MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Supermercados do RS retiram das prateleiras lotes de leite adulterados


Em algumas lojas, vendas de produtos das marcas foram suspensas.
Transportadoras misturavam água e ureia em leite de quatro marcas.

Do G1 RS

As principais redes de supermercados que atuam no Rio Grande do Sul afirmaram nesta quarta-feira (8) que retiraram de circulação os lotes de leite adulterados identificados pelo Ministério Público (MP). Uma investigação do órgão constatou a adição de água e ureia nas transportadoras em produtos de quatro marcas.
Batizada de Leite Compensado, a operação resultou na prisão de oito pessoas suspeitas de envolvimento na adulteração do produto, além da interdição de uma empresa e de três postos de refrigeração no Rio Grande do Sul. Também foram apreendidas armas, 60 sacos de ureia e cerca de R$ 100 mil em dinheiro. Dois presos já foram liberados.
Das quatro marcas que tiveram lotes adulterados – Líder, Italac, Mu-Mu e Latvida – uma teve as atividades suspensas temporariamente pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio (Seapa). A Latvida está proibida de produzir e comercializar qualquer derivado de leite a partir desta quarta (8). Segundo a Seapa, a empresa descumpriu a determinação que vedava a venda de leite UHT desde 1º de abril.
Responsável pelos supermercados Big e Nacional, o Walmart informou que “determinou a retirada das suas lojas de qualquer produto da marca Latvida e os lotes adulterados das demais marcas”. Os clientes que tenham adquirido algum produto adulterado em lojas da rede podem procurar as unidades da empresa para realizar a substituição.
Já o Carrefour informa que, "por medida preventiva, determinou a suspensão imediata da comercialização das marcas de leite informadas pelo MP-RS em suas lojas de todo o Brasil". A rede Zaffari e Bourbon disse que trabalha com apenas uma das marcas que tiveram lotes adulterados e que já suspendeu a venda de todos os produtos. As duas redes também dizem que os consumidores podem procurar as lojas para fazer a troca dos leites com problemas.
Produtos das marcas contaminadas foram retirados das prateleiras também em outros supermercados do interior do estado. Em Bagé, na Campanha, um consumidor devolveu uma caixa com 12 litros de um dos lotes adulterados. Em um estabelecimento de Santa Rosa, no Noroeste, a proprietária decidiu recolher até o leite que não era dos lotes citados pela investigação. O procedimento também foi adotado pelo comércio de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo.
Conforme a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), um comunicado recomendando a verificação dos estoques e a retirada das prateleiras dos lotes com problemas foi enviada a todos os associados da entidade. O consumidor que tiver em casa unidades desses produtos pode procurar o estabelecimento onde fez a compra, munido de nota fiscal, para realizar a substituição ou, se for o caso, pedir o reembolso dos valores.
A Agas diz que, até o momento, não recebeu notificação de que foram encontrados lotes de leites adulterados nos supermercados do estado. Como se tratam de produtos fabricados no final de 2012 e início de 2013, é provável que todos já tenham sido comercializados, segundo a entidade. O MP suspeita que o esquema possa ter adulterado até 100 milhões de litros nos últimos 12 meses.
Adulteração era feita com água de poço
Esquema de adulteração no leite é desmontado pelo MP no RS (Foto: Reprodução/RBS TV)Esquema de adulteração no leite é desmontado pelo
MP no RS (Foto: Reprodução/RBS TV)
De acordo com a investigação, os fraudadores misturavam água e ureia ao produto para aumentar o volume. Em Ibirubá, no Noroeste, a água adicionada ao leite vinha de um poço artesiano e nem sequer era tratada. Do galpão, o produto seguia para os postos de resfriamento. A movimentação nos sítios onde a fraude acontecia era maior à noite, quando caminhões deixavam os locais discretamente, acompanhados de batedores.

No mesmo local onde são criados porcos, funcionava um galpão onde a água e a ureia eram misturados ao leite. A mercadoria era posteriormente armazenada em caminhões sem refrigeração. O ambiente é sujo, de chão batido, e sem higiene. A ureia era acrescentada ao líquido em forma de pó e contém formol, uma substância considerada cancerígena pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Fiscalização detectou  alterações
O Ministério da Agricultura emitiu nota técnica para explicar como foi detectada a fraude. De acordo com o Ministério, desde 2007, há fiscalização periódica por parte do Serviço de Inspeção Federal (SIF) para atestar a qualidade do produto. A partir de junho de 2012, o SIF começou a detectar a presença de formaldeído nas amostas de leite cru em alguns postos de refrigeração no estado.
No início deste ano, o laboratório do Mapa em Pedro Leopoldo (MG) confirmou a presença da substância em seis lotes da marca Italac pertencente à Goias Minas, em Passo Fundo. A partir deste resultado, foram coletadas amostras de todos os leites UHT produzidos no Rio Grande do Sul. Foi encontrada adulteração em lotes das marcas Líder e Mumu.
As investigações apontam para adição de ureia agrícola no leite cru, com o formaldeído acrescido por fazer parte da composição do produto. A adulteração tinha como objetivo aumentar o volume com água e tentar manter os padrões do leite. A Superintendência Federal de Agricultura no RS concluiu que a fraude não ocorria nas indústrias, mas nos transportadores, que só podem ser fiscalizados quando estão nas indústrias ou nos postos de resfriamento de leite.
De acordo com a nota, alguns transportadores atuam de forma independente e negociam o volume e o preço do leite entre os produtores e as indústrias. A remuneração ocorre por volume e não por quilômetro rodado.  A investigação mostra que as indústrias não sabiam da fraude. No entanto, segundo o MP, teriam falhado ao não detectar o esquema no controle de qualidade.
A orientação dos promotores é que os consumidores deixem de beber o leite de lotes específicos de fabricação. O Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do Sul (Sindlat) emitiu nota em que condena a adulteração e relata que acompanha a investigação desde o início. "Todos os lotes identificados com problema foram retirados do mercado e não se encontram mais à disposição do consumidor. Os estoques disponíveis no varejo estão aptos para o consumo humano", afirma a nota.

Nenhum comentário:

Postar um comentário