MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Transportadores ofereciam preços acima do mercado por leite no RS


Segundo produtor rural, ofertas chegavam a R$ 0,30 a mais por litro.
Intermediários misturavam água e ureia ao leite cru no estado, diz MP.

Do G1 RS

Apontados como responsáveis pelo esquema de adulteração do leite descoberto pelo Ministério Público (MP) no Rio Grande do Sul, os transportadores autônomos, chamados de intermediários na cadeira produtiva, ofereciam preços acima do mercado para comprarem a matéria-prima, dizem produtores rurais.
Criador de gado leiteiro no interior de Santa Rosa, no Noroeste do estado, o produtor Cristiano Braun conta que já recebeu muitas propostas atrativas, mas não aceitou. “São propostas de R$ 0,20, R$ 0,30 a mais por litro de leite. Quando o leite esta 80 e poucos centavos, os caras vinham oferecer R$ 1,10”, conta o produtor.
De acordo com as investigações do MP, a fraude ocorria entre a compra do leite cru na propriedade rural e o transporte para os postos de resfriamento. No meio do caminho, o produto era levado para galpões, onde era misturado a água e ureia, uma substância que contém formol, elemento químico considerado cancerígeno.
A cada mil litros de leite cru, eram acrescentados 90 litros de água e um quilo de ureia. Com isso, o volume vendido aos postos de resfriamento aumentava em cerca de 10%, junto com o lucro dos transportadores. A estimativa dos promotores é de que pelo menos 100 milhões de litros de leite cru tenham sido adulterados.
O secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio do Rio Grande do Sul (Seapa), Luiz Fernando Mainardi, disse que o governo gaúcho deve propor um novo modelo de produção do leite no estado, eliminando os intermediários na cadeia produtiva. A ideia é fazer as próprias empresas assumir a responsabilidade pelo transporte da propriedade rural até a indústria.
No total, sete marcas de leite tiveram lotes recolhidos do mercado (veja a lista abaixo). Até o momento, nove pessoas foram presas, uma empresa de laticínios foi interditada e três postos de refrigeração foram fechados no estado. Duas pessoas foram liberadas após depoimento. O promotor Mauro Rochenback estima que pelo menos 12 pessoas sejam denunciados por envolvimento no esquema de adulteração do leite.

O que disseram as empresas
Mu-Mu
Em nota, a empresa afirmou que "atende a todos os requisitos e protocolos de testes de matéria prima exigidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento". No texto constam outros esclarecimentos: "A investigação do Ministério Público está concentrada no transporte entre o produtor leiteiro e os postos de resfriamento, onde o produto fica armazenado antes da entrada em nossa fábrica. A empresa permanece à disposição do MP e MAPA, no que for solicitado". A Mu-Mu também informa aos consumidores que tenham produtos do lote citado ou que tenham dúvidas entrem em contato com o SAC, pelo número 0800 51 7542, de segunda a sexta, das 7h30 às 18h30 e, aos sábados, das 7h30 às 13h30.
Latvida
Em contato com o G1 por telefone, a empresa Latvida informou que está operando normalmente. Segundo a assessoria de comunicação, a ação é direcionada exclusivamente aos transportadores do leite no estado. Em relação a esse aspecto, a marca disse que "está sendo eficiente até o momento".  A Latvida ainda afirmou que o problema ocorreu no lote 196 do leite UHT desnatado e que todos os outros estão liberados para o consumo. "Estamos vendo essa ação do MP com naturalidade. Nossos laboratórios funcionam 24 horas por dia e temos um laboratório móvel que percorre as regiões dos 1,6 mil produtores que temos no estado", disse o assessor de comunicação da empresa, Paulo Pereira.

Italac
Em e-mail enviado no início da tarde, a Italac informou que "o problema foi pontual, ocorrido no Rio Grande do Sul, e aconteceu no transporte do leite cru, entre a fazenda e o laticínio, antes de ser industrializado". Ainda segundo a nota, "os lotes identificados com problema foram retirados do mercado e não se encontram mais à disposição do consumidor. Todo o leite Italac encontra-se em perfeitas condições de consumo com total segurança e qualidade".
Líder
A empresa diz ter retirado do mercado ainda em fevereiro deste ano o lote não recomendado para o consumo, "tão logo a companhia tomou conhecimento da possibilidade de existir um problema de qualidade". A nota diz que cinco transportadoras de leite cru foram descredenciadas e um dos postos de resfriamento no estado foi fechado "por causa da ação de fraudadores". "Além disso, a Líder faz dupla checagem, nos postos de resfriamento e na fábrica, e desde janeiro não detectou nenhuma adulteração no leite destinado à produção. O leite Líder disponível no mercado está apto, portanto, para ser consumido com segurança", diz a empresa.

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