Estiagem atinge mais da metade das cidades e compromete agricultura.
Barragem de Mirorós está com pouco mais de 6% da capacidade.
Na beira da estrada, as plantações perdidas são a herança de uma seca que já dura quase dois anos. Em Irecê, a barragem de Mirorós, que fornece água para cerca de 300 mil pessoas, está com pouco mais de 6% da capacidade, cerca de 10 milhões de metros cúbicos. A capacidade máxima é 150 milhões de metros cúbidos.
"A expectativa era que no mês de novembro, dezembro, janeiro, que são os períodos de chuva, chovesse, o que aconteceu de forma insignificante e não foi possível fazer com que a barragem recuperasse níveis que pudessem dotar os agricultores, os ribeirinhos, da água suficiente para produzir com qualidade e quantidade", explicou Sérgio Coelho, engenheiro da Companhia do Desenvolvimento do Vale do São Francisco.
O produtor João da Silva mistura a palha do milho com a palma ao capim e consegue sustentar 23 cabeças de gado leiteiro. "Vale ouro isso, sem isso aqui não tem produção de leite", relatou. Ele continua tendo leite para vender, mas paga caro pela ração. O irmão, que cria cabras, usa só a palma que plantou, mas sabe que ela só vai durar até o fim do ano. "Para 2014 eu não sei te responder nada. Estou muito preocupado", contou.
Em Cafarnaum, uma das cidades mais atingidas pela seca, os pés de feijão morrem pequenos. Sem água, só quem ainda sobrevive é a mamona. Desta planta se extrai o óleo que produz biodiesel, próteses médicas, lubrificantes de motor para aviões e navios, além de mais de mil subprodutos como o batom.
A Bahia é o estado que mais produz mamona no Brasil. A região de Irecê é responsável por 80% da produção. Lá, o solo tem tanta qualidade que a mamona, planta considerada forte, consegue crescer e esperar a chuva, sob o sol forte, para produzir. "A única esperança é a mamona e o produtor ainda insiste em plantar na região por conta da mamona", afirmou o produtor Valfredo Dourado.
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