MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 27 de março de 2013

Ex-professor vende imóvel para abrir franquia de chocolate; veja dicas


Páscoa é responsável por 30% do faturamento de franqueadoras do setor.
G1 ouviu dicas de especialistas e das principais redes do país, confira.

Gabriela Gasparin Do G1, em São Paulo

Marcelo Sousa, de 34 anos, vendeu o apartamento que vivia com a família para investir no sonho de ter uma loja de chocolates (Foto: Raul Zito/G1)Marcelo Sousa vendeu o apartamento e investiu no sonho de ter uma loja de chocolates (Foto: Raul Zito/G1)
Cansado da antiga rotina de trabalho, o ex-professor de educação física Marcelo Sousa, de 37 anos, vendeu, no final do ano passado, o apartamento onde morava com a família para investir em um sonho: ter o negócio próprio. A escolha foi abrir uma franquia de uma loja de chocolates na cidade onde mora, Osasco, na Grande São Paulo. Inaugurado há cerca de um mês, o comércio já teve a meta de vendas superada em cerca de 40%. O empreendedor, que por enquanto está morando com a esposa e os dois filhos na casa dos pais, espera ter o retorno do investimento em um ano e meio e já pensa até em abrir outras unidades no futuro.
Dicas para abrir uma franquia de chocolates
Afinidade com o setor
O interessado não precisa ser um ‘entendedor’ de chocolates, porque as franquias dão cursos e treinamentos. Mas é preciso gostar e ter afinidade com a área. É recomendado pesquisar sobre o produto
Opções de franquia
Cada franquia tem uma forma de trabalhar, algumas dão mais liberdade ao franqueado. As maiores costumam ser mais rigorosas com os processos. A maioria exige que o franqueado esteja diariamente na unidade. Cada uma tem um investimento inicial estimado e cobra royalties (porcentagem sobre o faturamento a ser paga), taxas de abertura e de marketing
Contatos
Faça contatos com mais de uma franqueadora, converse com franqueados e observe lojas em funcionamento antes de tomar a decisão
Investimento
Algumas franqueadoras exigem que o franqueado tenha todo o investimento inicial (considerando o capital de giro). Outras permitem financiamento. Faça um plano para atingir o valor necessário. É preciso, ainda, pagar taxas de abertura e 'luvas' (quantia para fazer o contrato de locação) do ponto comercial
Gestão do negócio
As franqueadoras dão suporte para a gestão do negócio, mas ter conhecimento sobre como administrar uma empresa é essencial para qualquer empreendedor. Procure cursos e apoio, como os do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae)
Escolha do ponto
A decisão sobre o local da unidade geralmente é tomada em conjunto entre franqueador e franqueado. Fatores como público, concorrência e lojas próximas, movimento ao redor e acesso ao local devem ser considerados. Além de shoopings e lojas de rua, algumas franquias atuam em hipermercados
Quiosques
Muitas franquias do setor trabalham com a possibilidade de abrir um quiosque em shoppings e galerias. O investimento geralmente é menor
Sazonalidade
A Páscoa é a melhor época para o setor, com 30% do faturamento das principais redes. Mas a venda também é forte no Natal e em datas  comemorativas. Isso exige planejamento do franqueado, que terá de trabalhar mais nesses períodos
"Eu trabalhei como professor de educação física até o final do ano passado. Abandonei toda a minha profissão, trabalhava na prefeitura e na rede particular. (...). Como eu não tinha capital, o único bem que eu tinha era meu imóvel", diz. "Eu trabalhava 10, 12 horas por dia dando aula ou em eventos. Agora eu trabalho essas mesmas 12 horas, só que no meu próprio negócio", relata.
A Páscoa é a principal data para o setor e corresponde a 30% do faturamento das principais franquias de chocolate no país (atrás do Natal, com 20%) – Sousa, por exemplo, diz que "correu" para inaugurar a loja antes da data. Com o intuito de ajudar os interessados em ter uma franquia de chocolates – já pensando na Páscoa do ano que vem –, o G1 ouviu dicas de especialistas e das principais redes no país. Entre as recomendações está ter afinidade com o ramo, estar disposto a aprender e a trabalhar bastante perto de datas comemorativas e, na maioria dos casos, ter todo o capital necessário para o investimento inicial - que pode ultrapassar R$ 350 mil (veja quadro ao final da reportagem).
Sousa optou por vender o imóvel porque, entre as grandes redes do setor (como Cacau Show, Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau), o financiamento do investimento inicial com o banco não é aceito. Algumas, contudo, como a Xôk’s, do Sul do país, aceitam que o franqueado financie parte do valor (no caso, em torno de 40%).

