Produtoras de cana dizem ter 'dado trabalho' no início da vida no campo.
Quarteto garante que toque feminino faz toda diferença no agronegócio.
Da esquerda para a direita, as irmãs Luciane, Renata, Flavia e Thais Varella (Foto: Érico Andrade/G1)
Nem de longe quem vê as quatro irmãs Varella maquiadas, perfumadas e
impecavelmente vestidas com botas, óculos de sol e joias, caminhando
pelas ruas empoeiradas da Agrishow em Ribeirão Preto
(SP) suspeita qual a real atividade delas. Elas até poderiam ser
confundidas com madames, mas o quarteto garante que vai para o campo,
coloca a mão na terra e entende de lavoura e de máquinas agrícolas como
ninguém. “Nós viemos para fechar negócio”, diz a zootecnista Flávia
Varella Dias, de 41 anos.Há dois anos, as irmãs receberam dos pais uma fazenda para que começassem a executar o trabalho que um dia herdarão por direito. Sem experiência, precisaram aprender na prática a lidar com a terra. Hoje, estão à frente de uma das principais fazendas produtoras de cana-de-açúcar da região de Barretos (SP), mas confessam que no começo deram “muitos foras”.
Divisão de tarefas
As irmãs administram todo o negócio da família, desde a plantação até a venda da cana para as usinas de açúcar e etanol. Para isso, as tarefas foram divididas: formada em zootecnia, Flávia é responsável pelo trabalho no campo; a fisioterapeuta Thaís é quem está mais próxima dos funcionários; Luciane Varella Abatzoglou, de 44 anos, e Renata Varella Netto, de 43, cuidam da parte burocrática.
Renata garante, porém, que no período de colheita da cana as quatro chegam a ficar 24 horas no canavial. “Dividimos o trabalho pela afinidade de cada uma, porque mesmo com os negócios, continuamos tendo responsabilidades em casa, com maridos e filhos. Mas na hora que precisa, uma sempre cobre a outra”, diz.
Irmãs dizem ter dado 'foras' no início do trabalho na fazenda de cana-de-açúcar (Foto: Érico Andrade/G1)
Toque femininoObter o respeito em um setor dominado por homens parece não ter sido a maior dificuldade das irmãs Varella, que participaram de cursos e palestras sobre agronegócio e, em pouco tempo, tornaram-se referência para outros produtores do interior do Estado.
“No começo falavam assim ‘nossa, mas essas meninas vão dar conta?’ Depois, passamos a ser elogiadas pelos resultados. Estamos apostando em técnicas novas de cultivo e temos obtido bons resultados. Mas sempre com os pés no chão”, afirma Thaís.
Luciane destaca que todas as decisões são tomadas em conjunto e que o toque feminino é o grande diferencial do que as irmãs fazem. “Nós reformamos as casinhas dos funcionários, construímos um jardinzinho, colocamos gramado. Isso nunca havia sido feito antes. Eles merecem”, exemplifica.
E se depender das irmãs Varella, o toque feminino continuará nos negócios da família por mais algumas gerações. Isso porque, dos sete trinetos que herdarão a propriedade, seis são meninas. “Minha filha gosta demais. Vai seguir os passos da mãe”, espera Thaís.
'No começo diziam que não daríamos conta', diz Thais Varella (Foto: Érico Andrade/G1)
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