O ministro Gilberto Carvalho
(Secretaria-Geral da Presidência) disse que integrantes do governo ficaram
"perplexos" com a eclosão dos protestos de junho e sentiram
"ingratidão" da população naquele momento. A declaração foi dada
nesta sexta-feira (24) em um evento do Fórum Social Temático, em Porto Alegre,
em que Carvalho discursou para movimentos sociais. Ele fez um balanço dos dez
anos de governo petista e disse que "a direita fez festa" com os
protestos do meio do ano passado.
"Quando acontecem as
manifestações de junho, da nossa parte houve um susto. Ficamos perplexos.
Quando falo nós, é o governo e também todos os nossos movimentos tradicionais.
[Houve] uma certa dor, uma incompreensão, e quase um sentimento de ingratidão.
[Foi como] dizer: fizemos tanta por essa gente e agora eles se levantam contra
nós." Neste momento, uma pessoa da plateia gritou: "Ah, sai
daí".
Adiante, o ministro falou que há
uma nova "cultura" na internet de rapidez que influenciou o fenômeno.
"O moleque que rapidamente no computador faz acontecer um monte de
realidades virtuais tende a imaginar que também a realidade tem que ser mudada
com muito mais velocidade." Ontem, um protesto contra o aumento da tarifa
de ônibus em Porto Alegre teve atos de vandalismo no centro da cidade.
No início do discurso, o ministro
fez ainda referência ao processo do mensalão. "Trataram de criminalizar
toda a nossa conduta, nos transformando quase em inventores da corrupção,
enquanto nós sabemos que o problema nosso foi reeditar, infelizmente, em parte
aquilo que eram os usos e costumes da política. Falo sobretudo do financiamento
privado das campanhas eleitorais."
'ROLEZINHO'
A jornalistas o ministro do
Palácio do Planalto também comentou a reunião agendada com a associação de
shoppings para os próximos dias na qual irá tratar dos "rolezinhos".
Ele disse que pretende mostrar a "necessidade da convivência" aos
lojistas. "Se tivermos capacidade de compreensão, de oferecer alternativas
aos jovens e abrirmos o diálogo, não vai haver tanta tensão, nem tanta
massificação."
O ministro afirmou que os
adolescentes que promovem esses encontros são consumidores dos próprios
estabelecimentos que agora tentam barrar o fenômeno. Para ele, os shoppings
"saíram do centro" das cidades e foram para as periferias. Sobre as
liminares obtidas por shoppings pelo país, disse que não há como diferenciar na
porta do centro comercial quem é o consumidor e quem é "o menino que vai
fazer o rolezinho". "Acho que o Judiciário já percebeu que não é por
aí." (Folha de São Paulo)
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