MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 5 de maio de 2013

Duas Marias tentam provar ao INSS que ainda estão vivas



Idosas moram em cidades localizadas na região de Botucatu, SP.
Previdência e Secretaria de Segurança Pública consideram elas mortas.

Do G1 Bauru e Marília

Maria Aparecida de Oliveira, de 77 anos, mora em São Manuel (Foto: Reprodução TV TEM)Maria Aparecida de Oliveira, de 77 anos, mora em São Manuel (Foto: Reprodução TV TEM)
Duas mulheres moradoras na região de Botucatu (SP) têm em comum além do nome Maria, a situação em que se encontram junto à Previdência Social. Elas são consideradas mortas pelo órgão federal e pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. No entanto, estão bem vivas.
Em São Manuel, Maria Aparecida de Oliveira tem várias rugas que não escondem a vida sofrida. Aos 77 anos, ela trabalhou boa parte desse tempo na roça. E mesmo assim não conseguiu se aposentar. A idosa sobrevive com o dinheiro que recebe da pensão do marido, que morreu há 20 anos: um salário mínimo. Desde janeiro deste ano, a Previdência Social deixou de pagar o benefício. Ao invés de dinheiro, Maria recebeu do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) uma carta, que diz que ela não existe mais. “Disseram que eu tinha morrido em Guarulhos e a mulher que morreu falaram que era eu. Graças a Deus estou viva até hoje”, disse.
Maria sustenta a casa com a pensão e, sem dinheiro, não tem sido fácil passar os dias. Por pouco não teve o fornecimento de água e a energia cortado por falta de pagamento. Ela precisa de medicamentos para diabetes, pressão alta e dores no corpo. Quando não tem no posto, a idosa compra na farmácia. “A gente se sente triste porque tenho que comer, beber, comprar remédio”, contou a idosa.
São Manuel conta com uma agência do INSS desde 2010. Assim que percebeu que estava sem pagamento, Maria esteve pessoalmente na agência. Mesmo assim, não conseguiu provar que está viva. A vizinha de Maria também foi com ela ao INSS para tentar resolver a situação. "Eu cheguei pedir uma perícia para mostrar como ela está viva. Eles falaram que não precisava. E até agora não veio resposta nenhuma”, contou a dona de casa, Maria do Carmo José Fernandes
A situação revolta a vizinha. "Ela que tomar um leite não tem, quer comprar remédio depende dos outros pra ficar pedindo. Então dá dó dela. Ela sempre me ajudou. Então, agora é a minha vez de ajudar ela”, completou.
Já em Conchas, cidade próxima a Botucatu, outro caso parecido chamou a atenção. Maria Madalena Conceição Campos, de 69 anos, além da coincidência do nome, também é considerada morta para a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Ela tem 69 anos de vida e é tão viva, que dirige carro até hoje. A última carteira de habilitação da aposentada é de 2008 e está vencida. Quando teve que renovar o documento para voltar a dirigir descobriu que não poderia. “Quando fui revalidar a carteira de motorista em novembro do ano passado a autoescola informou que não poderia assinar porque ela estaria morta desde 2001”.

A aposentada recebeu a informação que estaria morta no dia em que pegaria o novo documento na delegacia de trânsito de Conchas. Para tentar resolver a situação, ela recorreu à agência do INSS em Botucatu, onde é considerada viva e recebe aposentadoria. Mas já precisou viajar quatro vezes até a cidade. Em um documento que conseguiu na última visita consta o valor da aposentadoria que recebe.
Em outro papel há o nome dela, da mãe, data de nascimento e uma informação: não há certidão de óbito com os dados informados. Mesmo assim, a idosa precisou entrar com um mandado de segurança para tentar o desbloqueio dos dados. O delegado da Ciretran informou que só com o ofício do INSS poderá dar a nova carteira de habilitação à aposentada. “Eu não tenho mais nada para levar e provar que estou viva”, lamentou.
Maria Madalena Conceição Campos mora em Conchas (Foto: Reprodução TV TEM)Maria Madalena Conceição Campos mora em Conchas (Foto: Reprodução TV TEM)

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