Com casas alagadas, 4 famílias moram em ônibus escolar no ES

Coletivo foi cedido por vizinho que não foi atingido pela enchente.
Mais de 200 pessoas passaram a virada em um abrigo da prefeitura.

Do G1 ES, com informações da TV Gazeta

Coletivo foi cedido por vizinho que não foi atingido pela enchente em Vila Velha. (Foto: Reprodução/TV Gazeta)

O ano novo começou difícil pra mais de 40 mil pessoas que continuam fora de suas casas por causa das chuvas que atingiram o Espírito Santo no final de 2013. Com as casas ainda alagadas, quatro famílias vivem dentro de um ônibus escolar cedido por um vizinho que não teve a residência invadida pela enchente. Além dessas vítimas, mais de 230 pessoas também não tiveram motivos para comemorar a passagem de ano e passaram a virada em um abrigo da prefeitura de Vila Velha.

Zilma dos Santos, o filho e mais três irmãs estão morando dentro de um ônibus no bairro Jardim Guaranhuns, em Vila Velha, há mais de 10 dias. Eles passaram o Natal e o Réveillon no coletivo por que suas casas continuam cheias d'água. “O que sobrou a gente colocou na casa de um vizinho. Tomamos banho na casa de outro e cozinhamos na casa de outro vizinho”, contou Zilma.
A casa onde mora a aposentada Ilma Conceição também continuava alagada nesta terça-feira (31), e por isso não teve como preparar a ceia de ano novo, o trabalho foi para tentar tirar a água da chuva que invadiu tudo. “A minha vida é só chorar. Todo mundo está alegre, satisfeito e a gente não está”, desabafou Conceição.
Abrigo
Na escola João Calmon, no bairro Parque das Gaivotas, em Vila Velha, estão abrigadas 230 pessoas. Na véspera da virada de ano, eles participaram de uma ceia preparada pela prefeitura que contou com a participação do coral da Igreja Assembleia de Deus.

“Não dá para voltar, a aguá está na altura da canela',
disse Maria Luiza. (Foto: Reprodução/TV Gazeta)

Frango assado, salada de macarrão, arroz de forno e frutas foi o cardápio da ceia, mas o que todos queriam era passar o Réveillon em casa. “Ainda não dá para voltar porque a aguá está batendo na altura da canela. Isso tudo me emociona, queria estar junto da minha família”, relatou Maria Luiza Venâncio, que está no abrigo há 15 dias.
A estudante Izabella Santos, de 12 anos, disse que o seu maior desejo era entrar 2014 de um jeito diferente. “Queria passar com minha família lá em casa, com minha mãe, meu pai e meu irmão que é cadeirante e também está em um abrigo da igreja”, contou a menina.

Queria passar com minha família lá em casagite a frase"

Izabella Santos,
de 12 anos

De acordo com a prefeito de Vila Velha, Rodney Miranda, cerca de 200 pessoas, que estavam abrigadas na escola, voltaram para as casas, mas o desafio maior é fazer com que a água baixe completamente. “Já começamos a fazer visitas técnicas na casa das vítimas com engenheiro, assistente social e Defesa Civil para saber se há falhas na estrutura e como a gente pode ajudar para que eles voltem para aos seus lares e suas vidas”, disse Rodney.
Defesa Civil
O número de pessoas desabrigadas ou desalojadas no Espírito Santo devido às fortes chuvas que atingiram o estado nos últimos dias caiu para 44.557, segundo o boletim da Defesa Civil Estadual, divulgado nesta terça-feira (31). O número de desaparecidos também reduziu de seis para duas pessoas. O órgão não soube informar em quais circunstâncias as quatro pessoas foram encontradas. O número de mortos permaneceu em 24, em sete municípios.
Dos mais de 44 mil que ainda estão fora de suas casas, 6.471 pessoas estão acolhidas em abrigos e mais de 38 mil ainda estão em casas de parentes e amigos.