cercada pela floresta, a residência maior tem uma sala de estar integrada a uma cozinha com móveis simples. Da mesma forma, a casa menor é cercada de confortos. A temperatura se mantém agradável dentro dos cômodos por conta do teto feito de boldo, uma erva medicinal que serviu de cobertura.
Na pousada são servidos almoços, mas há também uma cozinha ao ar livre, para os que preferem fazer suas próprias refeições. O espaço foi construído no mesmo sistema das casas de João-de-Barro.  “É uma cozinha coletiva. Utilizamos materiais como barro, saibra e palha, com a mesma fórmula que o pássaro usa. Fica bem firme.”, garante Marcelo. A água das torneiras é potável e reaproveitada. “Não vai nada fora. Toda água passa por cisternas de tratamento, caixas de brita e carvão, depois por um lago de aguapés e, finalmente, chega às flores”.

Animais andam livremente pela propriedade, que
tem 15 hectares (Foto: Roberta Salinet/RBS TV)

O fogão de barro, quando aceso, esquenta a água do chuveiro. O impacto no meio ambiente é zero também no banheiro. O vaso sanitário tem um mecanismo de reaproveitamento e compostagem, no qual os dejetos caem em um tonel com serragem e passam por um processo de fermentação.
Após três meses, se transformam em húmus e podem ser usados como adubo nas plantações.  “Aqui as pessoas vão se reeducando de forma natural, porque mostramos a importância de cuidar do planeta”, avalia Marcelo. “E temos visitantes de todas as idades, crianças e idosos. Vem gente até de outros países para ver nosso trabalho”.

Cabanas têm teto de boldo, erva medicinal
(Foto: Roberta Salinet/RBS TV)

Dos 15 hectares de área, apenas um é ocupado pela pousada, os outros são totalmente preservados. Várias espécies de plantas estão espalhadas pelos arredores e os animais não se importam com a presença humana. “A ideia é observar o que o local tem para nos oferecer. Vemos que tem pedra, madeira e o que mais se possa manejar. Tudo o que a gente precisa está na natureza. Ela nos ensina como devemos construir”.
Como chegar: pela BR-290 (freeeway). Em Osório, ingressar na BR-101 e entrar na cidade de Maquiné. O Rio Pinheiro fica a cerca de 9 quilômetros do centro da município pela Linha Pinheiro. Há placas sinalizando a pousada. De ônibus, saindo da rodoviária de Porto Alegre, comprar passagem para Barra do Ouro e descer em Rio Pinheiro.
Cabanas
Gaulesa (casal) com mezanino
Grande (para 6 pessoas) com mezanino
Alimentação
Café da manhã, almoço e jantar, sob reserva.
O hóspede por preparar sua própria comida, se preferir.
A pousada recebe escolas, grupos de professores e oferece oficinas sobre bioconstrução, culinária italiana e teatro de bonecos.
Reservas
Pelos fones (51) 3333-4245 ou (51) 9699-7060