MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 26 de maio de 2013

Boato sobre fim do Bolsa Família provocou acidente e até empréstimo-relâmpago



 
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM JOÃO PESSOA, NATAL e TERESINA
Na tarde do sábado passado, a doméstica Janaína Dias, 30, em João Pessoa (PB), e a lavradora Júlia de Sousa, 32, em São Lourenço do Piauí, acreditaram no boato sobre o fim do Bolsa Família e saíram às pressas para sacar o que seria o último benefício.


Janaína (PB) estava na casa da mãe, no final da tarde de sábado, quando um vizinho deu o alerta: aquele era o último dia para sacar o benefício, caso contrário o cartão seria cancelado.
"Fiquei assustada e pedi para minha irmã me levar para casa, onde pegaria meus documentos e, de lá, iria para a Caixa do bairro", disse a empregada doméstica, mãe de uma menina de 12 anos e beneficiária desde 2006.
No mesmo horário e a 1.070 km de casa de Janaína, a lavradora Júlia (PI) recebeu a ligação de uma cunhada, que a avisou sobre o fim do programa de transferência de renda que hoje atende cerca de 13 milhões de famílias.
"Estava sem dinheiro, e com a roupa do corpo saímos para sacar. Foi um desespero", diz Júlia, que recebe R$ 252 mensais do programa.
De moto, ela e o marido deixaram a zona rural e pegaram a estrada rumo à agência na cidade vizinha de São Raimundo Nonato.

Filas após boato de fim do Bolsa Família


Polícia foi chamada para conter tumulto na agência da Caixa de Queimados (RJ) provocado por boato sobre Bolsa Família
Enquanto isso, em João Pessoa, Janaína estava na porta da agência da Caixa. A fila era enorme, havia aglomeração de gente e ela mal conseguia se aproximar.
"Ninguém tinha informação sobre como proceder, se a informação era mesmo verdadeira, estava uma confusão", disse a doméstica.
Nesse momento, em diferentes Estados do país, o tal boato já estava espalhado.
No interior do Piauí, porém, Júlia e o marido nem conseguiram chegar ao caixa. No meio do caminho, já no início da noite, a moto bateu em uma vaca. Os dois foram parar no meio da estrada. Júlia desmaiou e o marido, mesmo com o ombro machucado, conseguiu socorro.
Júlia fraturou um braço, um pé e teve escoriações pelo corpo. A vaca morreu.
Já na capital da Paraíba, enfim, Janaína contou com a sorte. Num supermercado ao lado da agência superlotada também havia um caixa para o pagamento do benefício.
"Fiquei cerca de 30 minutos na fila e consegui fazer o saque dos R$ 102."
DOMINGO
Diana (CE) e Janaína (PB) já estavam com o dinheiro, e Júlia (PI) internada num hospital, mas os boatos "criminosos" e "desumanos", como diria depois a presidente Dilma Rousseff, já atingiam no domingo 13 Estados do país.
Em Vitória da Conquista (BA), moradores de um bairro foram alertados por telefone pela líder comunitária.
A dona de casa Sandra Silva, 38, decidiu então avisar pessoalmente os vizinhos.
"Me disseram que tinha de ser sacado até a meia-noite de domingo e que tinha um abono de R$ 500 por causa do Dia das Mães", afirmou.
Enquanto Sandra espalhava de porta a porta o boato no interior da Bahia, em Parnamirim (RN) a diarista Marcely Borges, 29, vivia uma aventura para sacar o benefício.
Uma vizinha a havia alertado: Dilma antecipou três meses de pagamento por causa dos assaltos a bancos no RN e o montante, assim como no boato espalhado no sudeste baiano, deveria ser sacado até a meia-noite.
Marcely chegou às pressas na agência e se assustou com a quantidade de pessoas. Vidros haviam sido quebrados e até a PM já estava presente. Diante da fila, desistiu e foi à procura de outro terminal.
Em um shopping, já na capital, Natal, foi informada por seguranças que a agência foi fechada devido ao boato. Ainda sem acreditar que era tudo mentira, seguiu para mais uma tentativa, quando confirmou que seu benefício ainda não estava liberado.
"Aí me disseram que era porque a presidente estava dando um presente, adiantando o dinheiro por causa do Dia das Mães", afirmou.
Marcely foi dormir tranquila no RN. Já Sandra, na BA, ainda assustada com os boatos e sem ter conseguido sacar nada no domingo, seguiu na segunda-feira logo cedo para a agência mais próxima.
Lá, com a certeza do benefício cancelado, decidiu sacar todos os R$ 200 do limite de crédito na "Conta Caixa Fácil", conta-corrente disponível aos beneficiários e que cobra 2% de juros ao mês.
"Além da notícia do cancelamento, soube que ia ter abono por causa do Dia das Mães. Acabei sacando tudo o que tinha disponível no banco", disse Sandra. (YALA SENA, WILLIAM DE LUCCA, MÁRIO BITTENCOURT e DANILO SÁ)

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