MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 29 de setembro de 2013

Maioria dos salões de beleza de AL não cumpre determinações da Anvisa


Risco de contrair hepatites em salão é de até 30%, diz especialista.
Muitos profissionais não utilizam equipamentos de proteção individual.

Michelle Farias Do G1 AL

A ida ao salão de beleza é quase uma religião para a grande maioria das mulheres e alguns homens também. Afinal, cuidar do ''cartão de visitas'' é fundamental. Dados do Sebrae de Alagoas revelam que existem 2.885 cabeleireiros formalizados como Microempreendedores Individuais.

Assim, é muito comum encontrar salões na periferia de Maceió e no interior do estado que não utilizam materiais esterilizados e kits descartáveis. Porém, o que pouca gente sabe é que há um perigo rondando esse momento de beleza: hepatites, micoses, doenças provocadas por fungos e até HIV. Por isso, a escolha criteriosa do salão de beleza é necessária, uma vez que muitas doenças de pele, cabelo e unhas podem ser adquiridas neste ambiente.
Muitas manicures não utilizam luvas ou máscaras, o que pode causar um contágio de doenças como as hepatites (Foto: Jonathan Lins/G1)Muitas manicures não utilizam luvas ou máscaras, o que pode causar um contágio de doenças como as hepatites (Foto: Jonathan Lins/G1)
O uso de materiais não esterilizados pode causar muitas doenças, entre elas as hepatites B e C. Especialistas afirmam que o vírus da hepatite pode permanecer no alicate de unha, por exemplo, por até sete dias, aumentando os riscos de infecção. Uma manicure, que prefere não ser identificada, trabalha há 15 anos na área e revela que nunca se preocupou em cuidar da saúde. Até que um dia ela contraiu hepatite B. “Nunca me preocupei em usar luvas ou equipamentos esterilizados até ficar doente. Acredito que peguei hepatite com uma cliente”, afirma a manicure.

Depois do que aconteceu, ela redobrou os cuidados. “Conversei com a dona do salão e hoje temos um equipamento para esterilizar os objetos, além de usar serras e palitos descartáveis, ou seja, hoje cada cliente tem objetos que só ela vai usar”, reforça.
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Maioria das manicures em Maceió não utilizam luvas ou máscaras (Foto: Jonathan Lins/G1)Maioria das manicures em Maceió não utiliza luvas ou máscaras (Foto: Jonathan Lins/G1)
A empresária Maria Tereza também teve problemas ao frequentar o salão de beleza. Ela contraiu uma doença provocada por um fungo e até uma "praga" que atinge mais as crianças: os piolhos. “Quando eu poderia imaginar que pegaria piolho no salão? Foi um transtorno porque passei vários dias tomando remédio devido ao fungo e passando remédios para piolho. Agora, só uso o meu kit e verifico se escovas e pentes estão limpos”, afirma.

Infectologista
Casos como o da manicure e o da empresária são comuns. De acordo com o infectologista Fernando Maia, estudos científicos mostram que a probabilidade de adquirir hepatite em salões de beleza é de até 30%. No caso do vírus do HIV, essa probabilidade é bem menor. “Essas doenças podem ser adquiridas ao usar instrumentos de manicure em contato com o sangue das pessoas, principalmente o alicate de unhas”, afirma.
Forninhos com luz ultravioletas não podem ser mais utilizados, porém, maioria dos salões utilizam (Foto: Jonathan Lins/G1)Forninhos com luz ultravioletas não podem ser mais utilizados, porém, maioria dos salões utilizam (Foto: Jonathan Lins/G1)
Ainda segundo o infectologista, a única maneira segura de esterilizar os alicates de unhas é usando o forno de Pasteur, que aquece o material em calor seco, a 180º, por uma hora, ou o autoclave. “Esse equipamento é aquele forninho bastante comum em salões de beleza. Entretanto, os que usam temperaturas menores ou que usa luz ultravioleta não são efetivos contra o vírus da hepatite B, que é um dos mais resistentes, colocando em risco profissionais e clientes”, frisa Maia.

Para evitar outras doenças como micoses, doenças por fungos, é preciso ter cuidado. Outros materiais, como espátulas e palitos de madeira devem ser de uso individual e descartáveis. “O que percebemos é que os salões utilizam equipamentos sem esterilizar, como escovas, lixas e alicates. O ideal é que o cliente leve seu próprio kit para o salão para evitar transtornos”, diz.

