Antes de passar pelo procedimento, porém, os jovens terão de passar por uma análise da idade óssea e por uma avaliação criteriosa do risco-benefício
Marcela Mattos, de Brasília
Obesidade entre jovens está em crescimento no Brasil, mas cirurgia deve ser "último recurso", diz ministro
(Givaldo Barbosa/Agência O Globo)
A alteração deve-se ao aumento dos adolescentes com sobrepeso, que atualmente está em 21%. Para o ministro Padilha, a obesidade é o maior problema de saúde pública dentro das escolas. Ainda assim, ele ressalta que o procedimento cirúrgico deve ocorrer apenas em último caso. "Mais vale tratar do que ter de passar por internações, tratamento e o risco que uma cirurgia envolve", afirma.
Outras medidas - Também foi alterada a idade máxima para o procedimento. Antes com limite de 65 anos, a portaria determina que não há mais idade para se submeter à cirurgia. Passará a valer uma avaliação clínica e de risco-benefício. Outras medidas são o encaminhamento de pessoas com sobrepeso (índice de massa corpórea igual ou acima a 25) para um pólo da Academia de Saúde e para um núcleo específico, onde haverá orientações para uma alimentação saudável e balanceada.
Hoje o SUS oferece três tipos de cirurgias bariátricas: gastroplastia com derivação intestinal; gastrectomia com ou sem desvio duodenal e gastroplastia vertical em banda, que será substituída pela gastrectomia vertical em manga, uma técnica considerada mais eficaz. Além da cirurgia bariátrica, será oferecida uma cirurgia plástica reparadora para o abdome, barriga e costas, para retirar os excessos de pele, chamada dermolipectomia abdominal circunferencial pós-gastroplastia.
Gastos — O Sistema Único de Saúde (SUS) gasta, em média, 488 milhões de reais por ano com despesas associadas à obesidade. Os custos estão relacionados a internações, atendimentos de média a alta complexidade, incluindo as cirurgias bariátricas, e a doenças relacionadas ao excesso de peso, como isquemias do coração e diabetes. Os dados, fundamentados em uma pesquisa da Universidade de Brasília (UnB) realizada em parceria com o Ministério da Saúde, apontam ainda um aumento da obesidade no Brasil.
Dos quase meio bilhão de reais anuais, 116 milhões são aplicados no tratamento da obesidade mórbida. Nesse caso, os custos são 60 vezes maiores que o dos cuidados da obesidade. Atualmente, 0,8% da população brasileira apresenta obesidade grave, sendo a maioria mulheres. A pesquisa ainda mostra que o crescimento da obesidade mórbida avança quatro vezes mais rápido que o da obesidade.
Os dados revelam que 15,8% da população brasileira está obesa – em 2006, o número era de 11,4%. A preocupação do Ministério da Saúde está nas consequências decorrentes da obesidade. De acordo com o órgão, há 26 doenças que poderiam ter maior facilidade na prevenção e no tratamento caso não houvesse a obesidade — algumas delas de alto risco, como o acidente vascular cerebral, cânceres e leucemia.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, traçou o perfil da população obesa. Segundo ele, a obesidade é mais presente em pessoas que têm menos de oito anos de escolaridade e renda menor de três salários mínimos. "A doença está relacionada ao fato de haver menos espaço para orientação, atividade física ou hábitos alimentares saudáveis", afirmou.
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