MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Irmãs 'madames' comandam fazenda e vão à Agrishow 'fechar negócio'


Produtoras de cana dizem ter 'dado trabalho' no início da vida no campo.
Quarteto garante que toque feminino faz toda diferença no agronegócio.

Adriano Oliveira Do G1 Ribeirão e Franca

irmãs do agronegócio (Foto: Érico Andrade/G1)Da esquerda para a direita, as irmãs Luciane, Renata, Flavia e Thais Varella (Foto: Érico Andrade/G1)
Nem de longe quem vê as quatro irmãs Varella maquiadas, perfumadas e impecavelmente vestidas com botas, óculos de sol e joias, caminhando pelas ruas empoeiradas da Agrishow em Ribeirão Preto (SP) suspeita qual a real atividade delas. Elas até poderiam ser confundidas com madames, mas o quarteto garante que vai para o campo, coloca a mão na terra e entende de lavoura e de máquinas agrícolas como ninguém. “Nós viemos para fechar negócio”, diz a zootecnista Flávia Varella Dias, de 41 anos.
Há dois anos, as irmãs receberam dos pais uma fazenda para que começassem a executar o trabalho que um dia herdarão por direito. Sem experiência, precisaram aprender na prática a lidar com a terra. Hoje, estão à frente de uma das principais fazendas produtoras de cana-de-açúcar da região de Barretos (SP), mas confessam que no começo deram “muitos foras”.
“Eu fui aprendendo com os funcionários, com os termos que eles usam. Tive que aprender todos os dias vendo como eles trabalhavam, conversando com eles”, afirma a caçula, Thais Varella Almada, de 36 anos, relembrando as diversas vezes em que o carro ficou atolado no canavial. “No começo a gente dava uns foras, muito trator já precisou sair da fazenda para nos rebocar”, diz aos risos.
Divisão de tarefas
As irmãs administram todo o negócio da família, desde a plantação até a venda da cana para as usinas de açúcar e etanol. Para isso, as tarefas foram divididas: formada em zootecnia, Flávia é responsável pelo trabalho no campo; a fisioterapeuta Thaís é quem está mais próxima dos funcionários; Luciane Varella Abatzoglou, de 44 anos, e Renata Varella Netto, de 43, cuidam da parte burocrática.
Renata garante, porém, que no período de colheita da cana as quatro chegam a ficar 24 horas no canavial. “Dividimos o trabalho pela afinidade de cada uma, porque mesmo com os negócios, continuamos tendo responsabilidades em casa, com maridos e filhos. Mas na hora que precisa, uma sempre cobre a outra”, diz.
irmãs do agronegócio (Foto: Érico Andrade/G1)Irmãs dizem ter dado 'foras' no início do trabalho na fazenda de cana-de-açúcar (Foto: Érico Andrade/G1)
Toque feminino
Obter o respeito em um setor dominado por homens parece não ter sido a maior dificuldade das irmãs Varella, que participaram de cursos e palestras sobre agronegócio e, em pouco tempo, tornaram-se referência para outros produtores do interior do Estado.
“No começo falavam assim ‘nossa, mas essas meninas vão dar conta?’ Depois, passamos a ser elogiadas pelos resultados. Estamos apostando em técnicas novas de cultivo e temos obtido bons resultados. Mas sempre com os pés no chão”, afirma Thaís.
Luciane destaca que todas as decisões são tomadas em conjunto e que o toque feminino é o grande diferencial do que as irmãs fazem. “Nós reformamos as casinhas dos funcionários, construímos um jardinzinho, colocamos gramado. Isso nunca havia sido feito antes. Eles merecem”, exemplifica.
E se depender das irmãs Varella, o toque feminino continuará nos negócios da família por mais algumas gerações. Isso porque, dos sete trinetos que herdarão a propriedade, seis são meninas. “Minha filha gosta demais. Vai seguir os passos da mãe”, espera Thaís.
irmãs do agronegócio (Foto: Érico Andrade/G1)'No começo diziam que não daríamos conta', diz Thais Varella (Foto: Érico Andrade/G1)

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