Equipamentos esterilizados
A coordenadora em educação de uma rede de salões de beleza de Maceió, Aline Ferreira, diz que todo o cuidado com a saúde é pouco. Por isso, todos profissionais do salão, inclusive as manicures, são vacinados contra hepatite. “Nós recomendamos que eles procurem um posto de saúde para colocar em dia o cartão de vacinação. Os profissionais precisam entender que não é apenas para a saúde dos clientee, mas para as deles”, afirma.
Autoclave, aparelho indicado para esterilizar equipamentos como alicates e espátulas (Foto: Michelle Farias/G1)Autoclave, aparelho indicado para esterilizar equipamentos como alicates e espátulas (Foto: Michelle Farias/G1)
Ela diz ainda que todos os equipamentos utilizados pelos profissionais são esterilizados ou descartáveis. “Nós seguimos à risca as normas da Vigilância Sanitária. Somos um dos poucos salões que utiliza o Autoclave, que é o aparelho ideal para esterilizar materiais como alicates, segundo a Agência Nacional de Saúde. Nós lavamos em um detergente enzimático, depois colocamos na máquina. Assim, todas as bactérias e vírus morrem”, diz a coordenadora.

Aline explica ainda que as clientes têm como saber se os equipamentos que os profissionais estão utilizando são esterilizados ou não. “No caso das escovas, elas passam uma máquina específica e depois cobrimos com papel filme. Já os alicates e as espátulas de unha, depois que elas são esterilizadas, a embalagem fica com uma tarja marrom. Além disso, palitos, lixas e luvas são descartáveis. Tudo isso para evitar qualquer tipo de transtorno”, diz.
Utilizar luvas e máscaras é ideal para evitar contrair doenças (Foto: Michelle Farias/G1)Utilizar luvas e máscaras é ideal para evitar contrair doenças (Foto: Michelle Farias/G1)
Mas, mesmo com todo o cuidado, caso o consumidor se sinta seguro com o seu próprio kit, pode levar para o salão. “Nossos profissionais usam luvas e um equipamento individual para cada cliente. Mas nós também usamos o material do cliente, caso ele traga”, frisa.

Vigilância Sanitária
O coordenador administrativo em Vigilância Sanitária de Maceió, Thiago de Moraes, diz que pelo menos uma vez por ano, os fiscais fazem uma vistoria de rotina na tentativa de encontrar irregularidades. “Nosso papel não é apenas autuar o estabelecimento, mas conscientizar, principalmente, nos salões de periferia, onde encontramos o maior número de irregularidades”, afirma.
Kit individual que deve ser usado em salão de beleza (Foto: Michelle Farias/G1)Kit individual que deve ser usado em salão de beleza (Foto: Michelle Farias/G1)
“Um erro que encontramos com frequência é o uso de equipamentos, como os forninhos. Mas eles não são ideais. Eles podem matar bactérias, mas não todas. O ideal é utilizar o Autoclave, que atinge uma temperatura de 121ºC a 137ºC, vapor e alta pressão, durante 15 a 30 minutos. Os instrumentos devem ser acondicionados em embalagens apropriadas, como papel grau cirúrgico, formando os kits individuais”, reforça Thiago de Moraes.
Moraes diz ainda que a fiscalização não é feita apenas para reforçar o uso de equipamentos esterilizados, como também de verificar o uso de produtos com formol nas chamadas escovas progressivas. "O formol não pode ser mais utilizado e, em muitos salões, ele ainda é usado. Fazemos uma campanha também para conscientizar os donos dos salões de que o uso desse produto é perigoso", afirma o coordenador administrativo da Vigilância Sanitária de Maceió, Thiago de Moraes.
Como realizar a esterilização
Lavar o material com água e sabão, enxaguar, secar, embalar e encaminhar para
autoclave ou estufa.

O que deve ser esterilizado
Alicates, tesouras, afastadores, pinças de metal e outros instrumentos
metálicos devem ser esterilizados.

Como é feita a limpeza de pentes, escovas e pincéis
Remover os pêlos e fios de cabelo após cada uso. Depois lava com água e sabão até que forme uma espuma abundante e enxágua. Deixar de molho por 30 minutos em solução de hipoclorito de sódio a 1%.
Como é feita a limpeza em toalhas
Devem ser lavadas com água e sabão e deixadas de molho por 30 minutos em solução de hipoclorito de sódio a 1%. Depois disso, secar, passar e embalar em plástico e guardar em local limpo.

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