MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 19 de maio de 2013

Pesquisa indica fragilidade da América Latina na proteção contra ciberataque


Segundo estudo inédito patrocinado pela OEA, alguns países latino-americanos chegaram a registrar, entre 2011 e 2012, aumento de 40% de crimes, sabotagens e espionagem na rede


Roberto Simon, de O Estado de S. Paulo
Um estudo inédito sobre cibersegurança na América Latina, publicado este mês, concluiu que a região é uma das mais vulneráveis do mundo a crimes, atos de sabotagem e mesmo espionagem na rede. O pior, dizem especialistas, é que a maior parte dos governos e empresas latino-americanos não está preparada para lidar com essas ameaças. 
A pedido da Organização dos Estados Americanos (OEA), a consultoria Trend Micro fez o primeiro levantamento extensivo sobre cibersegurança do México à Patagônia. A conclusão é que aumentaram tanto o número de ataques detectados quanto os tipos de ameaça.
Há desde esquemas de lavagem de dinheiro e outros crimes financeiros, até ofensivas online com motivação política. Nesta segunda categoria, enquadram-se o chamado “hacktivismo” - protestos com ataques virtuais -, agressões a sistemas de infraestrutura, como de transportes e energia, ou roubo de dados sigilosos e informações estratégicas.
“Ataques cibernéticos são cada vez mais frequentes e ameaçadores nas Américas, principalmente em razão dos avanços da tecnologia”, disse ao Estado Neil Klopfenstein, chefe do Secretariado de Segurança Multidimensional da OEA, escritório responsável pela pesquisa. Desde que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da entidade questionou a construção da Usina de Belo Monte, o Brasil vem mantendo relações frias com a OEA e não forneceu seus dados para a pesquisa.
Klopfenstein cita outras duas causas que explicam a escalada nos ciberataques. Primeiro, na última década o número de internautas subiu mais de 1.000%. Atualmente, analistas estimam que 43% da população latino-americana se conecte regularmente à rede (no Brasil, seria cerca de 45%). Segundo, aumentaram também as detecções de contravenções online, embora muitas ainda passem despercebidas.
Todos os 20 governos que participaram do estudo registraram o crescimento dos ciberataques entre 2011 e 2012. Os dados fornecidos à OEA são confidenciais e os países não podem ser identificados. Mas a pesquisa indica que o aumento dos ataques variou de 8% a 40%. Esses números podem ser bem maiores, conclui o estudo, pois muitas entidades privadas e públicas ainda hesitam admitir que foram alvo de invasões e roubo de dados.
Há relatos de casos graves. Um governo, por exemplo, admitiu à OEA ter sido alvo de um programa espião. O software que roubava informações secretas teria sido instalado em uma agência de segurança do Estado. Outro país afirmou que 80% dos crimes investigados tinham ligação com algum tipo de contravenção eletrônica.
Embora não tenha sido contemplado no estudo, o Brasil é um dos alvos mais frequentes de ciberataques. Em 2009, o programa 60 Minutes, citando fontes americanas, disse que um ataque de hackers teria causado um apagão no Espirito Santo dois anos antes, no que seria o primeiro “atentado online” da história - Brasília nega a informação.
Johanna Mendelson Forman, especialista do Center for Strategic and International Studies (CSIS), afirma que o Google brasileiro já foi derrubado pelo menos 190 vezes.
Ciberguerra. Um dos formuladores da estratégia de proteção eletrônica do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Paul Rosenzweig aponta que governos e empresas da América Latina ainda veem cibersegurança como um “custo desnecessário”, principalmente por se tratar de uma região onde a possibilidade de uma guerra entre Estados, com o uso de ataques online, é remota. A ciberguerra foi empregada em conflitos na Líbia, Gaza e Geórgia.
“Essa ideia de imunidade é um erro”, disse ao Estado o especialista. “Vemos que hackers chineses têm ido atrás de propriedade intelectual e dados. Houve casos desse tipo na África e mesmo no México”.
A China é, de longe, a origem da maioria dos ataques (veja o quadro acima). Para Adam Segal, pesquisador do Council on Foreign Relations, todas as empresas que operam em setores estratégicos, como aviação e petróleo, “estão na mira dos chineses, e a América Latina não é exceção à essa regra”. O pesquisador esteve na semana passada no Brasil a convite do governo federal para discutir cibersegurança com militares e autoridades da Anatel. “O governo brasileiro está empenhado, mas ainda é o começo de um longo caminho”, concluiu Segal.

Nenhum comentário:

Postar um comentário