MEDIÇÃO DE TERRA

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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Liberdade e propriedade em conflito



 Imaginem idosos e crianças no meio dessa multidão!


21/01/14 - Liberdade e propriedade em conflito
Carlos Chagas- Tribuna na Internet - 
O direito à liberdade é fundamental nas democracias. No caso, o direito de ir e vir, de exprimir o pensamento, de reunir-se, trabalhar e muitos mais. Outro direito essencial é o que garante a propriedade.
Os rolezinhos detém o primeiro, ainda que lhes caiba muito mais a liberdade de respirar o ar que os envolve, receber a luz do sol e a água da chuva. Isso porque em matéria de propriedade, precisam contentar-se com a roupa que vestem e o tenis que calçam.
 
A situação enrola quando, em nome do direito à liberdade, esses jovens invadem os shopping centers. Dispõem ou não do direito de frequentar propriedade alheia? Afinal, trata-se de locais abertos ao público, razão maior da sobrevivência econômica dos proprietários. Determinar quem deve e quem não deve entrar atenta contra a liberdade, mas se for em nome da preservação da propriedade, estabelece-se o conflito. Porque na maioria dos casos, os rolezinhos fazem baderna, assustam os frequentadores e, às vezes, até depredam lojas.
 
Eis aí um problema dos diabos para os constitucionalistas. Sustentar que o grupo só ultrapassa seus direitos quando promove confusão significa deixar a propriedade exposta ao sabor das contingências e expectativas, mesmo quando se tem como inevitável a invasão. Mas fechar as portas ao ingresso de uma parcela da população, na presunção de que cometerão abusos, equivale a discriminação. A polícia e os seguranças privados intimidam tanto quando os bandos em tropel desabalado, sabendo-se inevitável o choque entre as duas partes.
 
A pergunta se faz em torno dos rolezinhos: querem divertir-se, apenas, ou intimidar e depredar? Devem ser contidos antes de praticar eventuais malfeitos ou só depois?
 
Exprimem o quê, esses meninos e meninas? Um grito de revolta diante de suas péssimas condições sociais ou uma perigosa etapa na progressão do eterno conflito entre dois polos da sociedade, os que tem e os que não tem propriedade? Em nome de uma, sacrifica-se a outra?
 
O cidadão comum, aquele que paga impostos, tem a liberdade de pegar a família, inclusive as crianças pequenas, para aos domingos passear num shopping center. Deixa de ir quando prevê a presença de dezenas e até centenas de rolezinhos ocupando corredores e a entrada de lojas, numa balbúrdia propositada e perigosa. Mas aqueles centros comerciais devem ser vetados a jovens oriundos da periferia e das favelas, apenas por faltar-lhes poder aquisitivo para fazer girar a roda do comércio?
 
Trata-se de um enigma dentro de um mistério envolto pela Constituição.

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