Pentágono avisa: país está pronto para responder a “qualquer contingência”
Imagem divulgada pelo governo da Coreia do Norte, juntamente com um comunicado, informa que os soldados estão preparados para o combate contra a Coreia do Sul e Estados Unidos (KCNA/Reuters)
O departamento de Defesa americano condenou nesta terça-feira a retórica “belicosa” da Coreia do Norte e disse que os Estados Unidos estão prontos para responder a qualquer eventualidade. “Nós estamos preocupados com qualquer ameaça levantada pelos norte-coreanos”, disse o porta-voz do Pentágono, George Little. “Eles precisam parar de ameaçar a paz na península, isso não ajuda ninguém. E nós permanecemos prontos para responder a qualquer contingência”.
Na mais recente de uma série de ameaças contra os Estados Unidos e contra a Coreia do Sul, o ditador Kim Jong-un ordenou que mísseis e peças de artilharia sejam colocados em “posição de combate” para atacar a qualquer momento alvos americanos. Bases no Havaí, na ilha americana de Guam, no Oceano Pacífico, e também na área continental dos EUA são os alvos, segundo Pyongyang. Segundo o comando militar norte-coreano, as unidades de artilharia serão colocadas em “alerta máximo”.
Na semana passada, o governo de Kim Jong-un já havia ameaçado atacar alvos dos EUA na Ásia em resposta ao voo de bombardeiros americanos B-52 na península coreana durante as manobras militares entre Washington e Seul. Horas antes da nova ameaça de Pyongyang, a imprensa oficial do regime comunista noticiou a realização de simulações de defesa no litoral leste do país, supervisionadas pessoalmente pelo jovem ditador.
Embora especialistas duvidem que a Coreia do Norte tenha capacidade para atingir a área continental dos Estados Unidos, as bases no Japão e na ilha americana de Guam estão dentro da área de alcance das armas convencionais de Pyongyang e são, portanto, um alvo realista. Diante do discurso norte-coreano, os EUA afirmaram recentemente que têm totais condições de proteger o seu território e o de seus aliados na Ásia.
As tensões aumentaram depois que Pyongyang anunciou a realização de um teste nuclear, em fevereiro deste ano, o terceiro da história norte-coreana. Depois do teste, a ONU ampliou as sanções contra o país, que passou a fazer ameaças a Washington e a Seul.
Réplica de mísseis norte-coreanos Scud-B Com a assistência técnica da China, a Coreia do Norte começa a trabalhar no desenvolvimento de mísseis balísticos de curto alcance, baseados na tecnologia do míssil soviético Scud, que, por sua vez, é derivado de um foguete alemão V2, usado na Segunda Guerra Mundial.
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Década de 1970
Réplica de mísseis norte-coreanos Scud-B Com a assistência técnica da China, a Coreia do Norte começa a trabalhar no desenvolvimento de mísseis balísticos de curto alcance, baseados na tecnologia do míssil soviético Scud, que, por sua vez, é derivado de um foguete alemão V2, usado na Segunda Guerra Mundial.
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Década de 1980
Mísseis Hwasong são apresentados durante desfile militar na Coreia do Norte A Coreia do Norte começa a trabalhar em sua própria versão do sistema de mísseis Scud-B, que seria chamada de Hwasong-5. O país realiza vários testes de protótipos com um alcance de aproximadamente 300 km. Na segunda metade da década, surge o míssil de longo alcance Hwasong-6 (500 km). Pyongyang passa a ter capacidade para atingir alvos na Coreia do Sul.
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Década de 90
Veículo militar carrega míssil Taepodong em desfile na Coreia do Norte Em 1993, o país realiza um teste com um míssil Nodong, uma versão melhorada do Scud com alcance de 1.300 km – distância que permite atingir o Japão e Taiwan. No teste, o míssil segue por 500 km antes de cair no Mar do Japão. Apesar dos problemas técnicos do projeto, o teste causa preocupação porque o míssil poderia potencialmente carregar uma ogiva nuclear.
No ano seguinte, a Coreia do Norte deixa de fazer parte da Agência Internacional de Energia Atômica e diz que a presença dos inspetores da agência no país não será mais permitida.
No final da década, Pyongyang anuncia a criação dos mísseis Taepodong 1 e 2, que têm alcance ainda maior. O Taepodong 2 alcança cerca de 6.700 km, o suficiente para atingir o Alaska. Em 31 de agosto de 1998, a Coreia do Norte dispara um Taepodong 1 contra o Japão, que cai no Oceano Pacífico. O governo afirmou que era uma tentativa de lançar um satélite no espaço.
Em setembro de 1999, a Coreia do Norte se compromete a suspender os testes com mísseis de longo alcance. Em resposta, o presidente americano Bill Clinton diminui as sanções econômicas contra o país. Um consórcio internacional liderado pelos Estados Unidos destina 4,6 bilhões de dólares para a construção de dois reatores nucleares na Coreia do Norte.
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Anos 2000
Insatisfeito com o progresso das instalações prometidas, o governo norte-coreano ameaça reiniciar seu programa de armas nucleares. O país diz que vai voltar a testar mísseis a menos que as relações com os Estados Unidos se normalizem. O Departamento de Estado americano informa, um mês depois da ameaça norte-coreana, que o país asiático está dando sequência ao desenvolvimento de seu míssil de longo alcance.
