MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Para ajudar pai, empresária cria rede de cursos e fatura R$ 4,7 milhões


Karin Bolognino, de 31 anos, foi trabalhar aos 16, após pai perder emprego.
Ela criou a rede de cursos Up Center e quer fechar 2013 com 25 unidades.

Gabriela Gasparin Do G1, em São Paulo

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A empresária começou a trabalhar aos 16 anos para ajudar a família após o pai ficar desempregado (Foto: William Xavier/Divulgação)Empresária começou a trabalhar aos 16 anos após pai ficar desempregado (Foto: William Xavier/Divulgação)
Para se tornar a proprietária de uma rede de cursos profissionalizantes que faturou quase R$ 5 milhões em 2012, Karin Cristina Bolognino, de 31 anos, começou a trabalhar cedo, aos 16, após seu pai perder o emprego e a família passar por necessidades. De lá para cá, ela não parou mais. Decidida a ajudar os pais, usou o dinheiro da venda do único imóvel que tinham para apostar no negócio próprio. Hoje, a Up Center possui seis unidades – três delas em sistema de franquias lançado neste ano. A expectativa é fechar 2013 com 25 escolas espalhadas pelo país e aumentar o faturamento do ano passado, de R$ 4,7 milhões, em 25%.

“Minha obstinação era mudar a história de vida da minha família. A partir daí [do desemprego do pai], ia para a escola de manhã, de tarde cuidava de crianças como babá e aos finais de semana trabalhava como garçonete”, revela. Após trabalhar em uma escola de educação infantil, Karin conseguiu emprego em uma escola maior, de cursos livres. “Cinco anos depois, eu já era gerente nesta empresa e ganhava o maior salário da família”, revela a empreendedora, que vive em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo.
Passados 10 anos na nova empresa, veio a oportunidade de abrir o negócio próprio. O único imóvel que a família possuía era o dos avós, que morreram em 2010. “A casa que restou era a casa onde meus avós, ainda vivos na época, moravam. Era pequena demais, não havia possibilidade de morarmos juntos. Quando eles faleceram, a casa foi vendida e o que era para ser do meu pai ele me deu”, revela. Na época, a família vivia de aluguel. Com o desemprego do pai, nas épocas mais difíceis eles chegaram a sofrer três despejos, diz Karin.
O que eu tinha de dinheiro guardado não era suficiente e a saída seria vender a casa que restou do meu pai e pedir que ele confiasse em mim"
Karin Cristina Bolognino, empresária
Com o valor da venda da casa – aproximadamente R$ 80 mil –, a empresária acrescentou outros R$ 15 mil que tinha juntado e abriu a primeira escola, em 2010, na zona leste da capital paulista. “O que eu tinha de dinheiro guardado não era suficiente e a saída seria vender a casa que restou do meu pai e pedir que ele confiasse em mim”. A empresária conta, contudo, que depois precisou pegar mais um pouco de capital emprestado no banco, mas a própria escola “pagou” o empréstimo.
A zona leste de São Paulo foi escolhida estrategicamente. “Percebi que a região era carente desse tipo de negócio. Havia pouquíssimas escolas e a quantidade de pessoas para se atingir é imensa.”

São oferecidos cursos de informática, inglês, administração e gestão de negócios e tecnologia da informação. O público-alvo são jovens da classe média baixa, na faixa etária de 11 a 16 anos. “Aquele jovem que talvez não tenha acesso à faculdade. Oferecemos um ensino de qualidade que ele não vai ter dentro da escola estadual”, diz.
Esforço e recompensa
Depois que se tornou dona da própria empresa, ela revela que passou a trabalhar ainda mais e garante que o esforço foi recompensado. “Em seis meses, consegui recuperar o que tinha investido”, conta. Com o retorno, a primeira coisa que vez foi devolver a "dívida" aos pais. “Foi a primeira coisa que fiz. Dei um apartamento para eles. Um carro para a minha mãe, outro para a minha irmã e a escola para o meu pai”, revela.

