Apesar de não viciar, chocolate traz a sensação de
bem-estar.
Nutricionista explica o que é verdade e o que é mito sobre o
alimento.
Thiago espera que desodorante de cholate
não
saia de linha. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
A paixão por chocolate, para algumas pessoas, não tem limite. Além de comer
todos os dias, os chocólatras investem em xampu, perfume e até mesmo
desodorante. Na época da Páscoa, os comerciais se multiplicam e vendem a iguaria
das mais diversas formas. A tentação cresce ainda mais.saia de linha. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Esse é o período em que o gestor comercial Thiago César Melo, de 27 anos, mais precisa se controlar. “Quando você vê aquela propaganda na televisão, dá mais vontade de comer”, conta ele, que está sempre de olho nas novidades. “Eu só usava o xampu de chocolate, mas aí saiu de linha, não deu mais. Uso só o desodorante, disseram que ia sair de linha, vou até comprar mais alguns para deixar guardados”, explica o gestor comercial.
Sempre que vai pegar ônibus para voltar da Avenida Conde da Boa Vista, no Centro do Recife, para sua casa, em Olinda, Thiago deixa dinheiro reservado para comprar chocolate. “Tem gente que diz que é fã, mas só quer de marca. Eu gosto de todos, desde aqueles ruins que grudam no céu da boca, até suíço”, conta. E quando não tem chocolate em casa nem em outro lugar perto para comer, como fica? “O dia em que eu não como, quando chego em casa, eu ataco a lata do achocolatado, como puro mesmo. Três, quatro colheres, até dar uma azia. Só para dizer que coloquei chocolate na boca”, admite o gestor comercial, que se considera um viciado.
Embora não tenha usado o xampu, o perfume favorito da estudante de administração Marília Moraes é o de cacau. “Eu gosto do cheiro”, simplifica ela, que ganhou até mesmo uma caneca do namorado com os dizeres ‘Eu amo chocolate’. “Ele vive me dando chocolate. Um dia, chegou com uma caneca dizendo que tinha se lembrado de mim. Quando eu vi o ‘eu amo’, achei que era ‘eu amo a minha namorada’, mas quando vi o que era, tive de concordar que é a minha cara”, brinca Marília.
Caneca 'eu amo chocolate' foi presente do
namorado.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Preocupada em não deixar o chocolate derreter na bolsa, Marília guarda uma
barra, nem que seja pequena, na gaveta do estágio. “Eu como ao menos um
pouquinho. Às vezes fico até com vergonha”, admite a estudante, que viajou para
o Uruguai e, na volta, gastou o resto do dinheiro que tinha para comprar uma
barra de chocolate.(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Apesar de algumas pessoas não conseguirem deixar de comer, a nutricionista e conselheira efetiva do Conselho Regional de Nutrição Maria Dolores da Fonte explica que o chocolate não exerce grande influência no comportamento humano ou vicia, mas que são descritas sensações de prazer. “Essa sensação é atribuída por alguns à presença de metilxantinas, que podem provocar sensações de bem estar. Outra ação relacionada ao bem-estar, é o aumento da produção de feniletilamina, uma substancia do grupo das endorfinas, que dá sensação de prazer e calma, associada à sensação de felicidade”, explica a nutricionista.
Marília e a mãe, Cláudia Moraes, são apaixonadas
por chocolate. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
A mãe de Marília, a representante comercial Cláudia Moraes, concorda que o
chocolate traz bem estar e ajuda até mesmo quando está "pra baixo". A paixão é
tanta, que chega a esconder no armário. "Eu adoro os bombons de licor. Para as
crianças não pedirem, eu guardava no armário. Depois, eu guardava para não dar a
eles mesmo", conta Cláudia.
Thiago tem sempre chocolate por perto.
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Outro mito relacionado à iguaria, explica Maria Dolores, é a questão da acne.
“É infundado, as glândulas sebáceas não respondem diretamente aos alimentos, e
sim aos hormônios produzidos pelo próprio organismo”, detalha a nutricionista. O
medo das espinhas fez com que Thiago, aos 13 anos, deixasse por um mês de comer
chocolate. “Foi difícil, mas eu coloquei na cabeça que não ia comer, porque eu
era muito cheio de espinhas. Até que eu fui ao médico e ele me disse que não
tinha relação”, lembra o gestor comercial.(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Apesar de algumas pessoas dizerem que se acalmam com chocolate, Thiago explica que se sente mais agitado – o que o ajuda a ficar acordado para trabalhar, por exemplo. “Eu quando trabalho, fico com uma caixa de chocolate ou uma barra do lado. É comendo e tomando refrigerante”, conta o gestor. “A textura e o sabor despertam os sentidos e provocam emoções”, explica Maria Dolores.
Há ainda quem diga que a iguaria tem propriedades afrodisíacas, o que nunca foi comprovado, explica a nutricionista. “O chocolate tem efeitos positivos sobre a saúde. O cacau em pó ou o chocolate amargo, por exemplo, são benéficos para o sistema circulatório, estimulantes cerebrais, mas é um alimento altamente energético, deve ser consumido com moderação, pois aumenta o risco de obesidade. O chocolate é um alimento de elevado teor calórico”, alerta Maria Dolores.
Além de adorar comer, Marília gosta de fazer doces
com
chocolate. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Sobrepeso nunca foi um problema para Marília, mas ainda assim ela toma
cuidado. “Durante a semana eu tento comer menos. Esse final de semana eu fui
fazer uma encomenda de brownie e fiz aqui para casa também”, conta Marília, que
aprendeu a fazer doces por adorar comer. “Quando tinha reunião de família, eu
com doze anos, todo mundo pedia para eu fazer brigadeiro”, lembra a
estudante.chocolate. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
Na hora de ir para cozinha, Thiago avisa que é melhor não chamá-lo para ajudar, principalmente na hora de enrolar brigadeiro. “Eu tinha uns 15 anos, fomos ajudar a enrolar brigadeiro na casa de um amigo. Me deram duas latinhas. Eu ia fazendo uma e comendo, fazendo outra e comendo mais duas. Sei que no final, acabaram as duas latas e eu tinha feito só uns dez brigadeiros. Saí de fininho e só voltei no dia da festa”, recorda Thiago.
Nutrientes
Rico em minerais como manganês, potássio, magnésio e algumas vitaminas como as vitaminas do complexo B, além de traços de ferro e cobre, o chocolate tem essencialmente gorduras vegetais, explica a nutricionista. “O tipo meio amargo é o melhor. É importante observar o percentual de cacau contido nas embalagens, para obter maiores benefícios, mas sempre consumir sempre com moderação”, reforça Maria Dolores.
Para crianças, é bom ter o acompanhamento do pediatra. “Para cada idade, existem alimentos que devem ser introduzidos com muito cuidado, dependendo de alergias e outros fatores. No caso das grávidas, depende da saúde e controle de peso de cada uma”, explica a nutricionista. E lembra: “Chocolate diet tem mais calorias e, mesmo os diabéticos devem consumir seguindo orientações médicas e nutricionais”.
E é preocupado com a saúde que Thiago assumiu uma regra básica na hora de comer chocolate. "Eu como uma, duas barras por dia, mas controlo sempre o açúcar. Evito comer outro doce, dou uma controlada. Lógico que quando estou mais ansioso ou entendiado é difícil. Quando estou na internet e está chato, fico comendo chocolate", admite o gestor comercial.
Quando está entendiado, Thiago acaba comendo
chocolate. (Foto: Katherine Coutinho / G1)
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