Sempre
que o PMDB briga com o PT e com o governo, o país fica mais próximo da
moralidade. O diabo é que, como numa música breganeja que ouvi ontem num
táxi, “Quando a gente fica junto, tem briga/ Quando a gente se separa, saudade (…)”.
Vale dizer: eles sempre reatam — porque é natureza do PMDB voltar para
os braços de quem está no poder. Qual é o busílis desta feita? Boa parte
dos peemedebistas da Câmara decidiu assinar um requerimento que pede
uma CPI para apurar irregularidades na Petrobras, especialmente a compra
e venda de ativos no exterior. Endossam o pedido 199 deputados (é
necessário um mínimo de 171). Do total, 120 pertencem a partidos da base
aliada — 52 são peemedebistas; vale dizer: 63% da bancada de 82
deputados do partido.
A CPI é só
um recado, é só um sinal. Ainda que prosperasse, não seria para já. Há
dez pedidos na frente. O PMDB só está deixando claro à presidente Dilma,
por intermédio dos deputados, que está descontente com o governo. Por
isso assina um requerimento de CPI. Infelizmente, é para negociar mais
adiante.
É claro
que a Petrobras está a merecer uma CPI faz tempo. Basta contrastar a
realidade da empresa hoje (e suas perspectivas) com as fantasias
deixadas por José Sérgio Gabrielli, ex-presidente. Mais: ainda está sem
solução o escândalo de Pasadena:
a operação de compra de uma refinaria nos EUA resultou num prejuízo
para a empresa de quase US$ 1,2 bilhão. Até o PMDB sabe disso.
Logo, se
as mágoas acumuladas do PMDB resultassem numa CPI da Petrobras, algum
bem se poderia fazer ao país e até mesmo à empresa — no médio e no longo
prazos ao menos. Mas o mais provável é que não aconteça nada e que o
governo ceda aqui e ali, pacificando o partido.
É claro
que vai mal um país em que a moralização de uma empresa ou a
investigação de operações suspeitas — e essas coisas deveriam ser
obrigações — são empregadas como moeda de troca. O texto poderia ser
este: “Ou vocês cedem a alguns dos nossos pleitos, ou vamos começar a
fazer o certo e a cumprir o papel que nos atribuiu o eleitor”.
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