MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Dívidas e inadimplência ameaçam condomínios


Famílias desconhecem os novos gastos e atrasam pagamento



Nos condomínios do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) os sonhos da casa própria se perdem em meio a dívidas e conflitos. Muitos conjuntos habitacionais da Grande Vitória sofrem com as contas atrasadas por causa da alta inadimplência dos moradores e se veem cercados por graves problemas sociais.


Crianças correndo por todos os lados sem supervisão dos pais, som alto durante a noite, festas na madrugada e até síndicos ameaçados de morte são aborrecimentos rotineiros nos residenciais.

A maioria das famílias beneficiadas pelo projeto nunca morou em prédios. Estava acostumada a um estilo de comunidade informal e foi inserida num contexto muito diferente do que vivia.

A culpa do embate é da desinformação. Moradores e síndicos responsabilizam o Poder Público pelo desgaste financeiro e pelos conflitos nos conjuntos. Nesses locais, há famílias que não sabiam da necessidade de pagar condomínio até que as contas começaram a chegar.

Agora, essas pessoas precisam se adaptar a um novo modelo de convivência e de orçamento familiar.

Com tantas despesas, nem todos os moradores dos residenciais, principalmente aqueles que compõem a faixa I do MCMV, estavam preparados financeiramente para arcar com a manutenção dos prédios, contas de água e iluminação. Por isso, atrasam o pagamento das taxas ou mesmo deixam-nas em aberto.

Outros se recusam a pagar as tarifas por não entenderam o porquê desses gastos. A dificuldade de compreensão é maior entre as pessoas tiradas de área de risco ou que moravam em locais de invasão.

O resultado dessa confusão pode ser visto na alta inadimplência. Pelo menos 30% das famílias não pagam taxa condominal.

Em um prédio do Residencial Tabuazeiro, em Vitória, a conta de água, por exemplo, está um mês atrasada. “O valor da dívida é de R$ 1,7 mil e faltam R$ 800. Estamos com muita dificuldade de conseguir a quantia necessária, pois muitos moradores se negam a quitar o condomínio. Todos nós vamos ser prejudicados com um possível corte no fornecimento de água”, conta um dos gestores do local, que não será identificado por motivo de segurança.
 
Orçamento calculado
 
Foto: Ricardo Medeiros
Ricardo Medeiros
"Pago o condomínio em dia, mas muitas pessoas não. A taxa pesa no orçamento, afinal temos as prestações da casa e dos móveis para pagar. Mas o que me incomoda é a falta de instrução, muita gente não foi informada sobre a realidade de viver num condomínio", fala Iracema Cruz.
 
Contas em dia
 
Foto: Ricardo Medeiros
Ricardo Medeiros
"Precisamos planejar nossos gastos para arcar com as despesas do condomínio, energia, parcelas do imóvel e móveis. Não reclamamos das despesas, pois essa casa é uma bênção. Ficamos três dias na fila da inscrição, fomos os últimos atendidos, mas conseguimos nossa casa", diz Paulo Rosa.

 
Arrocho


Além de ter a renda comprometida com as prestações do imóvel de R$ 25 a R$ 150, beneficiários do MCMV precisam pagar mensalidades dos móveis e eletromésticos financiados. Nesses locais, há famílias com renda de um salário mínimo que pegaram empréstimo de R$ 5 mil e recebem parcelas de mais de R$ 100 e estão com as contas arrochadas.

É o caso de Iracema Cruz, 49, beneficiária do programa. Ela sustenta um filho com deficiência com a renda de um salário mínimo que tem com as vendas de artesanato. “É a primeira vez que moro em condomínio. Logo quando vim para cá fiquei sabendo das taxas e me preocupei em pagar tudo em dia para não correr risco de perder o apartamento. Mas é muito difícil. Apesar de baixa, a conta de R$ 40 pesa muito no meu orçamento. O melhor seria não ter condomínio para pagar. Neste mês, a situação ficou pior porque a Caixa enviou com atraso duas prestações dos móveis”.

O vendedor de churrasquinho Paulo Rosa, 44 anos, antes de se mudar descobriu que havia custos com condomínio porque sua esposa, por ser trabalhadora doméstica, estava ciente desses gastos.

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