MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 5 de maio de 2013

Câmara restaura tela de Di Cavalcanti manchada de vermelho


Mural de oito metros de comprimento apresenta mancha de urucum.
Segundo Câmara, mancha surgiu em ato de índios, que dizem desconhecer.

Do G1, em Brasília

Profissionais trabalham na recuperação da tela de Di Cavalcanti na Câmara (Foto: Murilo Salviano / G1)Profissionais trabalham na recuperação da tela de Di Cavalcanti na Câmara (Foto: Murilo Salviano / G1)
Uma obra do pintor Di Cavalcanti, considerado um dos principais artistas do modernismo brasileiro, entrou em processo de restauração na última segunda (29), no Salão Verde da Câmara dos Deputados, onde fica exposta.

O motivo é uma mancha de urucum (fruto do qual se extrai um corante avermelhado), de 20 cm por 40 cm, detectada no quadro há 15 dias, após uma manifestação de indígenas, segundo informação da assessoria da Câmara.
A pintura, um óleo sobre tela, foi criada especialmente para a inauguração do Congresso Nacional, em 1960. É um mural de 2,83 metros de altura e 8,81 metros de comprimento que está em uma parede no Salão Verde, o principal da Câmara.
O quadro já havia passado por um processo de restauração em 2010, para a comemoração dos 50 anos da Casa. Na ocasião, a obra apresentava resíduos de café, manchas e pequena pichação.
De acordo com a assessoria da Câmara, os índios, com os corpos pintados, teriam manchado o quadro no momento em que se sentaram no chão durante uma manifestação no último dia 16.
A mancha vermelha na tela de Di Cavalcanti (Foto: Murilo Salviano / G1)A mancha avermelhada na tela de Di Cavalcanti (Foto: Murilo Salviano / G1)
“Como tem uma movimentação muito grande [no Salão Verde], algum incidente pode acontecer. Como esse que aconteceu durante uma manifestação, e a obra acabou sendo manchada com urucum”, contou ao G1 a chefe do Serviço de Preservação da Câmara, Juçara de Faria.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), entidade coordenadora da manifestação na Câmara, informou não ter conhecimento da mancha provocada no quadro. “Acho estranho que a mancha tenha sido causada pelo grupo porque durante a manifestação os índios já entraram dançando no plenário. Estranhamos essa informação. Não fomos informados oficialmente sobre nada disso até agora”, disse Paulino Montejo, assessor técnico da Apib.

A tela foi comprada em 1960 por 3,5 mil cruzeiros pela Novacap, empresa criada para construir Brasília. Corrigida, essa cifra equivale atualmente a menos de R$ 600, segundo calculadora do Banco Central, com base no Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), índice de inflação calculado desde 1944.
O primeiro passo dos restauradores foi simular em laboratório a mesma mancha em uma pintura com as mesmas características.
“Só que tinha um inconveniente”, conta Gilsceana Chaves, uma das funcionárias responsáveis pela restauração. “O urucum solubilizava facilmente com qualquer tipo de solvente testado, provocando uma mancha amarelada ainda maior.”
Após uma semana de testes, os restauradores decidiram aplicar um método à base de solventes em gel, capaz de remover a pigmentação avermelhada sem danificar a obra.
Enquanto Gilsceana remove a mancha, outro funcionário acompanha o trabalho com um microscópio e uma lupa. Ele observa possíveis perdas no material da tela. Os restauradores registram cada etapa com fotos em um mapa.
A equipe estima que a restauração da pintura de Di Cavalcanti deve durar três ou quatro semanas. Segundo eles, os resultados têm sido “bem satisfatórios”.
Funcionário observa com lupa detalhes da tela de Di Cavalcanti (Foto: Murilo Salviano / G1)Funcionário observa com lupa detalhes da tela de Di Cavalcanti (Foto: Murilo Salviano / G1)

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