MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 18 de janeiro de 2014

Capão da Canoa: ZH conta histórias vindas da beira da praia


Vista do alto, a beira da praia parece um grupo homogêneo, mas, quando se pescam as histórias de cada um, a heterogeneidade vai muito além da cor do guarda-sol

Capão da Canoa, quinta-feira, 17h: ZH conta histórias vindas da beira da praia Diego Vara/Agencia RBS
Zero Hora registrou as histórias de personagens que dividiam a areia, em uma tarde ensolarada, em Capão da Canoa Foto: Diego Vara / Agencia RBS
Vista do alto, a beira da praia parece um grupo homogêneo, formado por veranistas que só querem aproveitar o tempo bom e a vista para o mar. Mas, quando se pescam as histórias de cada um, a heterogeneidade vai muito além da cor do guarda-sol.
Às 17h de quinta-feira, em um clima perfeito como o dos últimos dias, Zero Hora registrou a movimentação na beira da praia de Capão da Canoa, na altura da guarita 76. Depois de ver a imagem, a reportagem conversou aleatoriamente com alguns personagens da foto.
Da família de argentinos ao casal que, no próximo mês, completa 68 anos de casado, tem-se ideia da multiplicidade de perfis pessoais encontrados na praia.
Conforme o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do Litoral Norte, Francelino Meregalli da Silveira, a diversificação também pode ser percebida na rede hoteleira. As praias gaúchas recebem, principalmente, famílias de Porto Alegre, do Vale do Sinos e de  cidades da Fronteira Oeste.
Em razão do tempo bom e do mar limpo, a temporada tem recebido só elogios por parte dos turistas, que nos fins de semana lotam os hotéis. Silveira avalia que a ocupação está muito boa este ano e afirma que, mesmo durante a semana, não baixou dos 60%. Segundo ele, os engarrafamentos, a distância e o aumento da gasolina barraram a ida dos veranistas às praias catarinenses e contribuíram para rechear as areias gaúchas, como na ensolarada tarde da última quinta-feira.
EM BUSCA DE ÁGUAS CALIENTES
A estudante Belén Romero, 17 anos, se derrama sobre uma canga da animação Os Simpsons, enquanto a mãe toma sol, sentada na cadeira de plástico, e o pai e o irmão mais novos se movimentam ao redor do guarda-sol branco e vermelho. Em comum, a família da cidade argentina Curuzú Cuatiá, localizada na província Corrientes, a cerca de cem quilômetros de Uruguaiana, tem a avaliação do dia de praia: lindo!
Depois de mais de uma década distantes de Capão da Canoa, mas não das praias gaúchas e catarinenses, os Romero voltaram para aproveitar 13 dias de água do mar mais caliente que a da terra natal. Para não perder tempo, a família – que alugou um apartamento na cidade – só sai da praia para almoçar.
O trajeto de pouco mais de oito horas entre a aduana e o Litoral Norte seria repetido neste sábado, quando estava programada a volta para a Argentina. Apesar de satisfeitos com o que encontraram na praia gaúcha, eles ainda não sabem o destino do próximo verão. O chefe da casa, Hugo Romero, 45 anos, diz que a escolha será debatida ao longo de 2014.
O ENCANTADOR DE CRIANÇAS
É espalhando bolas de sabão que o vendedor ambulante Jairo de Oliveira, 37 anos, chama a atenção do seu público-alvo: a criançada. Não demora muito e logo chega um pai com notas de dinheiro na mão e um miniacompanhante indeciso. São tantas opções de brinquedos no carrinho – os bonequinhos que lançam bolhas de sabão são o carro-chefe –, protegido por um guarda-sol de listras brancas e amarelas e movimentado por três rodas, que as crianças chegam a ficar indecisas.
Pai de duas meninas, uma de oito e outra de 13 anos, o vendedor logo dá suas dicas sobre os produtos, com preços entre R$ 5 e R$ 22. Antes de pegar o dinheiro, Oliveira ensina o pequeno cliente a disparar as bolas de sabão do carro-chefe, um palhaço do Patati Patatá acompanhado de um canudo e de um copo plástico de cafezinho, onde o detergente e a água são armazenados. Nos fins de semana, ele chega a lucrar R$ 500 por dia.
O segredo, segundo o vendedor, é andar devagar, em uma distância entre 10 guaritas. Morador de Farroupilha, Jairo aloja-se em um camping durante a temporada. Há cinco anos, ele faz a rota Serra-Litoral Norte. À noite, o expediente muda da areia ao asfalto do centro de Capão da Canoa, onde adota uma nova estratégia de marketing: liga as luzes dos brinquedos luminosos e garante, novamente, a atenção da criançada.
O MAR E O AMOR SEM FIM
Guilhermina Zucchetti, 89 anos, observa sentada em uma cadeira de praia a diversão da família no mar. Na cadeira ao lado, o genro João Celestino da Silva, 68 anos, logo é substituído pelo companheiro de quase sete décadas, Virgilino Jacinto Zucchetti, 88 anos. É ao lado dele que Guilhermina contempla a paisagem – e o mar sem fim – enquanto o tempo passa.
Moradores de Nova Araçá, eles só precisam de cadeiras e da proteção do chapéu para aproveitar a praia. Não entram mais no mar, mas viram uma espécie de cuidadores dos pertences da filha e do genro, donos de um apartamento em Capão da Canoa. É nele que o casal formado há 67 anos se hospeda por uma semana durante o verão.
Com nove filhos, 14 netos e dois bisnetos, eles esbanjam amor quando um tenta entender o que o outro fala. Já fizeram muitas festas de data cheia para comemorar a união que rendeu tantos frutos. À beira da praia, o casal já conversa sobre a celebração dos 70 anos juntos, certos de que o relacionamento e a saúde seguirão firmes por mais alguns anos.
A CARAVANA CAMPANHA
O aglomerado de guarda-sóis, um deles com o símbolo do Internacional, mostra que a turma é grande. Mas não é apenas sob a sombra que se esconde a caravana de três carros, vinda de São Gabriel, na Campanha, na própria quinta-feira. Na areia, Leonardo Godoi, que completa dois anos em fevereiro, empurra a caixa de brinquedos e esnoba a piscina amarela oferecida ao mais novo da turma.
Por vezes, quem ocupa o espaço de menos de um metro de diâmetro é o irmão de oito anos – Bernardo mal cabe na piscina, mas nem por isso deixa de aproveitar. Ele faz parte do grupo formado por parentes e amigos da tia, Rita Godoi, 40 anos, que se dividem entre um apartamento próprio, um hotel e uma casa alugada para um período entre 15 e 20 dias.
A definição do tempo de permanência no Litoral Norte dependerá única e exclusivamente de São Pedro. Se o sol continuar brilhando como na quinta-feira, a temporada vai até 30 de janeiro.
ZERO HORA

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