MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 31 de julho de 2013

No Recife, médicos fazem mutirão de atendimento durante paralisação


Cardiologia e dermatologia são as especialidades mais procuradas.
Segundo Simepe, ação é para minimizar efeitos negativos do movimento.

Katherine Coutinho Do G1 PE

Médicos do Recife realizam mutirão durante paralisação de protesto  (Foto: Katherine Coutinho / G1)Mutirão atrai muita gente durante paralisação dos médicos
(Foto: Katherine Coutinho / G1)
Médicos fazem um mutirão de atendimento à população nesta quarta-feira (31), segundo dia de paralisação da categoria contra o programa federal 'Mais Médicos'. O mutirão acontece no Memorial de Medicina, no bairro do Derby, no Recife, com as especialidades de clínica geral, cardiologia, dermatologia, urologia e pediatria.
O presidente do Sindicato dos Médico em Pernambuco (Simepe), Mário Jorge Lôbo, explica que a prestação de serviço é uma forma de minimizar o sofrimento da população, que precisou reagendar consultas e cirurgias eletivas marcadas para os dois dias de paralisação. “Pode parecer um contrassenso, mas não é. Não queremos deixar de atender a população, mas foi preciso lançar mão de parar os atendimentos para poder promover o debate sobre a situação”, aponta Lôbo.
São 15 boxes, onde os médicos se revezam para atender à população. A expectativa é que o atendimento siga até as 14h. A dona de casa Cláudia Dias, de 72 anos, chegou cedo para se consultar com um cardiologista, esperando enfim resolver o problema de pressão que a preocupa. “Eu já enfartei, já fiz cateterismo e agora minha pressão não baixa, remédio nenhum resolve. Eu vou na emergência, mas eles dizem que meu caso precisa de um cardiologista pra acompanhar, mas é difícil marcar. Quando você marca, eles adiam, tinha que ter outro jeito, que não atrapalhasse a população”, acredita Cláudia.
A paralisação, que começou na terça-feira (30), atinge os serviços que podem ser remarcados, como consultas e cirurgias eletivas. Os pacientes devem procurar a unidade de saúde para poder fazer o reagendamento.O Simepe explica que não tem um levantamento da adesão dos médicos da paralisação, que nesta quarta-feira está com as ações focadas no mutirão. Às 19h, a categoria se reúne em assembleia para decidir os rumos do movimento.
Mais do que se posicionar contra o programa 'Mais Médicos', do Governo Federal, o objetivo da paralisação é refletir a situação dos hospitais e trazer a população para o debate. "O nosso problema não é falta de médicos. Na blitz que fizemos ontem [terça], buscamos mostrar esse lado da estrutura. Temos uma saúde precária, que precisa de atenção. O Hospital da Restauração [no Derby], que é um hospital referência, possui uma demanda reprimida de leito, imagina os outros? O que queremos mostrar é que se construíram mais hospitais, mas isso não resolveu o problema", destaca Lôbo. A mobilização se posiciona também contra a medida provisória que sugere mudanças no curso de Medicina.
A aposentada Gerlânia Pereira teve a consulta com o cardiologista adiada para o dia 2 de setembro devido à paralisação e resolveu ir para o mutirão. “É muito difícil, eu levei dois meses tentando marcar. O que falta não é médico, é organização mesmo, de maneira geral. Reformaram o posto lá em Caetés I, em Abreu e Lima, onde moro, mas falta organização”, explica Gerlânia.
Trabalhando em uma firma terceirizada no Hospital Otávio de Freitas, a recepcionista Rosângela Miranda é diabética e conta que sofre para conseguir marcar a consulta com o cardiologista. “Eu estou tentando desde maio e não consigo. Não precisa trazer médicos de fora, tem que aproveitar os que temos. A gente que trabalha em hospital vê que passam médicos muito bons, residentes maravilhosos, mas a burocracia não deixa eles ficarem.”, lamenta Rosângela.
O motorista de caminhão Cícero Pereira tem diabetes e, devido à rotina de trabalho, enfrenta dificuldades para conseguir marcar uma consulta. Após ser atendido por um clínico geral, estava satisfeito. “A gente sabe que a situação dos médicos é complicada. Na minha opinião, eles têm que procurar os direitos deles mesmo. A gente para conseguir uma consulta no governo é no mínimo 60 dias, mas entendo que só parando para chamar a atenção”, pondera Cícero.
A vigilante Lídia Santana aproveitou para conseguir a consulta com um dermatologista, o que tenta há quase um mês. “Eu não tenho nem tempo, aproveito agora que estou de férias. Era bom que tivesse esse mutirões nos bairros, para atender a população. A saúde é fundamental, os médicos demoraram até demais para fazer alguma coisa, falta investimento, falta estrutura”, reclama Lídia.
Também buscando consulta com um dermatologista, o autônomo Mauro da Silva explica que a rotina de quem precisa de especialista na rede pública não é fácil. “Ortopedista também é complicado. O posto encaminha você, aí você vai marcar. Nessa história, você leva de três a quatro meses para conseguir consulta”, reclama Mauro, que ainda aponta a difícil situação da quantidade de leitos. “Você conseguir leito é difícil, a gente vê as notícias e quando precisa, vê que é complicado mesmo”, explica Mauro.
Pouco movimento
Na políclina Lessa de Andrade, no bairro da Madalena, o movimento está tranquilo nesta quarta-feira (31). "Muita gente sabia que podia não ter médico e remarcou logo. O meu médico pode ser que venha, então vou esperar", explica a posentanda Margarida Antunes. A empregada doméstica Genicleide de Ferreira não queria saber de remarcar. "Minha médica já está aí, mas se ela não tivesse vindo eu ia reclamar. É perder passagem ter que vir, chegar e não ter atendimento", acredita Genicleide.
Na Maternidade e Polícliníca Barros Lima, em Casa Amarela, a situação também era tranquila e sem filas. Aguardando para ser atendido na emergência, o segurança José Wellington Silva se mostrou compreensivo com os médicos. "É difícil para a gente, mas todo mundo tem direito de tentar uma coisa melhor. Eles avisaram antes", pondera Silva.

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