MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Sem saber nadar ou ter estudado, homem vira pescador e empresário


Aos 62 anos, Luiz Machado fala sobre a Praia do Forte, em Florianópolis.
No local fica Fortaleza de São José da Ponta Grossa, aberto à visitação.

Géssica Valentini Do G1 SC

Praia do Forte é habitada por pescadores e vistada por turistas (Foto: Géssica Valentini/G1)Praia do Forte é habitada por pescadores e vistada por turistas (Foto: Géssica Valentini/G1)
Luiz Salustiano Machado, de 62 anos, nasceu e cresceu na Praia de São José da Ponta Grossa. O nome causa estranheza e ele logo explica: "Há muitos anos passaram a chamar de Praia do Forte, por causa do Forte que tornou a praia conhecida. Hoje ela é passagem obrigatória de turistas que vêm à cidade", conta o pescador, que atualmente é empresário, dono do primeiro restaurante da praia.
Luiz mora na Praia do Forte, onde é dono de um restaurante (Foto: Géssica Valentini/G1)Luiz mora na Praia do Forte, onde é dono de um
restaurante (Foto: Géssica Valentini/G1)
O Forte citado por seu Luiz é a Fortaleza de São José da Ponta Grossa, construída para ser uma base de defesa da Ilha de Santa Catarina no período colonial. O local foi desativado na década de 1930 e atualmente pode ser visitado.
Segundo Luiz, muita coisa mudou e outras permanecem do mesmo jeito: a praia continua habitada sobretudo por pescadores, mas os turistas chegam do mundo todo. O caminho de acesso é estreito e íngreme, o que tampouco assusta, segundo o pescador. "Antes era um beco sem saída, onde só se chegava de canoa ou a pé. Agora está ótimo", justifica ele, que no local é mais conhecido como 'Lobo', nome de seu restaurante.
Calor levou turistas à praia no litoral catarinense (Foto: Géssica Valentini/G1)Praia fica no Norte da Ilha de Santa Catarina
(Foto: Géssica Valentini/G1)
Era de canoa ou a pé pé que ele e a família traziam os suprimeiros e materiais para sobreviver e construir as primeiras casas do local. Também ajudaram a construir as primeiras ruas da Praia de Jurerê Internacional, que fica ao lado da Praia do Forte. Teve 12 irmãos, mas só dois sobreviveram. "Foram nascendo e morrendo. Só sobrou eu e meu irmão", afirma ele, que é pescador, mas não sabe nadar, e é empresário, mas frequentou a escola por pouco mais de duas horas. "Entrei às 8h e sai às 10h30. Virei pescador, mas não precisa saber nadar. Vi muitos que sabiam nadar morrer no mar e eu estou aqui, vivo. No restaurante, aprendi muito, mas minha esposa, que morreu há 7 anos, era boa de contas e me ajudou muito", conta, rindo da própria história, na qual quase tudo foi sem planejamento.
O restaurante também foi por acaso. "Um casal de turistas argentinos queria comer peixe frito. Eu disse que minha esposa faria, mas tinham que ir até minha casa. Ele insistiu para que cozinhasse aqui, no rancho, onde guardávamos os barcos", conta ele, que atendeu o pedido, em 1975. Depois, a sugestão foi montar um restaurante para servir outros turistas que visitavam a praia, mas queriam comer ali mesmo. "Por que não?", relembra ele.
Quase quatro décadas depois, o restaurante é no mesmo local, mas o rancho de canoa deu lugar a uma construção. "Já cheguei a ser agredido por 18 homens da Prefeitura, que derrubaram o rancho porque não tinha autorização para funcionar. Graças a eles e  Deus eu construí outro, bem melhor", afirma ele, que teve 4 filhos: duas mulheres que trabalham com ele e dois homens que possuem o próprio negócio: um quiosque e uma peixaria.
É assim, com bom humor e disposição, que ele atende os clientes e, de vez em quando, ainda se arrisca no mar. "Continuo pescando, mas menos, hoje é só por prazer", conta, sem deixar de sorrir.
Como chegar
A Praia do Forte tem 400 metros de extensão e fica no Norte da Ilha de Santa Catarina. A distância do Centro da cidade é aproximadamente 25 km, percorridos pela SC-401. Já o acesso é por Jurerê Internacional.

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