MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 22 de março de 2013

Agricultores de GO criam sistema de irrigação que guarda água da chuva


Nas áreas irrigadas, o sistema permite que todo mundo seja beneficiado.
A água vem da chuva e cada produtor é responsável por fiscalizar o vizinho.

Do Globo Rural

Do tempo em que a roda d’água era usada nas fazendas até os modernos pivôs de irrigação de hoje em dia, muita coisa mudou. Lentamente, eles se movimentam no meio das lavouras, impulsionados pela energia elétrica e fazem as vezes da chuva.
Em Cristalina, no leste de Goiás, são mais de 600 pivôs. Eles irrigam  54  mil hectares de lavouras de cenoura, beterraba, soja e café. Esses produtos  garantem a Cristalina  o  maior PIB agrícola do Brasil, no valor de R$ 1,3 bilhão.
Toda a água vem da chuva que cai na região e fica armazenada em barragens construídas nos córregos e rios,  explica o superintendente de irrigação do estado de Goiás, Alécio Maróstica. “Nessa região, chove em torno de 1.500 a 1.600 milímetros por ano. Isso chove em um período de outubro a março. Grande parte dessa água ia para o mar. Daí, uma parte dessa água nós resolvemos armazenar. É isso que é feito aqui com as barragens”.
O modelo começou a ser implantado na década de 90, quando faltou água para muitos produtores, por causa da expansão da agricultura.
Só consegue autorização para a construção da barragem o produtor que instala um sistema que permite a passagem da água do rio ou do córrego, em qualquer época do ano. O equipamento fica na parte mais funda da represa.

A “passagem de fundo”, como é conhecido, o sistema é instalada para garantir uma vazão mínima  calculada no período mais seco do ano, no mês de agosto. O produtor tem de respeitar o limite,  caso contrário é autuado.
O agrônomo  Leonardo Nogueira, gerente de uma fazenda que tem dois mil hectares de lavouras irrigadas, diz que o sistema funciona bem, porque  sempre tem um vizinho de olho no outro. “Sou fiscal do meu vizinho e meu vizinho é meu fiscal. Eu não quero que falte água para mim e ele não quer que falte água para ele, então se eu fechar o registro, falta água para ele. Imediatamente ele faz a denúncia e eu sou autuado”.
Tudo é calculado de acordo com o volume de água das barragens. Algumas vezes é preciso reduzir a área irrigada para não levar multa.
Além de instalar os registros para permitir a passagem da água pelo fundo da barragem, o produtor também tem de preservar a mata ciliar  dos reservatórios. A construção só é autorizada depois da aprovação do projeto em todos os órgãos ambientais.
Quase 100% das lavouras de Cristalina são irrigadas com pivôs e o consumo de água é alto. Para economizar, já tem gente procurando outros sistemas, como o de gotejamento, que gasta cerca de 50% menos água.
Para a fruticultura, que está em fase de implantação, o sistema é o mais indicado. Além da maçã, outras frutas como atemoia, avocado e mexericas são testadas para diversificar a agricultura no município.
O técnico agrícola Edson Carlos da Silva é um dos parceiros do projeto e explica que o gotejamento é a melhor forma de garantir frutos de qualidade com o uso racional da água. “Por mais que a gente esteja em uma região muito rica de água, a gente procura trabalhar de uma forma muito racional com esse bem. Estudos mostram que é um bem finito”.

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