MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 12 de maio de 2013

Produtores de leite apostam no trabalho coletivo e solidário no RS


Produtores investem em gado com boa genética e pastagem diferenciada.
Cooperativa com mais de 100 anos reúne três mil produtores.

Do Globo Rural

O Sul do Brasil, comparado com o resto do país, tem características próprias na produção de leite: gado com boa genética, pastagem diferenciada e ainda investimento na qualidade.
Minas é o estado brasileiro mais produz leite, mas o Rio Grande do Sul é o que tem mais crescido ano após ano. Em relação à Minas e ao Brasil todo, de São Paulo para cima, os gaúchos têm de diferente na produção do leite a vaca, o pasto e a tecnologia.
No município de Carlos Barbosa, região serrana do Rio Grande do Sul, a participação de imigrantes de origem europeia cedo influenciou os gaúchos no sentido do trabalho coletivo e solidário. A cooperativa de leite Santa Clara é a mais antiga do país e está em funcionamento há mais de 100 anos.
O presidente, Rogério Sauthier, vem sendo reconduzido no cargo há 16 anos. Dos mais de 100 derivados do leite que a cooperativa põe no mercado, ele fala com orgulho do primeiro queijo probiótico do Brasil. Além de nutritivo e gostoso, diz ele, faz bem para o intestino.
Sauthier comenta qual a maior dificuldade do produtor no Sul do país. “No momento é os insumos. O milho e soja. Eles estão num preço acima de qualquer expectativa. O milho é quase o dobro do preço normal dele. Isso afeta muito o nosso produtor”.
A cooperativa tem sub-sedes e postos de coleta, mas a fábrica fica junto da sede. O leite primeiro é tratado para se livrar de impurezas e bactérias indesejáveis. Depois recebe processamento de acordo com o produto.
“O produtor tem que cuidar do leite. Quanto mais ele cuidar, mais ele facilita para nós porque de um leite bom, eu consigo fazer um produto bom. Agora, o laticínio pode estragar o leite, melhorar o leite ele não consegue”, explica o gerente de laticínios da cooperativa, Jair Ceratti.
O presidente da cooperativa é de origem francesa, o gerente de família italiana, o produtor cooperado, Gelsi Thums, tem sangue austríaco.
Gelsi acompanha o crescimento do capim para ser cortado pelas vacas na hora e altura certas.  “Há 14 anos atrás, eu produzia 25 litros de leite por dia, logo em seguida, o leiteiro passou a passar de dois em dois dias, aí eu tinha que arrumar um jeito para armazenar o leite, porque aí ia ficar 48 horas na propriedade. Eu adquiri um resfriador para taros de leite com água. Aí a gente passou para dois taros, depois para quatro, depois para seis e para oito”, conta.
Atualmente, Gelsi está tirando 350 litros. “Detalhe: que a gente passou de 25 litros para 350 litros hoje sem comprar nenhuma vaca”, conta.
Através de cursos na cooperativa, o produtor viu que o gadinho que tinha era bom de sangue, o que faltava era cocho. Investiram então em feno, silagem, concentrado e souberam usar bem outra arma, a inseminação artificial. “A cooperativa cobra da gente R$ 70 dos melhores, os mais caros, e depois faz a nota, desconta no leite e eu vou com uma nota na prefeitura e eles me devolvem 50% desse valor", fala o produtor.
Outra lição: o produtor pode ganhar mais por seu leite, contanto que tenha mais cuidado e capricho. “A qualidade do leite significa muito para nós porque no ano de 2012 a gente pegou 365 dias do ano a  mais de R$ 0,10 por litro de leite só na qualidade”.
Uma situação bem diferente do produtor Gelsi foi encontrada no curral dos irmãos Tang, apesar de as duas propriedades têm em comum a área 15 hectares para produção de leite.
O curral de 80 vacas é cuidado pelos dois irmãos Marcos e Itamar Tang. A granja dos irmãos Tang está com uma vacada já conhecida. Todo ano, eles levam algum animal para exposições em Porto Alegre e quase sempre voltam com o primeiro lugar.
No verão, o milho ocupa 11 dos 15 hectares da fazenda, para a silagem garantir bom volumoso o ano todo, junto com os capins plantados. Quando chega o inverno, tempo de seca em quase todo o país, no Sul a situação é confortável.
“Nós no Rio Grande do Sul temos essa dádiva o azevém. Acho que o azevém como dizem em guacho, ele é nativo e dá até no barranco das estradas. Então, geralmente, onde tira o milho tem o azevém depois. Como aqui é um pouco mais frio, ele vem precocemente, num ano um pouco mais chuvoso, entre março e abril, e aí que realmente começamos a produzir um leite com um custo mais barato”, diz Marcos.

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