MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 4 de maio de 2013

Ubaitaba-Ba: uma cidade sitiada pelo medo


Simone Nascimento-Diário Bahia
Assaltos, arrombamentos, assassinatos, atentados. Esta é a rotina do pequeno munícipio de Ubaitaba, onde a insegurança obrigou os moradores a virarem reféns dentro de suas próprias casas. Sitiada pelo medo, a cidade com aproximadamente 24 mil habitantes tem sido alvo constante da criminalidade. Somente em abril, uma média de 15 ocorrências foi registrada na delegacia do município. Aliás, esta é outra preocupação da população, que não titubeia ao declarar: a segurança anda "caindo das pernas". Prova disso, é que o delegado conta apenas com o suporte de um escrivão para executar os serviços. O único agente civil que tinha foi transferido esta semana, segundo Mário Lima, presidente do Conselho Municipal de Segurança Pública de Ubaitaba. Informações publicadas no site Ubaitaba Urgente relatam que aproximadamente 98% das prisões são feitas pela Polícia Militar. Em entrevista, por telefone, ao Diário Bahia, Mário foi taxativo: a violência atingiu níveis alarmantes. "Se não fosse a PM, a gente estaria jogado às traças", frisou.
A estrutura da cadeia pública também é precária e algumas fugas já foram registradas. As tentativas, então, nem se fala. Mário informou que na última sexta-feira, dia 26 de abril, houve um início de rebelião. Os detentos haviam cavado um buraco na parede e por pouco não fugiram. A polícia Militar foi acionada e conseguiu controlar a situação. O delegado Paulo de Tarso já pediu, inclusive, a interdição da cadeia. "O lugar é terrível. Tem infiltrações e não tem como custodiar presos", reforçou o presidente do CMS. Preocupado com a violência desenfreada, Mário chegou a procurar, semana passada, a 7ª Coordenadoria de Polícia Civil de Ilhéus, que responde pela área de Ubaitaba. "Conversei com o delegado André e ele me disse que a polícia Civil está assim em todo lugar. Que o problema vem de Salvador, que não fez concurso público. Resumindo: não sinalizou nenhuma solução", indignou-se Lima. Ele disse que, em 2011, foi à capital e esteve na Secretaria de Segurança Pública da Bahia. "O secretário Maurício Barbosa prometeu que até junho daquele ano aumentaria o efetivo policial, mas já se passaram dois anos e nada foi feito", queixou-se.
Arrastões simultâneos
Enquanto isso, bandidos estão promovendo verdadeiros arrastões pelas ruas da cidade. De acordo com Mário, ninguém escapa da ação dos criminosos. São comerciantes, transeuntes, estudantes. Há dois meses, por exemplo, a Ótica Rocha, na avenida Presidente Vargas, foi assaltada. Os prejuízos foram calculados em R$ 50 mil. Até agora, ninguém foi preso. A impunidade, ressalta Lima, é um dos fatores que mais revoltam os moradores, sobretudo, as vítimas. Os responsáveis pelo roubo a uma loja de celular também continuam soltos. Sites da cidade divulgaram na época que o pânico tomou conta do lugar. Os assaltantes ameaçaram matar uma funcionária. Dias depois, o estabelecimento fechou as portas. O comerciante, que recentemente tinha montado o negócio, não suportou o desfalque de quase R$ 10 mil Até lanchonetes e pequenas barracas de lanche não escapam dos criminosos. Há pouco tempo, uma loja de materiais de construção foi assaltada em plena luz do dia. O autor: um menor de 13 anos, que invadiu o local armado e levou cerca de R$ 6 mil em dinheiro. Quase duas semanas atrás, ladrões roubaram uma empresa de cacau, de onde levaram R$ 8 mil. E um posto da Coelba também foi invadido por um homem armado. Os assaltos acontecem quase que diariamente e simultaneamente. "Estamos à mercê", constatou Mário Lima. As mortes violentas e estupros completam o quadro. No início do mês, um trabalhador rural de 61 anos era cruelmente assassinado a golpes de facão. Gerson Pereira de Souza foi encontrado morto pelo gerente da fazenda Fortaleza, zona rural do município. Nenhum suspeito foi detido. Na manhã de quinta-feira (02), inclusive, outro corpo havia sido encontrado. Provavelmente, a vítima era envolvida com o mundo do crime.
Prestes a desabar
Entramos em contato com o delegado Paulo de Tarso e ele confirmou a falta de estrutura física e de pessoal na delegacia. "Já fiz um novo pedido para o envio de mais policiais, mas a SSP alegou que só depois do concurso. A falta de agentes não é 'privilégio' só de Ubaitaba, não. Vários munícipios estão passando por isso", reconheceu. Quanto à onda de assaltos e arrombamentos, afirmou que a prevenção da criminalidade cabe à Polícia Militar, que atua de maneira ostensiva. "Nós somos Polícia Judiciária. Trabalhamos com investigação", argumentou, acrescentando que as ocorrências são "esporádicas". Ele informou que a delegacia está sem agente civil há um mês. Segundo dr. Tarso, o policial que trabalhava no local foi transferido para Aurelino Leal. "Só pra você ter uma ideia, ele atua ainda em Itacaré. Tem cidades que estão até sem delegado", exemplificou. Dr. Paulo falou, por fim, da superlotação na cadeia pública. O lugar, com capacidade para apenas oito detentos, já acomoda 19 para apenas um carcereiro. O delegado se mostrou preocupado também com a estrutura do imóvel, que está comprometida. "Tem muitas rachaduras. Está prestes a desabar. Já fiz vários pedidos de interdição, mas até agora nada", lamentou.

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