Maduro presenteia Dilma com imagem de Chávez e elogia Lula
Leiam o que informa Claudia Andrade na VEJA.com.:
Os
resultados da eleição presidencial de 14 de abril estão sendo
contestados pela oposição venezuelana, mas Nicolás Maduro não esperou
para buscar apoio dos aliados Uruguai, Argentina e Brasil, em um giro
pelos países do Mercosul. Nesta quinta-feira, em Brasília, Maduro foi
recebido com honras militares por Dilma Rousseff, presenteada com uma
imagem do caudilho Hugo Chávez.
Maduro
aproveitou seu giro para “passar o pires” e garantir o abastecimento de
alimentos e itens de higiene pessoal. Na Venezuela é comum faltar nos
supermercados produtos como farinha e óleo de milho, açúcar, frango,
papel higiênico, guardanapos, detergente.
Tentando
se defender das críticas da oposição depois de vencer Henrique Capriles
com pouco mais de 200.000 votos de diferença, ele disse que, ao longo
dos anos de Hugo Chávez, a Venezuela realizou eleições e referendos que
construíram um sistema eleitoral “quase perfeito”. Ao longo de 14 anos
no poder, o coronel usou a ferramenta democrática sempre a seu favor,
manobrando para garantir resultados favoráveis e acabando com as
instituições. Ele disputou o último pleito na condição de presidente
interino, seguindo os passos de seu padrinho político, com presença
constante nas redes de rádio e TV, enquanto ao adversário era relegado
um espaço insignificante.
A campanha
presidencial de Maduro contou com a participação direta de Lula, que
gravou um vídeo em apoio ao governista. Em retribuição, o venezuelano
encontrou-se com o ex-presidente em Brasília – encontro longo – que
atrasou ainda mais a agenda com Dilma. Em sua fala oficial à imprensa,
não poupou elogios ao petista. Ressaltou a “sabedoria” de Lula e os
“conselhos” que lhe deu no encontro. “Nós o vemos como um pai dos homens
de esquerda, das mulheres de esquerda, dos homens e mulheres
progressistas da América Latina. Que sorte que temos, dos três gigantes
que iniciaram o processo (de unificação regional), Chávez, Néstor
Kirchner e Lula, nos resta Lula. Nós, quando assumirmos a presidência do
Mercosul, vamos assumir com essa missão de crescimento, de
fortalecimento”, discursou Maduro.
A entrada
da Venezuela no bloco ocorreu a partir de um golpe contra o Paraguai,
único país que se opunha à adesão. O processo que resultou no
impeachment de Fernando Lugo, em junho do ano passado, respeitou a
Constituição paraguaia, mas serviu como desculpa para a suspensão do
Paraguai e consequente entrada da Venezuela. Um ano depois da suspensão
do Paraguai, o Mercosul se prepara para assumir o comando temporário do
bloco, no dia 28 de junho.
Abastecimento
Assim como fez nos outros países que
visitou, também com o Brasil o venezuelano fechou acordos para garantir o
abastecimento em seu país. “Pedimos mais apoio ao Brasil para o
desenvolvimento de uma revolução agroalimentar na Venezuela. Nós
próximos anos, uma das grandes metas é produzir todos os alimentos que
consumimos, e nos converter em uma potência produtora de alimentos.
Vamos desenvolver um novo modelo, uma nova fórmula produtiva, com a
ajuda do Brasil, de suas técnicas de produção”.
Ele
acrescentou que na Venezuela, “houve uma mutação com a chegada do
petróleo. Mais que uma mutação, uma amputação. Amputaram a cultura
produtiva do campo. Mas estamos recuperando”.
Na
Argentina, ao anunciar o convênio fechado com o governo de Cristina
Kirchner para “garantir e fortalecer a reserva alimentar por três
meses”, Maduro admitiu que a Venezuela enfrenta “problemas severos de
abastecimentos”, mas os atribuiu não as falhas do governo em conduzir a
economia, à incapacidade de conter a inflação, mas sim a “sabotagem
econômica”.
A agenda
do Venezuelano na Argentina incluiu ainda um ato político em um ginásio
lotado de kirchneristas, e falou em “renascimento de forças de direita
fascistoides” que “ameaçam a democracia”.
Oposição
Enquanto Maduro se reunia com Cristina
Kirchner, opositores venezuelanos estavam no Congresso argentino para
denunciar as irregularidades nas eleições de 14 de abril. Os
parlamentares argentinos analisam uma série de projetos apresentados
pelo governo de Cristina Kirchner como “democratização” do judiciário
mas que, na verdade, em muitos aspectos cerceiam o trabalho dos juízes.
“Se posso dar um alerta é: lutem pela autonomia judicial”, disse o
deputado Leopoldo López ao jornal argentino Clarín. Na Venezuela, o
Judiciário é dominado por chavistas, que endossam as decisões do
Executivo.
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