Em outubro de 2002, a Coreia do Norte admitiu a condução de um programa nuclear clandestino usando urânio enriquecido. Com isso, o país declara “anulado” o acordo assinado em 1994 com os Estados Unidos, segundo o qual o governo norte-coreano havia se comprometido a congelar todas as suas atividades de desenvolvimento de armas nucleares.
Em 2003, o país se retira do Tratado de Não Proliferação Nuclear, acordo assinado por vários países para evitar a disseminação de armas nucleares.
Em agosto de 2003, o Grupo dos Seis (Estados Unidos, China, Rússia, Japão, Coreia do Sul e Coreia do Norte) realiza em Pequim a primeira de uma série de rodadas de negociações sobre a crise nuclear norte-coreana.
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8 de julho de 2006
Sul-coreanos protestam contra teste nuclear da Coreia do Norte Em julho de 2006, a Coreia do Norte diz ter testado seis mísseis, incluindo um Taepo-dong 2 de longo alcance. Os Estados Unidos classificam o teste de “provocativo”. Três meses depois, no dia 8 de outubro, o país anuncia a realização de seu primeiro teste nuclear, tornando-se o oitavo país da história a ter armas nucleares. Em resposta, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou uma resolução impondo novas sanções econômicas ao país e pedindo o fim dos testes nucleares e com mísseis balísticos. A Coreia do Norte rejeita a resolução, mas concorda em retomar as negociações sobre o desarmamento.
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2007 e 2008
Reunião do Grupo dos Seis Em um acordo assinado em setembro de 2007 com o Grupo dos Seis, a Coreia do Norte concorda em começar a desativar suas instalações nucleares. Na sequência, o país afirma que considera retomar o programa, uma vez que os Estados Unidos não removeram a Coreia do Norte da lista de países que promovem o terrorismo. Em outubro de 2008, o governo de George W. Bush tira a Coreia do Norte da lista do terror, depois de o país ter concordado em dar acesso a inspetores.
Em dezembro do mesmo ano, no final do governo Bush, representantes do grupo dos seis voltam a se reunir, mas falham na tentativa de chegar a um acordo sobre a inspeção das instalações nucleares da Coreia do Norte. Em seguida, o país afirma que não haverá mais negociação e declara que vai aumentar seus esforços nucleares, incluindo o enriquecimento de urânio.
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25 de maio de 2009
Militares norte-coreanos comemoram o segundo teste nuclear da história do país Quando Barack Obama já estava no poder, a Coreia do Norte desafiou Estados Unidos, China e uma série de resoluções das Nações Unidas ao lançar um foguete em abril, com o objetivo declarado de colocar um satélite no espaço. Para o governo americano, no entanto, o lançamento foi uma tentativa de demonstrar capacidade de atirar uma ogiva nuclear com um míssil de longo alcance.
No dia 25 de maio, a agência oficial de notícias norte-coreana anuncia que o país conduziu com sucesso seu segundo teste nuclear, “em um nível mais alto em termos de poder explosivo”. A equipe do presidente Barack Obama congela as relações com o país asiático. No dia seguinte, novos testes com mísseis são realizados e o país se diz “pronto para a batalha” contra os Estados Unidos.
Nas semanas seguintes ao teste nuclear, o Conselho de Segurança da ONU aprova um pacote de sanções contra a Coreia do Norte que prevê, entre outras coisas, a inspeção de embarcações e aeronaves suspeitas de terem carregamento de material militar destinado ao país.
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Dezembro de 2011
Novo chefe norte-coreano King Jong-un durante parada militar em Pyongyang No dia 19 de dezembro, a agência KCNA informa a morte do ditador Kim Jong-il, em decorrência de um ataque cardíaco. Seu filho Kim Jong-un torna-se seu sucessor e é declarado “líder supremo” do país, depois de duas semanas de luto nacional.
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2012
Foguetes são exibidos pela Coreia do Norte durante desfile militar Em abril de 2012, desafiando alertas da comunidade internacional, a Coreia do Norte lançou um foguete de longo alcance, mas o lançamento falhou e o foguete se partiu minutos depois e caiu no mar. Em uma pouco usual admissão de falha, a imprensa estatal anunciou que o foguete não havia conseguido colocar em órbita um satélite.
Em dezembro do ano passado, Pyongyang anunciou que tinha planos de lançar outro foguete para tentar colocar um satélite em órbita. O lançamento foi confirmado apenas dois dias depois de o regime comunista ter divulgado que o prazo seria prorrogado, devido a questões técnicas. Em meio a críticas de diversos países, Pyongyang declara a missão um sucesso.
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2013
Desafiando pressões internacionais, Coreia do Norte lança foguete de longo alcance Em janeiro deste ano, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma resolução apresentada pelos Estados Unidos, condenando o lançamento do foguete e ampliando as sanções contra o país. Em resposta, a Coreia do Norte divulgou um comunicado afirmando que realizaria um novo teste nuclear e novos lançamentos de foguetes de longo alcance, como parte de uma nova fase de confrontação com o governo americano.
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12 de fevereiro de 2013
Em Seul, ativista queima foto de Kim Jong-un durante protesto contra teste nuclear realizado pela Coreia do Norte A Coreia do Norte cumpre a ameaça e realiza seu terceiro teste nuclear. Os Estados Unidos condenam a ação e ressaltam que permanecerão “vigilantes” diante das “provocações” norte-coreanas e “firmes no compromisso de defesa de nossos aliados na região”.
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