Idosas moram em cidades localizadas na região de Botucatu, SP.
Previdência e Secretaria de Segurança Pública consideram elas mortas.
Maria Aparecida de Oliveira, de 77 anos, mora em São Manuel (Foto: Reprodução TV TEM)
Em São Manuel, Maria Aparecida de Oliveira tem várias rugas que não escondem a vida sofrida. Aos 77 anos, ela trabalhou boa parte desse tempo na roça. E mesmo assim não conseguiu se aposentar. A idosa sobrevive com o dinheiro que recebe da pensão do marido, que morreu há 20 anos: um salário mínimo. Desde janeiro deste ano, a Previdência Social deixou de pagar o benefício. Ao invés de dinheiro, Maria recebeu do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) uma carta, que diz que ela não existe mais. “Disseram que eu tinha morrido em Guarulhos e a mulher que morreu falaram que era eu. Graças a Deus estou viva até hoje”, disse.
São Manuel conta com uma agência do INSS desde 2010. Assim que percebeu que estava sem pagamento, Maria esteve pessoalmente na agência. Mesmo assim, não conseguiu provar que está viva. A vizinha de Maria também foi com ela ao INSS para tentar resolver a situação. "Eu cheguei pedir uma perícia para mostrar como ela está viva. Eles falaram que não precisava. E até agora não veio resposta nenhuma”, contou a dona de casa, Maria do Carmo José Fernandes
A situação revolta a vizinha. "Ela que tomar um leite não tem, quer comprar remédio depende dos outros pra ficar pedindo. Então dá dó dela. Ela sempre me ajudou. Então, agora é a minha vez de ajudar ela”, completou.
Já em Conchas, cidade próxima a Botucatu, outro caso parecido chamou a atenção. Maria Madalena Conceição Campos, de 69 anos, além da coincidência do nome, também é considerada morta para a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. Ela tem 69 anos de vida e é tão viva, que dirige carro até hoje. A última carteira de habilitação da aposentada é de 2008 e está vencida. Quando teve que renovar o documento para voltar a dirigir descobriu que não poderia. “Quando fui revalidar a carteira de motorista em novembro do ano passado a autoescola informou que não poderia assinar porque ela estaria morta desde 2001”.
A aposentada recebeu a informação que estaria morta no dia em que pegaria o novo documento na delegacia de trânsito de Conchas. Para tentar resolver a situação, ela recorreu à agência do INSS em Botucatu, onde é considerada viva e recebe aposentadoria. Mas já precisou viajar quatro vezes até a cidade. Em um documento que conseguiu na última visita consta o valor da aposentadoria que recebe.
Em outro papel há o nome dela, da mãe, data de nascimento e uma informação: não há certidão de óbito com os dados informados. Mesmo assim, a idosa precisou entrar com um mandado de segurança para tentar o desbloqueio dos dados. O delegado da Ciretran informou que só com o ofício do INSS poderá dar a nova carteira de habilitação à aposentada. “Eu não tenho mais nada para levar e provar que estou viva”, lamentou.
Maria Madalena Conceição Campos mora em Conchas (Foto: Reprodução TV TEM)
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