MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 11 de janeiro de 2014

Cripta no centro de Cuiabá guarda restos mortais de figuras históricas


Espaço subterrâneo pertence à Catedral Metropolitana da capital.
Dentre ilustres no local estão Pascoal Moreira Cabral e Dom Aquino Corrêa.

Renê Dióz Do G1 MT

Cripta guarda restos mortais de autoridades eclesiásticas como Dom Aquino e de fundadores como Pascoal Moreira Cabral e Miguel Sutil. (Foto: Renê Dióz/G1)Na parede ao fundo, placas indicam nomes de personalidades sepultadas no subsolo da Catedral, como Dom Aquino e o bandeirante fundador da cidade, Pascoal Moreira Cabral. (Foto: Renê Dióz/G1)
Poucos lugares em Cuiabá conseguem concentrar tanto da história da capital quanto um pequeno salão subterrâneo localizado no coração da cidade. Aberta à visitação mas pouco conhecida pelos próprios cuiabanos, a cripta da Catedral Metropolitana Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, no centro, guarda os restos mortais de oito personalidades históricas, incluindo fundadores e protagonistas da formação da capital mato-grossense e do próprio estado.
Acessível por uma escada ao lado direito de quem adentra a nave da igreja, a cripta tem servido de cemitério às autoridades políticas e eclesiásticas locais – como é de costume nas catedrais - desde quando era apenas uma simples capela, no início do século XVIII.

Hoje, o espaço é iluminado, climatizado, dispõe de estrutura para receber visitantes e até para pequenas missas. Para entrar no local basta solicitar na igreja em dias de missa. Entretanto, segundo o padre e historiador Felisberto Samoel da Cruz, mesmo os cuiabanos em geral desconhecem a existência da cripta e de seus ocupantes, talvez por pouco interesse ou curiosidade a respeito do passado da cidade.
"Isso não foi incentivado entre a gente e as pessoas acabam não conhecendo a riqueza da sua própria cidade, não têm dimensão do valor histórico daquele lugar. A base histórica da nossa cidade está ali", aponta o padre.
Fundadores
Ele conta que o primeiro ocupante da cripta foi também o dono do terreno onde a antiga capela de pau-a-pique foi construída, o bandeirante Pascoal Moreira Cabral, desbravador da região e fundador do Arraial da Forquilha, “embrião” do que se tornaria a capital de Mato Grosso. Ele faleceu em 1724 mas foi sepultado no subsolo da igreja apenas em 1727.
Fundador, bandeirante Pascoal Moreira Cabral foi o primeiro a ser sepultado na cripta. (Foto: Renê Dióz/G1)Bandeirante Pascoal Moreira Cabral foi o primeiro a
ser sepultado na cripta. (Foto: Renê Dióz/G1)
Figura também fundamental na história de Cuiabá é o bandeirante paulista Miguel Sutil, outro responsável pela fundação da cidade e que hoje dá nome a uma de suas mais importantes avenidas. Natural de Sorocaba-SP, ele ajudou a fomentar a corrida pela ouro da região após a descoberta das minas chamadas “Lavras do Sutil”. Ele faleceu em 1755 em sua cidade natal e seu corpo só foi trasladado para a cripta em Cuiabá mais de 200 anos depois.
Igreja
No século XIX, a cripta recebeu nomes importantes da Igreja Católica. O primeiro foi Dom Luiz de Castro Pereira, primeiro prelado de Mato Grosso, morto em 1822. Seu sucessor foi o frei capuchinho José Maria de Macerata, que depois se tornou administrador apostólico da então diocese de Cuiabá. Ele morreu em 1846.
E o primeiro bispo que a cidade teve em sua história, Dom José Antônio dos Reis, também acabou sendo sepultado na cripta da Catedral. Paulistano, ele exerceu o bispado de 1833 a 1876, ano de sua morte. Hoje também é homenageado com uma das praças centrais de Cuiabá, conhecida apenas como “Bispo Dom José”.
Dom Aquino foi arcebispo e presidente do estado de Mato Grosso. (Foto: Renê Dióz/G1)Dom Aquino foi arcebispo e presidente do estado de Mato Grosso. (Foto: Renê Dióz/G1)
Já em 1921, outra autoridade católica foi sepultada, o bispo Dom Carlos Luiz D'Amour, maranhense que se tornou o segundo arcebispo de Cuiabá, cargo que exerceu de 1910 a 1921, ano de sua morte.
Contudo, dentre as figuras católicas o mais conhecido presente na cripta da Catedral é mesmo Dom Francisco de Aquino Corrêa, religioso e intelectual cuiabano que excerceu o cargo de presidente do então estado de Mato Grosso entre 1918 e 1922 e que serviu à Igreja como arcebispo de 1922 a 1956.
Cripta está aberta à visitação na Catedral de Cuiabá. (Foto: Renê Dióz/G1)Cripta está aberta à visitação na Catedral de
Cuiabá. (Foto: Renê Dióz/G1)
Personalidade da Igreja e da política, ele também foi fundador da Academia Mato-grossense de Letras e fez parte da Academia Brasileira de Letras devido a uma extensa obra poética, responsável, entre outros, pelo epíteto de “Cidade Verde” dado a Cuiabá e pelo poema que se tornou hino oficial do estado.
Dom Aquino morreu em São Paulo em 1956, mas foi logo sepultado na cripta.
Depois dele e da transferência tardia dos restos mortais de Miguel Sutil, o último a ser sepultado na Catedral foi Dom Orlando Chaves, em 1981. Quem ajudou a levar seu corpo ao local foi o próprio padre Felisberto. Prestes a dar nome a um viaduto da Copa do Mundo de 2014 em Várzea Grande, região metropolitana da capital, ele foi arcebispo de Cuiabá entre 1957 e o ano de sua morte.

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