Por Carlos Chagas - Tribuna da Internet - 15/01/14
Imagine-se dois exércitos em
guerra, um deles preparando fulminante ofensiva contra o adversário,
daquelas capazes de obrigá-lo a render-se. No entanto, dias antes do
grande ataque, os atacantes surpreendem seus inimigos anunciando dia,
hora e rumo em que atacarão. A consequência será óbvia: os supostos
derrotados preparam-se, camuflam seu acampamento, escondem suas tropas
e armas secretas, deixando os invasores na frustração de que nada
valeram o planejamento e o esforço, pois nada conquistaram.
Guardadas as proporções, e com
todo o respeito, foi o que aconteceu esta semana com os integrantes da
Comissão de Direitos Humanos do Senado, que anunciaram com dias de
antecedência a incursão a ser feita na penitenciária de Pedrinhas, no
Maranhão. Preveniram os bandidos, aliás, os de um lado e de outro. Até
a agenda de sua visita divulgaram. Resultado: quando desembarcaram em
São Luís, só faltou banda de música do governo estadual para
recepcioná-los.
Há quem jure ter visto, na
entrada da cadeia, faixas elaboradas pelos presos com os dizeres:
“Saudamos os ínclitos senadores e o nosso querido diretor pelo
congraçamento hoje promovido”. Quem sabe até “Viva nossa maravilhosa
governadora!” Se não foi assim, ficou perto, porque o grupo senatorial
encontrou tudo armado. No refeitório, tiveram que elogiar a comida. Nos
dormitórios coletivos e nas celas, aplaudir as camas bem arrumadas e,
nos banheiros, espantaram-se com sabonete e pasta de dente à vontade.
Chefiados pela senadora Ana Rita
(PT-ES), presidente da Comissão, e formada pelos senadores João
Capiberibe (PSB-AP), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), Humberto Costa
(PT-PE) e estranhamente João Alberto Sousa e Lobão Filho, ambos do PMDB
do Maranhão, por coincidência o estado e o partido da governadora, os
visitantes não cogitaram da oportunidade de chegar lá de surpresa,
fazendo valer sua autoridade e invadindo o estabelecimento para
conhecê-lo como na verdade é, comprovando os horrores denunciados há
semanas pela imprensa. Não perceberam, ou, pior ainda, perceberam e
calaram, diante do fato de que apenas presos escalados previamente
aproximaram-se deles, para dar depoimentos pífios e elogiosos ao
sistema penitenciário maranhense.
Saíram como chegaram, ou seja, de
mãos vazias, fora os dois aliados do esquema partidário que domina o
Maranhão, ao qual servem diligentemente. Quer dizer, nenhum resultado
em condições de embasar denúncias, sugestões e projetos destinados a
corrigir as distorções e os horrores do que deveriam ter visto, mas não
viram. Indaga-se porque não integraram a representação da Comissão de
Direitos Humanos senadores como Pedro Taques, Pedro Simon, Roberto
Requião, Luiz Henrique e outros de igual quilate, com conhecimento
doutrinário e experiência profissional no trato com o Direito Penal?
Mais uma oportunidade perdida
pelo Congresso para cumprir suas obrigações, na hora de as atenções
nacionais estarem voltadas para o caos reinante num estado que, por
haver ficado rico, permite que se cortem cabeças em suas prisões…
|
quarta-feira, 15 de janeiro de 2014
Fracasso ou farsa?
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário