Espaço subterrâneo pertence à Catedral Metropolitana da capital.
Dentre ilustres no local estão Pascoal Moreira Cabral e Dom Aquino Corrêa.
Na
parede ao fundo, placas indicam nomes de personalidades sepultadas no
subsolo da Catedral, como Dom Aquino e o bandeirante fundador da cidade,
Pascoal Moreira Cabral. (Foto: Renê Dióz/G1)
Poucos lugares em Cuiabá
conseguem concentrar tanto da história da capital quanto um pequeno
salão subterrâneo localizado no coração da cidade. Aberta à visitação
mas pouco conhecida pelos próprios cuiabanos, a cripta da Catedral
Metropolitana Basílica do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, no centro, guarda
os restos mortais de oito personalidades históricas, incluindo
fundadores e protagonistas da formação da capital mato-grossense e do
próprio estado.Acessível por uma escada ao lado direito de quem adentra a nave da igreja, a cripta tem servido de cemitério às autoridades políticas e eclesiásticas locais – como é de costume nas catedrais - desde quando era apenas uma simples capela, no início do século XVIII.
"Isso não foi incentivado entre a gente e as pessoas acabam não conhecendo a riqueza da sua própria cidade, não têm dimensão do valor histórico daquele lugar. A base histórica da nossa cidade está ali", aponta o padre.
Fundadores
Ele conta que o primeiro ocupante da cripta foi também o dono do terreno onde a antiga capela de pau-a-pique foi construída, o bandeirante Pascoal Moreira Cabral, desbravador da região e fundador do Arraial da Forquilha, “embrião” do que se tornaria a capital de Mato Grosso. Ele faleceu em 1724 mas foi sepultado no subsolo da igreja apenas em 1727.
Bandeirante Pascoal Moreira Cabral foi o primeiro a
ser sepultado na cripta. (Foto: Renê Dióz/G1)
Figura também fundamental na história de Cuiabá é o bandeirante
paulista Miguel Sutil, outro responsável pela fundação da cidade e que
hoje dá nome a uma de suas mais importantes avenidas. Natural de Sorocaba-SP,
ele ajudou a fomentar a corrida pela ouro da região após a descoberta
das minas chamadas “Lavras do Sutil”. Ele faleceu em 1755 em sua cidade
natal e seu corpo só foi trasladado para a cripta em Cuiabá mais de 200
anos depois.ser sepultado na cripta. (Foto: Renê Dióz/G1)
Igreja
No século XIX, a cripta recebeu nomes importantes da Igreja Católica. O primeiro foi Dom Luiz de Castro Pereira, primeiro prelado de Mato Grosso, morto em 1822. Seu sucessor foi o frei capuchinho José Maria de Macerata, que depois se tornou administrador apostólico da então diocese de Cuiabá. Ele morreu em 1846.
E o primeiro bispo que a cidade teve em sua história, Dom José Antônio dos Reis, também acabou sendo sepultado na cripta da Catedral. Paulistano, ele exerceu o bispado de 1833 a 1876, ano de sua morte. Hoje também é homenageado com uma das praças centrais de Cuiabá, conhecida apenas como “Bispo Dom José”.
Dom Aquino foi arcebispo e presidente do estado de Mato Grosso. (Foto: Renê Dióz/G1)
Já em 1921, outra autoridade católica foi sepultada, o bispo Dom Carlos
Luiz D'Amour, maranhense que se tornou o segundo arcebispo de Cuiabá,
cargo que exerceu de 1910 a 1921, ano de sua morte.Contudo, dentre as figuras católicas o mais conhecido presente na cripta da Catedral é mesmo Dom Francisco de Aquino Corrêa, religioso e intelectual cuiabano que excerceu o cargo de presidente do então estado de Mato Grosso entre 1918 e 1922 e que serviu à Igreja como arcebispo de 1922 a 1956.
Cripta está aberta à visitação na Catedral de
Cuiabá. (Foto: Renê Dióz/G1)
Personalidade da Igreja e da política, ele também foi fundador da
Academia Mato-grossense de Letras e fez parte da Academia Brasileira de
Letras devido a uma extensa obra poética, responsável, entre outros,
pelo epíteto de “Cidade Verde” dado a Cuiabá e pelo poema que se tornou
hino oficial do estado.Cuiabá. (Foto: Renê Dióz/G1)
Dom Aquino morreu em São Paulo em 1956, mas foi logo sepultado na cripta.
Depois dele e da transferência tardia dos restos mortais de Miguel Sutil, o último a ser sepultado na Catedral foi Dom Orlando Chaves, em 1981. Quem ajudou a levar seu corpo ao local foi o próprio padre Felisberto. Prestes a dar nome a um viaduto da Copa do Mundo de 2014 em Várzea Grande, região metropolitana da capital, ele foi arcebispo de Cuiabá entre 1957 e o ano de sua morte.
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