MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 20 de março de 2013

Protesto contra pastor Feliciano reúne movimentos sociais em Goiânia


Ele foi nomeado presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
Deputado fez declarações polêmicas em redes sociais sobre africanos e gays.

Adriano Zago Do G1 GO

Protesto contra o deputado e pastor Marco Feliciano (PSC), em Goiânia, Goiás (Foto: Adriano Zago/G1)Estudante carrega cartaz durante manifestação
(Foto: Adriano Zago/G1)
Manifestantes promoveram na manhã desta quarta-feira (20), em Goiânia, um protesto contra a nomeação do pastor e deputado federal Marco Feliciano à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias (CDHM). Cerca de 400 pessoas se encontraram em frente à Assembleia Legislativa, no Setor Oeste, e saíram em caminhada até a sede do Partido Socialista Cristão (PSC), ao qual o pastor é filiado, localizado no Setor Sul. Lá, eles tentaram falar com algum representante do partido, mas ninguém apareceu.
Antes da caminhada, os manifestantes entraram no saguão da assembleia e gritaram: "Fora Feliciano". Frases em cartazes e discursos demonstraram a insatisfação dos manifestantes sobre a nomeação de Marco Feliciano para a CDHM. “Estou militando por direitos iguais e respeito. Nossa comunidade precisa protestar pedindo dignidade. Agora é hora de pedir um ‘Fora Feliciano’. Uma pessoa preconceituosa assim não nos representa”, disse o presidente do Grupo Eles por Eles, Odílio Torres.
Um estudante da Universidade Estadual de Goiás (UEG) carregava um cartaz repudiando a nomeação do pastor. “Sua ignorância e seu preconceito não me representam”, dizia a frase. Ao lado dele, o militante do Movimento das Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis (LGBT), Rafael Nogueira, também protestava. “Enquanto existirem pessoas como o Feliciano no poder não podemos dizer que vivemos em um país igualitário”, disse ao G1.
Além de representantes de grupos feministas, estudantes, líderes de movimentos sociais e grupos de religiões africanas, a manifestação contou com participação de diversos de entidades ligadas à Comissão de Direitos Humanos, inclusive do deputado Mauro Rubem (PT), que representa a entidade na Assembleia Legislativa. “Fico muito preocupado com um individuo como o Feliciano ousar entrar no Comitê de Direitos Humanos. Precisamos lutar pela democracia e nos juntar para defendermos nossos direitos e nossas diferenças”, ressalta.
Ao G1, a assessoria de imprensa do pastor Marco Feliciano disse que o deputado entende a manifestação como um direito democrático e legítimo do povo, "desde que haja ordem". O parlamentar condena protestos como os que ocorreram em Franca e em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, onde, segundo a assessoria, houve pichações e depredação de igrejas evangélicas.
Protesto contra o deputado e pastor Marco Feliciano (PSC), em Goiânia, Goiás (Foto: Adriano Zago/G1)Manifestantes entram no saguão da Assembleia Legislativa (Foto: Adriano Zago/G1)
Revolta
Enquanto a caminhada não começava, os organizadores deram oportunidade para que os manifestantes pudessem falar porque estavam participando do protesto. O DJ Renato Borges se disse indignado com a nomeação do pastor e deputado federal Marco Feliciano (PSC) à presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias. “Muitas pessoas me perguntaram se estava na manifestação porque tinha ‘saído do armário’. Porém, respondi que sou heterossexual. Estou aqui porque luto pela democracia e não sou racista, homofóbico ou estelionatário. Sou contra qualquer tipo de preconceito e aprendi desde criança respeitar as diferenças e conviver com elas”, desabafou.
Vestida com trajes africanos, a presidente do Conselho Estadual da Mulher (CONEM) e professora da Universidade Estadual de Goiás (UEG), Ângela Esteu Café, argumentou: “Enquanto estiver representando uma entidade religiosa e sendo professora, não posso concordar com a postura de um representante que defende seus direitos pessoais. Tudo que fere a democracia e a violação dos direitos humanos deve ser repudiada. Escolher esse cidadão para representar a comissão é um absurdo”.
Protesto contra o deputado e pastor Marco Feliciano (PSC), em Goiânia, Goiás (Foto: Adriano Zago/G1)Por causa do protesto, trânsito ficou lento na Avenida 83, no Setor Sul (Foto: Adriano Zago/G1)
A estudante de Artes Visuais da UEG Taína Bruno Roberto Braga disse que a mobilização da comunidade goianiense “representa a liberdade das diferenças". E emendou: "As pessoas devem respeitar a escolha de cada um. Uma pessoa como o pastor Feliciano não nos representa”.
Um dos organizadores do protesto na capital, Adriano Ferreto afirmou ao G1 que a manifestação representa a voz da população que luta pela democracia. “Esse movimento representa mais do que um grito de indignação. A Comissão de Direitos Humanos e Minorias não pode ser representada por alguém que seja homofóbico e racista. E, vamos manifestar até que outra postura seja tomada”, afirma Adriano Ferreto, que é representante do Grupo Diversidade.
Polêmica
O pastor Marco Feliciano é acusado de racismo e homofobia. Em 2011, publicou em seu Twitter declarações sobre africanos e homossexuais. "Sobre o continente africano repousa a maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, Aids, fome... etc", escreveu. Porém, anteriormente ele havia publicado outra frase nas redes sociais: "A podridão dos sentimentos dos homoafetivos leva ao ódio, ao crime e à rejeição".

Marco Feliciano é alvo de dois processos no Supremo Tribunal Federal (STF), uma ação penal por estelionato e um inquérito no qual foi acusado de homofobia. O novo presidente da Comissão de Direitos Humanos tem sido alvo de protestos em todo o país.
Protesto contra o deputado e pastor Marco Feliciano (PSC), em Goiânia, Goiás (Foto: Adriano Zago/G1)Cartazes são colados no portão da sede do PSC, em Goiânia  (Foto: Adriano Zago/G1)

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