Criada em julho de 2012, empresa deve faturar R$ 500 mil no 1º ano.
'Se tudo desse errado, dava tempo de voltar atrás', diz empreendedor.
Isabel e Renato trabalharam no Google por cerca
de 4 anos (Foto: Divulgação/Gawa)
Há quase um ano, o casal de publicitários Isabel Furtado, de 30 anos, e
Renato Maria, de 28 anos, tomou a difícil decisão de largar um bom
emprego – no caso deles, no Google,
constantemente listado em rankings como a melhor empresa para se
trabalhar –, e abrir o próprio negócio: uma escola de cursos sobre a
ferramenta de busca. Eles dizem não se arrepender da escolha: a renda
mensal já é a mesma e a tendência é aumentar, há liberdade de horários e
ambos garantem que trabalhar pela própria empresa traz grande
satisfação pessoal.de 4 anos (Foto: Divulgação/Gawa)
(O G1 publica, ao longo da semana, uma série de reportagens contando histórias de sucesso de leitores, enviadas pelo VC no G1.)
Em julho de 2012, eles criaram em São Paulo a Gawa, uma empresa que oferece cursos para ferramentas do próprio Google, e o faturamento deve atingir R$ 500 mil no primeiro ano de vida, o dobro do previsto. Renato abriu, ainda, uma agência de publicidade para links patrocinados, com outra sócia, e o faturamento deve atingir R$ 1 milhão em 2013.
Eles escolherem criar cursos das ferramentas do Google justamente pela experiência que adquiriram em cerca de quatro anos na empresa, além de o investimento inicial ser baixo: eles mesmos dão as aulas, preparam e desenvolvem o material didático e alugam o espaço e equipamento para o curso – em alguns casos, é ministrado dentro das próprias empresas. Há ainda consultorias.
“Tivemos inúmeras ideias de start-ups ao longo de meses, fomos descartando aquelas que necessitavam de grandes investimentos iniciais ou equipe”, revela Isabel. “É óbvio que a gente poderia abrir outro negócio, mas a gente já tinha esse conhecimento técnico, que é raro no mercado”, avalia Renato.
Isabel e Renato são casados há dois anos e se conheceram na própria empresa. "Eu brinco com todo mundo que procurei o meu marido no Google e achei", diz Isabel.
As aulas
Atualmente são oferecidos dois cursos, de Google AdWords (ferramenta para criar e gerenciar links patrocinados) e Google Analytics (usada para entender o comportamento dos usuários nos sites). O público-alvo vai desde publicitários a empresários que querem promover seus negócios na internet.
“O contato direto com o público nos fez perceber que o mercado estava carente de profissionais especializados e que estes tinham dificuldade de encontrar cursos e materiais de qualidade em português para se desenvolver”, diz Isabel.
Os cursos, todos presenciais por enquanto, duram dois dias, geralmente às sextas-feiras e aos sábados, e custam cerca de R$ 800 por aluno. São aproximadamente 20 alunos por turma, totalizando de 80 a 100 por mês.
“Divulgamos a Gawa usando o próprio Adwords, o Facebook; temos parceria com empresas como o próprio Google e também tiramos proveito do boca a boca”, revela Isabel.
São aproximadamente 20 alunos por turma
(Foto: Divulgação/Gawa)
Apesar de ser suspeito para falar, Renato afirma que até na sua agência
de publicidade – a ADW/id –, criada um pouquinho antes, há um ano,
sentiu a necessidade de mão de obra que saiba usar as ferramentas,
importantes no ramo. “Já precisamos começar a contratar, deveríamos
estar contratando, estamos sentindo falta de mão de obra qualificada”,
diz. Por enquanto, trabalham apenas ele e a sócia – que também
trabalhava no Google.(Foto: Divulgação/Gawa)
Eles desenvolvem propagandas para links não só dentro do Google, mas também para redes como Facebook e para vídeos do Youtube, entre outros. “A grande estratégia da publicidade online é que se você segmenta a campanha certa para a pessoa certa, ela vai querer assistir (...). A publicidade online é boa nesse sentido, não desperdiçar dinheiro com quem não quer assistir”, diz Renato.
'Escolha certa'
Nos próximos meses, o casal espera criar um novo curso na Gawa, de anúncios para o Facebook, além de lançar módulos online dos outros cursos para alunos de outros estados. No futuro, o casal não descarta investir em uma escola física, avalia Renato.
Com relação ao Google, Isabel diz que foi criada, inclusive, uma parceria. “Eles veem a gente como um parceiro, a gente presta alguns serviços para eles”.
Isabel conta que os dois já conseguiram atingir a mesma renda mensal da época em que trabalhavam no Google, somando o faturamento das duas empresas. Ela destaca, ainda, fatores positivos com relação à rotina do dia a dia. “Temos horários mais flexíveis, o que trouxe pra gente mais qualidade de vida. O sentimento de ver algo que você criou do zero gerando frutos e crescendo também traz muita satisfação pessoal”, diz.
Para Renato, contudo, escolher virar empreendedor foi a melhor decisão tomada. “A gente conversou bastante antes de tomar a decisão (...). Eles [os empregadores] não conseguem promover todo mundo. Tomei essa decisão duas vezes, de abrir duas empresas, eu acho que é isso mesmo, não me arrependo. As pessoas têm muita vontade, mas coragem falta, as pessoas não têm coragem de largar emprego bom (...). O retorno é a médio e longo prazo”, diz o empreendedor.
“Existe a pressão social para que se mantenha empregos estáveis. Pesamos muito os prós e os contras antes de tomar a decisão e a cada dia temos mais certeza de que foi a escolha certa (...). Um dos principais aprendizados é que fazendo um trabalho de qualidade e tendo paciência os resultados aparecem, mesmo com tantos empecilhos para o empreendedorismo no Brasil”, avalia Isabel.
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