MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Políticos 'esquecem' propaganda nas ruas de Curitiba após eleições


Seis meses após o pleito, ainda é possível encontrar publicidade política.
Segundo o MP, prática pode resultar em multa e processos criminais.

Samuel Nunes Do G1 PR

No bairro Mossunguê, ainda há a identificação de onde funcionava o comitê de campanha do prefeito eleito Gustavo Fruet (Foto: Leonardo Morrone/ÓTV)No bairro Mossunguê, ainda há a identificação de onde funcionava o comitê de campanha do prefeito eleito Gustavo Fruet (Foto: Leonardo Morrone/ÓTV)
Enquanto a Prefeitura de Curitiba mantém uma campanha para limpar as ruas de pichações, em vários locais da cidade, a poluição visual é mantida pelos próprios políticos. Passados quase seis meses do primeiro turno das eleições para prefeito e vereador, em muitas ruas da capital paranaense é possível encontrar cartazes, outdoors e muros pintados com a propaganda que restou das últimas eleições.
Na Avenida Presidente Kennedy, no bairro Água Verde,  por exemplo, um outdoor traz o nome, número de urna e o rosto de Luizão Stellfeld (PSL), que não conseguiu se eleger. Em outro ponto da cidade, um muro pintado lembra o eleitor sobre a vereadora reeleita Julieta Reis (DEM). Embora já coberto pelo mato, ainda é possível ler com clareza o nome da parlamentar.
Próximo ao Estádio Janguito Malucelli, no bairro Mossunguê, um muro traz também a indicação de onde funcionou o comitê de campanha do prefeito da cidade, Gustavo Fruet (PDT. Além do nome do prefeito, a inscrição ainda traz o nome do deputado federal Wilson Picler (PDT), que o apoiou durante o pleito.
De acordo com o Ministério Público do Paraná (MP-PR), essa propaganda deveria ter sido removida 30 dias após o fim das eleições. A ordem está em uma instrução publicada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que prevê sanções conforme a legislação municipal. “O responsável pode ser notificado e é estipulado um prazo para que retire, sob pena de multa diária ou crime de desobediência”, afirma o coordenador das promotorias eleitorais do MP-PR, Armando Sobreiro.
Ex-candidato disse que empresa contratada era responsável por tirar a propaganda (Foto: Sergio Tavares Filho/G1)Ex-candidato disse que empresa contratada era responsável por tirar a propaganda (Foto: Sérgio Tavares Filho/G1)
O promotor diz que, após o prazo para retirada, existe uma fiscalização do MP-PR a respeito da propaganda política. Porém, cabe também à população denunciar à promotoria ou à Justiça Eleitoral os casos de desrespeito. “Como esse tipo de situação nem sempre acontece em locais de fácil acesso, às vezes o MP não fica sabendo da propaganda política. Havendo a informação, dependendo da zona eleitoral, cada promotor pode entrar com as medidas cabíveis”, conta.
O G1 entrou em contato com os políticos citados na reportagem. Por telefone, Luizão afirmou que pediu a retirada de toda a publicidade de campanha três dias após o primeiro turno das eleições. “O pessoal que contratamos se comprometeu a retirar. Passei lá outro dia e vi que essa tinha ficado. Mas como fica num lugar alto, é preciso retirar de uma estrutura para retirar. Vou pedir de novo à empresa que retire”, afirmou.
Já a assessoria do prefeito Gustavo Fruet informou que irá retirar todo o material de campanha que possa ter pela cidade, ainda nesta quarta-feira (1º). A vereadora Julieta Reis não foi encontrada pela reportagem para comentar o assunto.
Professor de publicidade acredita que propaganda esquecida pode denotar 'falta de consciência' dos políticos (Foto: Fernando Castro/G1)Professor de publicidade acredita que propaganda esquecida pode denotar 'falta de consciência' dos políticos (Foto: Fernando Castro/G1)
Direito à imagem urbana
Alessandro Filla Rosaneli, professor de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná, estuda com os alunos os efeitos que a poluição visual pode trazer à cidade. Segundo ele, a maior parte das pessoas não conhece que o espaço público é um direito delas. “O nosso pressuposto é que a paisagem urbana é pública. Todos nós temos direito a ter uma imagem urbana”, afirma.
Isso só mostra que o entendimento de 'público' dos políticos é muito restrito"
Alessandro Filla Rosaneli, professor de Arquitetura e Urbanismo da UFPR
Para ele, as ruas têm sido intensamente ocupadas pela propaganda, de modo geral, o que caracterizaria uma privatização dos espaços públicos. Esse comportamento, na avaliação do professor, também está presente na ação dos políticos. “Isso só mostra que o entendimento de “público” dos políticos é muito restrito”, conta.
O professor de Publicidade e Propaganda da Universidade Positivo, Hilton Castelo, explica que os anúncios residuais não são de responsabilidade das agências contratadas pelos políticos, mas das empresas subcontratadas para afixar a publicidade. “O controle é feito pela exibidora”, diz referindo-se a casos em que o espaço onde a publicidade foi colocada muitas vezes não é vendido para outras empresas ou pessoas e, por isso, acaba ficando por muito tempo no local.
Apesar disso, Castelo afirma que a mensagem da propaganda que visa promover a imagem do político, ainda permanece. Contudo, ela pode ser interpretada de duas formas. Para o político, muitas vezes, a publicidade que sobra tem a intenção de mostrar para o eleitor uma imagem positiva. Mas para os eleitores ela acaba “expondo uma falta de consciência”.

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