O consultor André Friedheim, sócio-diretor da consultoria Francap, salienta que, caso o empreendedor não tenha todo o valor inicial necessário, ele pode considerar, além do financiamento, a possibilidade de procurar um sócio. Ele recomenda, ainda, que o investidor seja "prudente" e tenha o dobro do investimento inicial estimado, para eventuais imprevistos. "Uma pessoa que está procurando uma franquia deve ter, no mínimo, o dobro do capital a ser investido. Há variáveis não controláveis (...). Se o investimento inicial é de R$ 150 mil, tem que ter outros R$ 150 mil".
Sobre vender o imóvel para conseguir o capital para investimento, Friedheim orienta tomar cuidado. “Acho que é um pouco arriscado demais desfazer de todos os bens para comprar uma franquia (...), mas o sonho às vezes é grande e às vezes as pessoas têm de encarar de frente [diante das possibilidade que tem]. Pode ser que dê muito certo, mas o mais prudente é ter uma reserva de capital”.

Perfil
Com o valor necessário para abrir a loja em mãos, o empreendedor precisa descobrir qual franquia se adequa ao seu perfil. “O mais importante é o interessado pesquisar”, avalia Rafael Ferrer, supervisor de expansão da Cacau Show, a maior rede do país em número de franquias, com 1,2 mil unidades ao final de 2012, de acordo com a Associação Brasileira de Franchising (ABF) – o número atualizado estava em 1.349 mil em meados de março, diz a rede.

Ferrer explica que algumas franquias, em geral as maiores, são mais rigorosas com relação aos processos a serem seguidos pelo franqueado. Outras deixam o empreendedor mais à vontade. “É importante fazer contato com várias franqueadoras, participar de conversas, pesquisar diversos aspectos, o que a franqueadora espera do trabalho do franqueado”, sugere.

Ente os principais requisitos das maiores redes está ter disponibilidade para trabalhar no negócio diariamente. Também é preciso estar disposto a aprender e ter interesse pela área. “Ele tem que ter paixão pelo negócio, não pode ser um simples investidor, tratar o negócio como uma simples fonte de renda. Dentro do que a gente coloca como premissas, está a dedicação total ao negócio”, diz Ferrer.
Carlos Altnetter, diretor de operações com o mercado da Xôk's, sugere comparar a qualidade e o mix dos produtos, a sazonalidade dos produtos, o tipo de treinamento e apoio do franqueador. Cada franquia tem, ainda, um valor de investimento inicial estimado, além de taxas de abertura, royalties (porcentagem sobre o faturamento a ser paga) e taxas de marketing.
O empreendedor Sousa, por exemplo, afirma que a decisão de deixar a carreira de professor e embarcar em um negócio próprio surgiu em setembro do no passado, em uma conversar com a esposa. “Sentamos no dia 2 setembro e começamos a pensar na franquia. Tivemos a ideia. No dia 12 de dezembro eu estava apto [a abrir a loja]. Demorei um mês para colocar a loja em funcionamento”, explica. Ele diz que teve sorte, conseguiu vender o apartamento em três dias. A escolha de abrir uma franquia de chocolates veio justamente pelo fato de todo mundo gostar do doce. “Chocolate todo mundo gosta, não tem uma pessoa que não”, opina.
Gestão de negócio
Apesar de nunca ter feito curso de administração ou tido um negócio próprio antes, Sousa diz que recebeu o apoio necessário da franqueadora. Ele agora pretende fazer cursos e se especializar cada vez mais. “Nunca tive empresa. No treinamento, você recebe toda a orientação, aprende. Eu acho que isso dá uma segurança, a gente tem o plano (...), uma base para a loja de sucesso, a franquia é isso”, explica.
Marcelo superou de 30% a 40% a meta de vendas para o primeiro mês (Foto: Raul Zito/G1)Marcelo superou de 30% a 40% a meta de vendas
para o primeiro mês (Foto: Raul Zito/G1)
Renata Moraes, vice-presidente do Grupo CRM, das marcas Kopenhagen e Chocolates Brasil Cacau, explica que é recomentado que o interessado tenha conhecimentos em gestão de negócio – apesar de não ser um requisito eliminatório. Dessa forma, para os inexperientes são indicados cursos na área, como os do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

