MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 8 de maio de 2013

SER NEGRO É UM CRIME!?



A sociedade brasileira é constituída por diferentes grupos étnico-raciais que a caracteriza, em termos culturais, como uma das mais ricas do mundo. Entretanto, sua história é marcada por desigualdade e discriminação, especificamente contra negros e indígenas, impedindo, desta forma, seu pleno desenvolvimento econômico, político e social.
Até quando a cor da pele vai falar mais alto dentro da nossa sociedade que arrasta o racismo desde os tempos da escravidão. Podemos compreender que o tema “ser negro” é uma análise quantitativa que nos remete a história de Fernand Braudel em “O mediterrâneo”. Os diversos percursos da história forçam a sociedade atual a imaginar a distancia ou o tempo para estruturação do verbo “ser negro” em meio aos longos processos que se constitui de modelos, padrões, normas e regras raciais, como diria Weber um “tipo ideal” o qual a cultura negra sobreviveu, passando da condição de “coisa” para sujeito do processo histórico social.
Mas a sociedade do século XXI ainda se fundamente em uma visão etnocêntrica, característica de quem só reconhece a legitimidade e validade das normas e valores vigentes na sua própria cultura ou sociedade. Tem sua origem na tendência de julgar as realidades culturais de outros povos a partir dos seus padrões culturais. Pelo que não é de admirar que consideremos o nosso modo de vida como preferível e superior a todos os outros.
Os valores da sociedade a que pertencemos em muitos momentos são declarados como valores universalizáveis aplicados a todos os homens, ou seja, dada a sua “superioridade” tal modelo deve ser seguido por todas as outras sociedades. Adaptando esta perspectiva não é de estranhar que alguns povos tendem a intitularem-se os únicos com legítimos e verdadeiros representantes da espécie humana.
O que é Etnocentrismo? É a forma que colocamos o nosso eu, como referência e anulamos ou rebaixamos a opinião do outro. Um bom exemplo de etnocentrismo é a “inferiorização” dos negros, índios e seus descendentes.
 Há quatro anos sente o peso desta inferiorização na pele, quanto fiz a minha inscrição para o vestibular na UEG Universidade Estadual de Goiás, declarei-me negro no ato da inscrição. Após a minha aprovação no processo seletivo, me encaminhe para a sede da faculdade; na fila como todos, aguardava para efetuar a minha matrícula.
Quando entreguei os meus documentos, a secretária me disse: “cadê o seu registro de cor? Você se declarou negro, precisa do mesmo para efetuar a sua matricula!” Fiquei abalado com aquela situação, pois os brancos, os pardos e outros que ali estavam não precisavam de tal documento. “Ser negro é um crime!?” Por assumir a minha cor, preciso de um registro de cor!
E para obter o mesmo tive que pagar e levar três testemunha para aprovar a minha cor em cartório de registro.  Na declaração e registro de cor constava explicitamente a frase: “Dhiogo José Caetano declara-se negro de acordo com o Censo Escolar e perante a lei”.
A cor da pele, de atributo simplesmente biológico, assume um conteúdo cultural, social e moral em um imenso conjunto de quali' cativos inferiorizantes. Esse processo aconteceu, principalmente, com os fenotipicamente negros ou de pele mais escura, que não podem “disfarçar sua origem racial”.
Os perigos da atitude etnocêntrica se fixa na negação da diversidade cultura humana (como se uma só cor fosse preferível ao arco-íris) e, sobretudo os crimes, massacres e extermínios causados por esta conjugação de atitude ilegítima.
Depois da segunda guerra mundial e do extermínio de milhões de indivíduos e povos, a antropologia promove uma abertura da mentalidade, passando a seguinte mensagem: em todas as culturas encontramos valores positivos e negativos, se certas normas e práticas nos parecem absurdas devemos procurar o seu sentido integrando a totalidade cultura, o conhecimento metódico e descomplexado de culturas diferentes da nossa permitiu compreendemos o que há de arbitrário em alguns dos nossos costumes, tornando legítimo optar, por exemplo, por orientação cultural não só daquela em que fomos educados, buscando questionar determinados valores vigentes, respeito o outro, construindo nossos critérios de valores das relações sociais, com a natureza, etc.
A defesa legítima da diversidade cultural conduziu, contudo muitos antropólogos atuais a enxergarem a diversidade das culturas e das sociedades. No decorrer da análise podemos concluir que não existe valores universais ou normas de comportamentos válidas independentemente do tempo e do espaço.
São tantas as mazelas sociais que circunda a nossa sociedade moderna a qual evoluiu as técnicas, os mecanismos; no entanto estagnou-se com relação à forma de pensar os conceitos de cor, sexualidade, e padrões sociais.
As organizações negras são fundamentais na luta contra as desigualdades raciais no Brasil contemporâneo. Algumas delas têm uma longa história, que remonta ao século XIX, no tempo em que uma boa parte da população afro-brasileira ainda lutava para emancipar-se da escravidão. Outras foram criadas em resposta à discriminação e às péssimas condições de vida do negro no século XX.
É preciso romper com os padrões e finalmente tornarmos personagens que não mais serão vistos como figurantes, mas como protagonistas que objetivam tornar a nossa sociedade mais igualitária.
Portanto, busco a voz de todos os revolucionários para gritarmos contra a imposição social, o racismo; rompendo com o sistema que nos sufoca e cria falsas realidades.
”Só se abate o preconceito acreditando na igualdade”.
EMAIL RECEBIDO DE DHIOGO JOSÉ CAETANO

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