MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Paciente do DF espera resultado de cirurgia de câncer há um ano


Ela retirou tumor no seio em 2012, mas não sabe se cirurgia deu certo.
GDF diz que tempo de espera na rede pública atende a mudança na lei.

Lucas Nanini Do G1 DF

A professora Maria Aparecida Nere, de 53 anos, de Sobradinho, no Distrito Federal, está há mais de um ano aguardando para fazer um exame para descobrir se a cirurgia para retirada de um tumor no seio esquerdo, realizada em março de 2012, deu resultado. Paciente do SUS, ela diz que cansou de esperar e recorreu à ajuda de amigos e familiares para pagar por um exame de ressonância magnética e verificar se está curada do câncer detectado em novembro de 2011.

“Fiz o exame pela rede particular para ser mais rápido. Se eu conseguir uma consulta hoje e pedir um exame de sangue amanhã, só daqui a seis meses é que vou ter o resultado”, afirma a professora.
A professora Maria Aparecida Nere mostra receitas médicas e resultados de exames para diagnosticar um tumor na mama (Foto: Lucas Nanini/G1)A professora Maria Aparecida Nere mostra receitas
médicas e resultados de exames para diagnosticar
um tumor na mama (Foto: Lucas Nanini/G1)
Diagnóstico
A professora Maria Aparecida diz que suspeitou de que estava com câncer na mama esquerda em junho de 2011, após fazer o autoexame. Ela passou por consultas com dois ginecologistas da rede pública em agosto daquele ano. “Eles disseram que era gordura, que eu não precisava me preocupar, que se estava doendo era porque não era câncer. ‘Se está doendo, não é câncer. Câncer não dói’, me disseram.”

Ela afirma que dois exames realizados em novembro de 2011 mostraram que havia um tumor. Daquele momento até a realização da cirurgia foram quatro meses de espera. Ela se submeteu ao procedimento para retirada do tumor em março de 2012. Dois meses antes ela se submeteu a uma biópsia, que foi agendada para dezembro, mas não aconteceu porque o centro médico da rede pública não tinha anestesista.

A professora iniciou o tratamento no Hospital de Base. Pouco tempo depois, o nome dela foi incluído em um grupo de pesquisas do Hospital Universitário de Brasília (HUB). Mesmo tendo passado pela cirurgia em março do ano passado, o nome da paciente só foi incluído no Sistema Nacional de Regulação em 15 de janeiro deste ano.
Fiz o exame pela rede particular para ser mais rápido. Se eu conseguir uma consulta hoje e pedir um exame de sangue amanhã, só daqui a seis meses é que vou ter o resultado"
Maria Aparecida Nere, professora
No último dia 10 de abril, ela se preparou para fazer o exame de ressonância magnética, que seria realizado em um hospital para tratamento de pacientes com câncer que mantém convênio com o governo do Distrito Federal.

“Quando cheguei ao hospital, fui informada que não poderia fazer o exame porque o hospital não tinha especialista para dar laudo de mama. Foi aí que decidi pagar o exame. Meus amigos e parentes me ajudaram, e o resultado fica pronto na sexta [24]”, diz Maria Aparecida.

Sobre a mudança na lei, que obriga a partir desta quinta-feira (23) o SUS a iniciar o tratamento para pacientes com câncer em no máximo 60 dias após o diagnóstico da doença, a professora se diz desconfiada. “Mas se funcionar, vai ser excelente.”
A Secretaria de Saúde do DF informou que, em relação às cirurgias oncológicas, com exceção de cabeça, pescoço, urologia e tumores em ossos e músculos, o tempo de espera está dentro dos 60 dias preconizados pela nova lei que vigora a partir desta quinta-feira (23). No início da semana, o governo disse que vai contratar mais médicos para poder iniciar o tratamento em, no máximo, dois meses a partir do diagnóstico clínico.
A pasta também disse que a espera para a primeira consulta da quimioterapia é de três dias, em média. Para realização do procedimento, o paciente aguarda de sete a dez dias; para a realização da radioterapia não há espera. Os pacientes com câncer são tratados em três unidades do DF, no Hospital de Base, no Hospital Regional de Taguatinga e no Hospital da Criança.
Paciente Maria Nere mostra uma chapa de raio X que detectou a presença de um tumor na mama esquerda (Foto: Lucas Nanini/G1)Paciente Maria Nere mostra uma chapa de raio X que detectou a presença de um tumor na mama esquerda (Foto: Lucas Nanini/G1)
Sofrimento
A professora Maria Aparecida Nere diz que as sessões de quimioterapia e radioterapia, iniciadas no mês seguinte à cirurgia para retirada de um tumor no seio esquerdo, causaram sofrimento. “Fui hospitalizada três vezes. Numa das vezes eu cheguei no Hospital de Base, mas não pude ser atendida porque eu fazia parte do grupo do HUB. Precisei da assinatura de um médico para poder ser atendida no Hospital de Base. Fiquei mais de quatro horas passando mal até ser atendida”, diz.
A professora Maria Aparecida Nere exibe o documento atestando a presença de um tumor na mama esquerda (Foto: Lucas Nanini/G1)A professora Maria Nere exibe o documento
atestando a presença de um tumor na mama
esquerda (Foto: Lucas Nanini/G1)
Ela afirma que teve infecção intestinal por causa da baixa imunidade, um dos efeitos colaterais da quimioterapia, teve uma anemia e precisou até fazer transfusão de sangue. Ela se submeteu a quatro sessões de quimioterapia, entre abril e junho de 2012, e a 33 sessões de radioterapia, entre agosto e outubro do mesmo ano.

A professora também diz que já sofreu com a falta de medicamentos oferecidos pela rede pública. “Tem remédio que nunca falta, mas às vezes você procura uma simples dipirona e não encontra”, afirma.

No início deste ano, ela diz ter identificado um caroço no tórax e outro no mesmo seio onde teve o câncer. O exame de ressonância, feito em clínica particular, cujo resultado deve sair na próxima sexta-feira (24), vai apontar se são tumores.

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