Em 60 anos, Inpa conseguiu transferir apenas quatro patentes a empresas.
Diretor substituto da instituição defende incentivo ao empreendedorismo.
Sede do Inpa, em Manaus (Foto: Divulgação/Inpa)
Invenções como a granola de pupunha, o biocida orgânico e o creme
dental fitoterápico com flúor são uma amostra do que se pode produzir
com os insumos da Amazônia. Mas, apesar de apresentar avanços, a região
enfrenta o desafio de transferir tecnologias desenvolvidas em
laboratório para o setor industrial. Somente o Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (Inpa) tem 80 produtos patenteados à espera de
investidores. O Fórum de Inovação do Amazonas, marcado para acontecer na
terça-feira (28), pretende apresentar soluções para o problema.Em 60 anos de existência, o Inpa transferiu apenas quatro patentes a empresas. Segundo o diretor substituto da instituição, Estevão Monteiro, produtos como fitoterápicos, podem levar até dez anos para entrar no mercado. "No Inpa, temos fitoterápicos de branqueamento dental. Esse tipo de produto, que é de qualidade refinada, demanda de empresas com nível de sofisticação mais elevado", disse.
O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas, Odenildo Sena, reforça a afirmação. De acordo com ele, nos Estados Unidos, as empresas privadas lideram o investimento em inovação. "O Brasil investe pouco em pesquisa e desenvolvimento. Importamos muito e trabalhamos com pacotes prontos. Mas, estamos avançando devagar no rumo da cultura do investimento", frisou.
Proteção
Monteiro afirmou ainda que o depósito de patentes é um dos indicadores do Produto Interno Bruto (PIB) de um país. "Na sociedade moderna, o que se mede em termos de conhecimento também é a capacidade do país em gerar inovação", destacou.
Segundo a chefe da Coordenação de Extensão Tecnológica e Inovação (CETI) do Inpa, Rosângela Bentes, a conquista de patentes representa independência tecnológica, além de proteger o país da concorrência desleal. "Mostra que a empresa tem tecnologia própria e está preocupada em proteger suas pesquisas. Muitas patentes foram registradas por outros países, porque a gente [Brasil] não se preocupa em fazer proteção intelectual", avaliou.
'Processo para enlatar alevinos de matrinxã' será
apresentado no Fórum de Inovação (Foto: Divulgação)
Produtos amazônicosapresentado no Fórum de Inovação (Foto: Divulgação)
De cosméticos a alimentos industrializados, a Amazônia tem matéria-prima que dão origem a produtos inovadores. Entre as invenções produzidas nos laboratórios do Inpa, estão a farinha de pupunha, desinfetantes à base de óleos da Amazônia e fitoterápicos que cobatem a cárie dentária, o que representa um avanço para odontologia brasileira.
Também há depósito de patentes com potencial na indústria farmacêutica, como é o caso do 'uso de derivados semi-sintéticos no tratamento da malária'. A criação "refere-se à obtenção de derivados inéditos a partir de uma substância natural extraída da caapeba, Pothomorf peltata, planta amazônica utilizada no tratamento da malária".
Fórum
O 8º Fórum de Inovação do Amazonas propõe o estreitamento da relação entre pesquisadores e empresários. Durante o evento, os investidores poderão tirar dúvidas sobre a Lei do Bem (Nº 11.196 de 21 de novembro de 2005). "Apesar de ser uma lei relativamente antiga, pouco tem sido usada pelos empresas", disse Sena.
Segundo o secretário, a lei prevê incentivos fiscais a empresários que investirem em pesquisas. "Eles poderão abater o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica, a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e o Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI)", afirmou.
O pesquisador Antônio José Inhamuns da Silva vai expor o 'processo de enlatados de alevinos de matrinxã (peixe amazônico)', durante o fórum. "A ideia é que possam surgir empreendedores interessados em investir no produto", disse Odenildo Sena.
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