MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Custo afugenta cruzeiros da costa brasileira e nº de passageiros diminui


Temporada 2012/2013 registrou queda de 9% em relação à anterior.
Infraestrutura também atrapalha; MP dos Portos pode ajudar, diz governo.

Flávia Mantovani Do G1, em São Paulo

Navio em cruzeiro em Angra dos Reis (Foto: Reprodução/TV Rio Sul)Cruzeiro em Angra dos Reis
(Foto: Reprodução/TV Rio Sul)
O número de passageiros que viajam em cruzeiros marítimos no Brasil está diminuindo.
Segundo dados recém-divulgados pela Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Clia Abremar Brasil), na última temporada -- que começou em novembro de 2012 e se encerrou no mês passado --, os navios que percorreram a costa brasileira transportaram 732.163 passageiros, 9% menos que na temporada de 2011/2012, quando foram registrados mais de 805 mil passageiros.
Uma das razões que explicam a redução é que a costa do país também recebeu um número menor de transatlânticos: foram 15, contra 17 na temporada anterior e 20 de 2010/2011.
Para o presidente de Abremar, Ricardo Amaral, a falta de infraestrutura e o alto custo de operação no Brasil têm afugentado as empresas, que preferem levar suas embarcações para destinos mais estruturados e mais baratos.
“O navio se move, e as companhias sempre vão buscar a opção que traga mais satisfação e menor preço. O custo de operação aqui é maior do que na maioria dos itinerários pelo mundo. Chega a ser três vezes maior do que na Europa, por exemplo”, afirma.
Esses custos incluem desde o valor da praticagem (operações de manobra de entrada e saída em portos) e da taxa de embarque até os gastos com combustível, abastecimento de água e retirada de lixo.
Amaral acrescenta o ônus de alguns impostos que incidem sobre a operação de cruzeiros marítimos e que não são cobrados em outros destinos.
Segundo um levantamento da associação, o porto de Salvador cobra pela praticagem US$ 109.707,80 (cerca de R$ 222 mil), 519% a mais do que o de Pequim e 2.789% a mais do que o de Barcelona. O preço é referente a duas manobras, de entrada e saída, para navios com até 137 mil toneladas.
O porto de Santos, o segundo mais caro, cobra US$ 44.799 (mais de R$ 90 mil) e o de Ilhabela, US$ 37.675 (mais de R$ 76 mil). Os valores são mais altos do que os cobrados em portos de cidades como Nova York, Miami, Sydney, Montevidéu, Valparaíso e Veneza.
Congestionamento de transatlânticos
Segundo Ricardo Amaral, o problema da falta de infraestrutura ficou mais evidente depois que o número de cruzeiros explodiu no país, de 2000 a 2009 – apenas entre 2004 e 2009, por exemplo, o número de embarcações subiu de seis para 18. “Quando tínhamos só dois ou três navios, o país era visto como destino exótico, então as falhas eram relevadas. Quando o número de navios cresceu de forma exponencial, os problemas também se multiplicam de forma exponencial”, diz.
Ele cita o caso de um congestionamento que ocorreu na última temporada, que obrigou dois navios a se revezarem em um porto. A duração do visto de trabalho dos tripulantes, que é de quatro meses e por isso não abrange toda a temporada, é outro entrave, na opinião de Amaral.
De acordo com a Abremar, além da Europa e do Caribe, outros destinos que estão competindo com o Brasil pelos navios são Argentina e Austrália, que têm temporada na mesma época que o verão brasileiro. Apesar de o Brasil superá-los no ranking mundial do mercado de cruzeiros – o país é o quinto em número de passageiros --, ambos têm registrado número crescente de cruzeiristas.
Os dados de pacotes vendidos por operadoras de viagem brasileiras no ano passado confirmam a tendência. Segundo o anuário da Braztoa (Associação Brasileira de Operadoras de Turismo), em 2012, a venda de pacotes para cruzeiros internacionais cresceu 18%, enquanto a venda para os cruzeiros nacionais caiu 15%.
Com isso, a participação nesse mercado das vendas dos navios que circulam fora do Brasil está crescendo. Enquanto em 2010 as diárias nos cruzeiros internacionais eram responsáveis por 15% do mercado, em 2012 essa participação cresceu para 23%.
A Abremar prevê que a próxima temporada também registrará números decrescentes. Segundo a associação, o impacto direto e indireto do setor de cruzeiros marítimos na economia do país é de R$ 1,4 bilhão.
MP dos Portos
Aprovada pelo Senado na quinta-feira (16), a Medida Provisória 595/2012, conhecida como MP dos Portos, é citada pelo governo como uma das providências que podem melhorar a situação do setor de cruzeiros no Brasil.
Guindastes (Foto: Egi Santana/G1)Guindastes em reforma de porto de Salvador
(Foto: Egi Santana/G1)
“Um dos objetivos dessa medida é aumentar a concorrência e a quantidade de portos. Isso vai melhorar os custos. O caminho é a competição”, afirma Flávio Dino, presidente da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo), órgão ligado ao Ministério do Turismo.
Para Dino, a redução no número de passageiros em cruzeiros nacionais é uma “flutuação normal do mercado”. “Houve uma explosão no número de cruzeiros e depois houve um desinteresse do mercado interno”, diz.
Ele afirma que a Embratur está investindo para captar novas rotas e navios, assim como mais passageiros internacionais, principalmente aqueles que vêm dos países do Mercosul.
“Estamos focando nos países vizinhos por conta da facilidade de deslocamento. Não é todo mundo que se dispõe a cruzar o oceano para fazer um cruzeiro”, diz.
Dos turistas que navegam nos cruzeiros pela costa do Brasil, cerca de 15% são estrangeiros. Segundo dados do governo, a maioria dos estrangeiros que fazem cruzeiro no Brasil vem da Argentina. Em seguida vêm os alemães, os norte-americanos, os italianos e os uruguaios.
Segundo a Embratur, o o governo federal está investindo R$ 682 milhões em sete portos que podem servir de terminais de passageiros para cidades-sede da Copa do Mundo. A entrega está prevista para a época de realização da Copa.

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