A escola presenteada ao pai foi fruto da expansão da rede. Primeiro veio uma unidade em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista – junto com dois sócios. Depois, uma terceira escola foi montada na Lapa (com participação de 30% do sócio). A parte de Karin (70%) foi dada de presente ao pai.

“Ele trabalha todos os dias, ama o que faz. Foi a minha maior satisfação. Ele é um homem que não aceita ficar parado, que nunca ficou um só dia sem sair de casa para tentar ganhar dinheiro. Poder proporcionar a ele ser dono do seu negócio talvez seja mais gratificante e importante do que os rendimentos financeiros que isso trás”, relata a empresária. De acordo com ela, atualmente, toda a família gira em torno da Up Center, citando, além do pai, a irmã mais nova e um tio.
Após expansão, pai de Karin assumiu gestão de uma das unidades (Foto: Carla Bolognino/Divulgação)Após expansão, o pai assumiu gestão de uma das
unidades (Foto: Carla Bolognino/Divulgação)
Franquias
A ideia de se tornar franqueadora surgiu após amigos pedirem para abrir um negócio. “Pensei, em vez de ser sócia, vou ser franqueadora e dar apoio. Conversei com um dos meus sócios e ele me apoiou na ideia. Começamos a contratar pessoas com experiência nessa área, a padronizar e ‘manualizar’ todos os procedimentos internos e a buscar interessados e potenciais franqueados”, revela.

Neste ano, três escolas já foram vendidas como franquias (uma em Sorocaba e Campinas, no interior de São Paulo, e uma em Curitiba). De acordo com Karin, as unidades já foram comercializadas e devem ser inauguradas em breve.

Foi criado um departamento específico para a expansão – a expectativa é vender mais 19 franquias até o fim do ano, somando 25 unidades no total. “Tenho um departamento todo em função disso. Um diretor de expansão, vendedores de franquia, manuais prontos. A gente começou a estruturar há um ano (...), não é uma coisa de agora”, diz.

Sonho realizado
Karin diz que sempre sonhou em ter o negócio próprio e até quando era funcionária se via com responsabilidades de proprietária. “Desde adolescente, eu sempre sonhei em ser dona de alguma coisa (...). Quando eu trabalhava [como funcionária], tinha que bater metas no final do mês. Ficávamos até 23h, meia noite. Eu nunca pensei como funcionária, sempre pensava como se a empresa fosse minha”, diz.
Karin usou experiência anterior e aplicou na própria rede (Foto: William Xavier/Divulgação)Karin usou experiência anterior e aplicou na própria
rede (Foto: William Xavier/Divulgação)
A empreendedora afirma que a experiência como gerente na escola de cursos livres foi essencial para entrar na empreitada, tendo em vista a rotina de liderar equipes e ajudar na administração da empresa.

“Eu administrava a escola em que trabalhava praticamente sozinha e cuidava de todas as áreas, administrativa, comercial e pedagógica. Usei só a experiência que tinha, não cheguei a buscar nada fora. A grande verdade é que abri ‘na raça’ mesmo. Com a cara e a coragem”, diz. “Já dominava todos os erros e acertos nesse tipo de negócio.”

Além do trabalho, Karin conta que chegou a fazer faculdade de direito, mas nunca deu continuidade à carreira. “Queria ser empresária”, diz.

Mesmo com tantas conquistas, a empresária fala de sua história com os pés no chão. “Agora que a gente fala do assunto, eu vejo o quanto isso foi grande, na época [que começou], eu não via assim. Fiz porque achava que tinha que ser feito, foi com alegria, não foi com sacrifício. (....) Hoje eu vejo o quanto é difícil ter que trabalhar e estudar nessa idade, trabalhar para pagar conta de luz, para comprar carne, na época não doeu,  nem hoje”, diz.

“Me sinto realizada, pois o sonho de mudar a vida da minha família aconteceu. Tenho um negócio altamente lucrativo, que requer dedicação e paixão. E isso tenho de sobra. Pelo negócio e pela vida”, diz.

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