MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 16 de março de 2013

Hospital de São Paulo realiza transplante de rim incompatível


DÉBORA MISMETTI
EDITORA INTERINA DE "CIÊNCIA+SAÚDE"  FOLHA DE SÃO PAULO
Médicos do Hospital Samaritano, em São Paulo, realizaram um transplante de rim entre mãe e filha cujos tipos sanguíneos eram incompatíveis para a cirurgia.
A estudante Flávia Grillo, 29, de Volta Redonda (RJ), recebeu um rim da mãe, Nícia Maria Campos Grillo, 63, no fim de outubro de 2012. A operação só foi divulgada agora.
Segundo a nefrologista Maria Cristina Ribeiro de Castro, do Centro de Transplante Renal do Hospital Samaritano, esse é o primeiro transplante do tipo realizado no Brasil.

Arquivo Pessoal
Estudante Flávia Grillo, 29, que recebeu um rim incompatível de sua mãe
Estudante Flávia Grillo, 29, que recebeu um rim incompatível de sua mãe
A médica explica que, para achar um doador de rim, é preciso verificar a compatibilidade dos tipos sanguíneos e do sistema HLA, espécie de identidade das nossas células. O HLA é hereditário, então sempre há uma compatibilidade de 50% com os pais, o que já é suficiente para um transplante de rim.
"O problema é que parentes podem ser compatíveis por HLA mas ter tipos sanguíneos diferentes", diz Castro.
Flávia Grillo tinha sangue tipo O e sua mãe, tipo A. Pelo sistema ABO, uma pessoa com sangue O só poderia receber transplante de outra com o mesmo tipo sanguíneo.
"Tradicionalmente não se faz esse transplante e a pessoa acaba tendo de ir para a fila esperar um doador falecido", diz a médica.
Estima-se em 30% a parcela de doadores que são rejeitados por incompatibilidade sanguínea.
Para contornar esse problema e realizar a operação em Flávia, que fazia hemodiálise havia cinco anos, desde sofrer uma falência renal causada por lúpus, uma doença autoimune, foi usado um procedimento especial.
A paciente foi internada 15 dias antes da operação e submetida a sessões de plasmaférese, um procedimento que "limpa" o plasma sanguíneo, retirando os anticorpos anti-A de circulação. Foram nove sessões antes da cirurgia e três depois.
"Passava mal, sentia frio, o braço inchou, mas dava para aguentar. Não pensei em desistir, nem passou pela minha cabeça", diz Flávia.
Sem isso, afirma a médica responsável pelo transplante, o rim incompatível seria perdido em uma semana.
"Quando os anticorpos estavam em um nível seguro, fizemos o transplante e os mantivemos num nível baixo até agora. Isso permite que ela tenha um órgão funcionando e a tirou da lista de transplantes", afirma Castro.
A estudante continua tomando remédios imunossupressores como qualquer paciente após transplante. Ela recebeu alta 20 dias depois da cirurgia. "Já voltei a fazer as aulas de inglês e vou começar a faculdade de turismo no Rio", conta Flávia.
A operação foi feita por meio de uma parceria entre o hospital e o Ministério da Saúde. Segundo a nefrologista, outros 29 procedimentos serão realizados nos próximos dois anos para avaliar a eficácia da técnica.
"Imaginamos que, se isso se consolidar, vamos aumentar a chance de doação entre familiares e reduzir a fila."
Para o presidente da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos), José Medina Pestana, esse tipo de procedimento é trabalhoso e caro e não deve se tornar rotina. Por causa da filtragem dos anticorpos, o paciente tem maior risco de infecções.
"O melhor para aumentar o número de transplantes de rim é melhorar a captação de órgãos no país", diz Medina.

Editoria de Arte/Folhapress

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