MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 12 de maio de 2013

Jovens trocados em maternidade convivem com duas mães no Acre


Troca de bebês foi descoberta depois de 15 anos.
Estado foi condenado a pagar indenização a uma das famílias.

Genival Moura Do G1 AC

Troca de bebês aconteceu há 15 anos na maternidade de Cruzeiro do Sul (AC) (Foto: Genival Moura / G1)Da esquerda para direita: Maria Lúcia, Stanley Assis, Ana Claúdia Ramos e Jobson Silva
(Foto: Genival Moura / G1)
Aos 18 anos, Jobson Bezerra da Silva e Stanley Ramos de Assis, trocados na maternidade de Cruzeiro do Sul (AC), não conseguem deixar de morar com as mães de criação. A confirmação da troca só veio há três anos, por meio da realização de exames de DNA. Desde então, as duas famílias decidiram manter encontros para aumentar a convivência entre filhos e mães biológicas. Os dois jovens descartam qualquer possibilidade de deixar a mãe com a qual foram criados.
A descoberta ocorreu quando a funcionária pública Ana Claudia Ramos de Assis decidiu fazer um exame de DNA para comprovar a paternidade de Stanley. "Eu não era casada e o pai do meu filho reclamava da diferença física do Stanley. Como eu não tinha dúvida nenhuma sobre a minha conduta, fiz o pedido do exame de DNA e o resultado foi negativo. Aí decidimos fazer um exame comigo que também foi adverso”, relata.
Claudia procurou a maternidade e nos livros de registros encontrou o nome de Maria Lúcia Ferreira Bezerra, que deu a luz um menino na mesma data e horário. O caso foi informado à polícia e ao Ministério Público, que passaram a procurar a outra mãe, solicitando sua presença através das rádios locais.
Mas a localização de dona Lúcia só aconteceu após um ano de procura. Ela morou na zona rural e no município de Marechal Thaumaturgo antes de voltar a morar em Cruzeiro do Sul, no mesmo bairro onde reside a outra família.
A família cresceu mais, eu tinha dois irmãos, hoje tenho 14"
Stanley Ramos de Assis
“Eu estava em casa quando a Cláudia chegou com uns policiais perguntando pelo Jobson, eu pensei que ele tivesse cometido algo de errado. Quando eles deram a notícia, eu tomei um choque muito grande e tive medo dele ficar revoltado. Foi uma irresponsabilidade gigante de quem fez isso. As consequências são sérias, mas agora estamos fazendo de tudo para minimizar e levar uma vida boa para todos nós”, comenta Maria Lúcia, mãe de criação de Jobson.
Já acostumados com a ideia, o assunto virou motivo de diversão para os dois jovens. “Foi bom, a família cresceu mais, eu tinha dois irmãos, hoje tenho 14”, comenta Stanley.
“Se estava bom agora ficou melhor, no começo eu ficava apreensivo, porque não sabia como seria o final de tudo isso. Agora eu fico pensando, tem muita gente por aí que não tem nenhuma mãe e é feliz, imagina eu que tenho duas”, brinca Jobson.
Ação indenizatória
O Tribunal de Justiça do Acre manteve na semana passada uma condenação em primeira instância, que obriga o Estado do Acre a pagar uma indenização no valor de R$ 65 mil para uma das famílias. Do valor, são R$ 50 mil para Maria Lúcia Ferreira Bezerra e R$ 15 mil para o seu filho biológico, Stanley Ramos de Assis.
Segundo o advogado, Carlos Bergson, que entrou com a ação, uma indenização com o mesmo valor foi concedida em favor da outra família. “Os abalos sofridos por essas famílias são irreparáveis, mas a indenização pode pelo menos criar condições para que elas fiquem mais próximas e os filhos possam ter uma convivência maior com suas mães biológicas”, explica o advogado.

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