“[Fazer cursos] favorece, ele ganha pontos por isso, mas não é descredenciado (...). Não é obrigatório ter experiência em comércio, em varejo. Qualquer candidato tem que fazer entrevistas e será avaliado não só se ele tem experiência, mas se tem tino comercial, se é comunicativo, se está engajado no projeto”, revela. “Tenho diversos franqueados que eram dentistas, médicos, mas eles têm afinidade [com a área]. Para vender, seja o que for, tem que gostar do que faz e vende."
Além de treinamentos, as redes garantem suporte direto na administração do negócio. “Não precisa ter necessariamente experiência (em gestão), a franqueadora já oferece todo o know how, tem que ter desenvoltura e querer fazer”, avalia Ferrer.
Espaço no mercado
A Kopenhagen e a Chocolates Brasil Cacau são a segunda e a terceira maiores franquias do país no setor, com, respectivamente, 302 e 180 lojas até o final de 2012, de acordo com a ABF. Renata diz que a meta era de abrir quase 180 lojas da Brasil Cacau em 2013, mas, de janeiro até meados de março, já tinham sido inauguradas 130.
Franquias orientam na escolha do ponto, essencial para o sucesso do negócio (Foto: Raul Zito/G1)Franquias orientam na escolha do ponto, essencial
para o sucesso do negócio (Foto: Raul Zito/G1)
O Grupo CRM avalia que cabem cerca de 3 mil lojas no mercado como um todo no país e, por isso, Renata avalia que há espaço para crescer. “A gente acredita que existem oportunidades no mercado para todos (...) e vai trabalhar para fechar esse ano com 750 operações (somando Kopenhagen e a Chocolates Brasil Cacau).”
Renata explica que há pouco espaço para os interessados em abrir uma nova franquia da Kopenhagen no país. O grupo considera que a rede é uma marca única, sem concorrência direta, e abre novas unidades apenas em pontos estratégicos. “O maior ativo que a gente tem (no caso da Kopenhagen) é a categoria que a gente construiu. Estamos com 308 lojas implantadas e não entramos em centros que não têm o perfil”, explica. “As lojas são abertas ou quando novos empreendimentos (shoppings) são abertos ou em cidades que a gente não estava e o PIB cresceu. Praticamente, as possibilidades são absorvidas pelos próprios franqueados.”
Quando tivemos a ideia, fomos investigar na internet, visitar, fazer palestras (...). Tem que investigar, porque é o seu dinheiro que você está aplicando"
Marcelo Sousa, empreendedor
Renata explica que a Chocolates Brasil Cacau entrou no mercado justamente para buscar a expansão que não é possível com a marca “premium”. Lançada em janeiro de 2009 pelo Grupo CRM, a rede surgiu para aproveitar a expansão da classe média no país.
De acordo com ela, uma das vantagens da nova marca é a possibilidade de entrar em pontos estratégicos (como centros das cidades ou shoppings de grande circulação), pois a marca ainda está se consolidando no mercado. Ela revela que são recebidos 1,2 mil contatos por dia de interessados.

Frio
Apesar das vendas de chocolates serem maiores nos dias frios, as redes salientam que datas comemorativas, como Dia das Mães e dos Namorados, permitem picos de vendas durante o ano todo. No caso da Xôk's, por exemplo, a franquia diz que tem um equilíbrio, ainda, por causa das operações de gelateria e cafeteria. "É preciso lembrar que a Xôk's vende os chocolates como presentes e tem embalagens que possuem apelo voltados para as datas comemorativas", salienta Altnetter.

