MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Apesar da violência, adesão ao 'botão do pânico' é baixa entre taxistas de AL


Um motorista foi sequestrado e 2 morreram em assaltos em uma semana.
Monitoramento via satélite está disponível desde março de 2013.

Rivângela Gomes Do G1 AL

Exercer a profissão de taxista tem custado cada vez mais caro em Alagoas. E não é por causa do aumento do preço do combustível, da inflação ou dos impostos exigidos no Brasil. Os taxistas têm sido alvo frequente de assaltantes e vivem o paradoxo de ter que ganhar a vida pondo-a em perigo. Em 2013, o Sindicato dos Taxistas do Estado de Alagoas (Sintaxi) registrou cinco mortes. Enquanto somente nos primeiros 15 dias de 2014 já foram registradas duas.
Taxistas têm sido alvo frequente de assaltantes enquanto circulam pelas ruas de Maceió. (Foto: Rivângela Gomes/G1)Taxistas têm sido alvo frequente de assaltantes enquanto circulam pelas ruas de Maceió. (Foto: Rivângela Gomes/G1)
As vítimas morreram após serem baleadas em assaltos na capital. Também este mês, outro deles sofreu um sequestro relâmpago. Um grupo de taxistas chegou a interditar, na segunda-feira (13), a Avenida Durval de Góes Monteiro, na altura da Unidade de Internação de Menores (UIM), para protestar contra a violência que vitimou os colegas de profissão.
Um dispositivo que poderia ajudar a polícia a garantir a segurança dos motoristas de táxi é o botão do pânico, em vigor desde a aprovação do projeto Táxi Cidadão, fruto de uma parceria entre Sindicato e a Secretaria de Estado da Defesa Social (SEDS). O projeto foi aprovado há um ano e o sistema começou a ser utilizado em março de 2013, mas muitos ainda não instalaram o equipamento no veículo.
Segundo explica o secretário do Sintaxi, Fernando Ferreira, o sistema consiste em um monitoramento via satélite feito 24h por uma empresa contratada e o taxista não paga nada pelo material ou pela instalação, apenas pela manutenção do serviço. “O equipamento é fornecido em regime de comodato e o taxista só paga R$ 47,00 por mês. Um botão é colocado em um local escondido, porém de fácil acesso, do lado do motorista. Quando o taxista suspeita de alguma coisa, pode acioná-lo e uma viatura da Polícia Militar localiza o veículo e faz uma abordagem de rotina, para que os possíveis assaltantes não percebam nada”, informa.
Se os colegas tivessem o equipamento, a fatalidade não teria ocorrido"
Fernando Ferreira, secretário do Sintaxi
O aumento da violência contra a categoria tem feito mais taxistas buscarem a instalação do serviço nos carros, mas o número de adesões ainda é pequeno. “A procura tem aumentado, mas ainda tem sido pouca em relação à expectativa. Queremos que o maior número possível de pessoas instalem, por isso estamos alertando os colegas sobre a importância do sistema”, revela Ferreira.
“Muitos ficam achando que a segurança é dever do Estado e veem isso como uma despesa a mais. Só que nós não podemos nos confiar apenas na segurança pública porque a situação está crítica. Acredito que se os colegas que faleceram tivessem o equipamento nos táxis a fatalidade não teria ocorrido”, completa.
De acordo com o sindicalista, mesmo com o aumento da violência, não têm sido comuns os casos de desistências da profissão. “Alguns deles diminuem o horário de circulação, outros optam por não rodar à noite. Mas, como todos são donos das licenças, que é intransferível, preferem continuar trabalhando”, diz.

Os taxistas que já utilizam o monitoramento reconhecem a importância do botão do pânico. Mizael Francelino, 45, aderiu desde que o dispositivo começou a ser implantado e já precisou acionar duas vezes. Ele se diz satisfeito. "Sou taxista há 13 anos e a gente que tem experiência percebe quando uma pessoa quer fazer uma corrida honesta e quando quer fazer sacanagem. Nas vezes que desconfiei, apertei o botão e meu táxi foi abordado por três motos da Rádio Patrulha para uma inspeção de rotina. Às vezes a gente até pensa no valor que tem que pagar todo mês, mas depois logo se lembra que a vida não tem preço", comenta.
Taxistas de Maceió exigem mais segurança do Governo do Estado. (Foto: Jonathan Lins/G1)Taxistas de Maceió exigem mais segurança do
Governo do Estado. (Foto: Jonathan Lins/G1)
Exposição ao risco
Augusto Thiago de Holanda, 34, foi o taxista que sofreu um sequestro relâmpago na sexta-feira (10). O veículo dele não possui o monitoramento de segurança porque é recém-comprado, segundo afirmou. Mas mesmo que tivesse, avalia o motorista, não teria ajudado.
“O carro tinha 15 dias de comprado e não instalei para não perder a garantia. Mas, mesmo se tivesse, não teria me ajudado nesse caso porque o botão de acionamento é colocado em um local do lado do motorista e não era eu quem estava dirigindo. Eu fiquei no banco de trás. Não teria como alcançar o botão, nem mesmo como tentar diante do perigo que correria”, expõe.
Mesmo assim o taxista afirma que vai instalar o dispositivo de segurança. “Sei que é muito importante o sistema e pretendo instalar depois disso, mesmo correndo o risco de perder a garantia do meu carro. O táxi anterior ao que eu tenho agora também não tinha porque era muito velho e eu queria instalar quando comprasse outro”, acrescentou o taxista.
Nos 16 anos de profissão, o Holanda já foi assaltado nove vezes. “Esse foi o pior de todos. Eles me abordaram porque estavam fugindo em outro carro e faltou gasolina. No meio do caminho, eles pegaram relógio, celular, mandaram eu tirar as roupas e um deles ficava batendo em mim. Seguiram até a cidade de Cajueiro e foi onde eu consegui fugir, aproveitando um momento em que eles pararam o carro".
Holanda ainda precisou correr entre o canavial até chegar à BR, mas mesmo assim foi difícil conseguir ajuda. "Estava só de cueca e quem passava achava que eu era assaltante. Foi horrível. Eu conseguia forças quando pensava nas minhas duas filhas pequenas”, relatou.

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