Operação Leite Compensado prendeu oito pessoas nesta quarta-feira.
Quatro empresas terão de prestar esclarecimentos sobre adulteração.
As empresas terão prazo de 10 dias, a partir do recebimento da notificação, para apresentar a documentação técnica e laboratorial necessária ou o recall imediato dos produtos envolvidos, nos termos do Código de Defesa do Consumidor.
Oito pessoas foram presas em três regiões do estado. Segundo o MP, cinco empresas de transporte de leite adulteraram o produto cru entregue para a indústria. A força-tarefa também reuniu integrantes do Ministério da Agricultura, da Receita Estadual, além de policiais civis e militares.
Segundo o Ministério, a interdição dos postos de refrigeração ocorreu porque não conseguiram impedir a fraude na matéria-prima. Os locais ficarão fechados até que as análises dos produtos recolhidos sejam concluídas. Os estabelecimentos interditados ficam em Guaporé, Crissiumal e Selbach .
Adulteração era feita com água de poço
Água usada vinha de poço (Foto: Reprodução/RBS TV)
Em Ibirubá, no Noroeste, a água adicionada ao leite vinha de um poço
artesiano e nem sequer era tratada. Do galpão, o produto seguia para os
postos de resfriamento. A movimentação nos sítios onde a fraude
acontecia era maior à noite, quando caminhões deixavam os locais
discretamente, acompanhados de batedores.No mesmo local onde são criados porcos, funcionava um galpão onde a água e a ureia eram misturados ao leite. A mercadoria era posteriormente armazenada em caminhões sem refrigeração. O ambiente é sujo, de chão batido, e sem higiene. A ureia era acrescentada ao líquido em forma de pó e contém formol, uma substância considerada cancerígena pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Após a descoberta do esquema, o Ministério da Agricultura determinou o recolhimento de lotes de quatro marcas nas prateleiras dos supermercados: Latvida, Italac, Líder e Mumu (veja lista abaixo).
O que dizem as empresas
O que diz a Mu-Mu
Em nota, a empresa afirmou que "atende a todos os requisitos e protocolos de testes de matéria prima exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento". No texto constam outros esclarecimentos: "A investigação do Ministério Público está concentrada no transporte entre o produtor leiteiro e os postos de resfriamento, onde o produto fica armazenado antes da entrada em nossa fábrica. A empresa permanece à disposição do MP e MAPA, no que for solicitado". A Mu-Mu também informa aos consumidores que tenham produtos do lote citado ou que tenham dúvidas entrem em contato com o SAC, pelo número 0800 51 7542, de segunda a sexta, das 7h30 às 18h30 e, aos sábados, das 7h30 às 13h30.
O que diz a Latvida
Em contato por telefone com o G1, a assessoria de imprensa da Latvida confirmou o recebimento da notificação e informou que a empresa se manifestará no prazo estabelecido. A empresa garante que o lote lote 196 do leite UHT desnatado, não recomendado para consumo, foi retirado do mercado, e que no dia 24 de abril a empresa teve a liberação total de seus produtos pelo Ministério da Agricultura. "As demais questões ficam eliminadas, não chegamos a ter o problema que está se alardeando", disse o assessor de comunicação da empresa, Paulo Pereira.
O que diz a Italac
Em e-mail enviado no início da tarde, a Italac informou que "o problema foi pontual, ocorrido no Rio Grande do Sul, e aconteceu no transporte do leite cru, entre a fazenda e o laticínio, antes de ser industrializado". Ainda segundo a nota, "os lotes identificados com problema foram retirados do mercado e não se encontram mais à disposição do consumidor. Todo o leite Italac encontra-se em perfeitas condições de consumo com total segurança e qualidade".
O que diz a Líder
A empresa diz ter retirado do mercado ainda em fevereiro deste ano o lote não recomendado para o consumo, "tão logo a companhia tomou conhecimento da possibilidade de existir um problema de qualidade". A nota diz que cinco transportadoras de leite cru foram descredenciadas e um dos postos de resfriamento no estado foi fechado "por causa da ação de fraudadores". "Além disso, a Líder faz dupla checagem, nos postos de resfriamento e na fábrica, e desde janeiro não detectou nenhuma adulteração no leite destinado à produção. O leite Líder disponível no mercado está apto, portanto, para ser consumido com segurança", diz a empresa.
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