Ponto comercial
A escolha do ponto comercial é tida para as marcas como um dos principais fatores – se não o principal – para o sucesso de uma franquia. Renata, do Grupo CRM, avalia que 70% do sucesso do negócio vem do ponto, sendo os outros fatores responsáveis por 30%. “A gente avalia como bom um ponto onde passam aproximadamente 30 pessoas por minuto, de 25 a 30 pessoas”, afirma.
Para o franqueado Marcelo, pelo menos 50% do sucesso vem do ponto (Foto: Raul Zito/G1)Para o franqueado Marcelo, pelo menos 50% do sucesso vem do ponto (Foto: Raul Zito/G1)
No caso da Chocolates Brasil Cacau, o ponto é tão importante que há duas filas de interessados: a dos que já têm ponto e a daqueles que não têm. “Quem tem, o processo é mais rápido, a gente não espera até amanhã. Já monta o material, já pauta no comitê, nas comunicações”, explica.
As redes, contudo, instruem os interessados que ainda não possuem um ponto e avaliam se o ponto que eles sugerem é viável. “Ou nós apresentamos um ponto, ou ele traz a sugestão do ponto para a gente. Mas já temos um ponto praticamente aprovado”, afirma Ferrer, da Cacau Show. “A gente tem uma proporção maior de lojas na rua, mas também muita loja em galeria, em hipermercados”, diz. Os hipermercados, segundo o supervisor, são bons pontos, que “pegam” o consumidor que vai fazer as compras para casa a aproveita comprando um chocolate para dar de presente.
No caso da Xôk's, há operações adicionais de gelateria e cafeteria (Foto: Divulgação)No caso da Xôk's, há operações adicionais de
gelateria e cafeteria (Foto:Tais Ramos/Divulgação)
'Luvas'
Renata alerta, ainda, que o interessado precisa ficar atento às “luvas” (quantia paga ao dono do imóvel para fazer o contrato de locação) na hora de escolher um ponto, um valor que às vezes não é levado em conta pelo franqueado na hora de investir no negócio. “A grande dificuldade hoje é o valor das luvas. Ele vai investir R$ 150 mil para montar uma loja, mas tem o valor do ponto (a luva). Esse valor varia de R$ 100 mil a R$ 2 milhões."
Para o franqueado Marcelo, pelo menos 50% do sucesso vem do ponto. Ele escolheu uma loja que fica em frente a um ponto de ônibus, além de estar perto de bancos, de uma escola de inglês e de um salão de cabeleireiro.
Como arriscou a única moradia que tinha para abrir o negócio, Marcelo alerta sobre a importância de pesquisar bastante antes de tomar a decisão. “A dica é procurar uma franquia que tenha know how legal, investigar a empresa, não se aventurar (...). Quando nós tivemos a ideia, fomos dar uma investigada na internet, visitar, fazer palestra, visitamos franqueados para dar uma papeada. Tem que investigar, porque é o seu dinheiro que você está aplicando”, sugere.
Principais franquias do setor de chocoaltes (por número de unidades da rede em 2012)
Rede*
Unidades
Investimento
Faturamento médio mensal
Retorno estimado
Cacau Show
1207
Capital para instalação:
de R$ 16 mil a R$ 90 mil
Taxa de franquia:
de R$ 12,5 mil a R$ 25 mil
Capital de giro:
variável
R$ 60 mil
18 meses a 24 meses
Kopenhagen
302
Capital inicial**:
a partir de R$ 350 mil
Taxa de franquia:
a partir de R$ 30 mil
Capital de giro:
R$ 40 mil (quiosque) e R$ 80 mil (loja)
R$ 80 mil
36 meses
Chocolates Brasil Cacau
180
Capital inicial**:
a partir de R$ 60 mil (quiosques) e de R$ 150 mil (loja)
Taxa de franquia:
R$ 7,5 mil (bombonière) e R$ 10 mil (bombonière e café)
Capital de giro:
R$ 30 mil (quiosque) e R$ 50 mil (loja)
R$ 50 mil
24 meses
Xôk's Chocolates
14
Capital para instalação:
de R$ 80 mil a R$ 190 mil
Taxa de franquia:
de R$ 20 mil a R$ 30 mil
Capital de giro:
de R$ 10 mil a R$ 15 mil
R$ 40 mil
24 meses a 36 meses
Le Chocolatier
12
Capital para instalação:
de R$ 150 mil a R$ 200 mil
Taxa de franquia:
R$ 15 mil
Capital de giro:
a partir de R$ 15 mil
não informado (variável)
24 a 36 meses
Mundo di Chocolate
12
não informado
não informado
não informado
Qoy Chocolate
9
Capital para instalação:
R$ 130 mil
Taxa de franquia:
R$ 30 mil
Capital de giro:
R$ 40 mil
R$ 40 mil
24 a 36 meses
Bombuello

5
Capital para instalação:
de R$ 75 mil a R$ 100 mil
Taxa de franquia:
R$ 20 mil
Capiral de giro:
R$ 30 mil
R$ 35 mil
36 meses
Chocolate Lugano***
3
Capital para instalação:
a partir de R$ 75 mil (sem cafeteria) e de R$ 80 mil (com cafeteria)
Taxa de franquia:
a partir de R$ 25 mil (sem cafeteria) e de R$ 35 mil (com cafeteria)
Capiral de giro:
a partir de R$ 20 mil
R$ 35 mil
18 a 24 meses
*redes associadas à Associação Brasileira de Franchising (ABF)
**
envolve itens como autorização de uso da marca, treinamentos, instalações e estoque, entre outros
***no momento, somente aceita solicitações de franquias para as regiões Sul e Sudeste e no Distrito Federal
Fonte: Associação Brasileira de Franchising (ABF) e franqueadoras

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