MEDIÇÃO DE TERRA

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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Loja aposta em moda para público evangélico em Rio Branco


'São poucas opções no mercado', diz lojista de roupas evangélicas.
Para dono de loja, maioria dos produtos evangélicos ainda são 'artesanais'.

Veriana Ribeiro Do G1 AC

Amanda trabalha em uma loja de roupas evangélicas (Foto: Veriana Ribeiro/G1)Amanda trabalha em uma loja de roupas evangélicas (Foto: Veriana Ribeiro/G1)
Em março de 2012, a família de Amanda Priscila Nogueira criou uma loja especializada em moda evangélica. A jovem explica que a ideia surgiu ao perceber a dificuldade para conseguir artigos que se adequem ao estilo de vida dos religiosos. Nesta quarta-feira (23), comemora-se o Dia do Evangélico no Acre. O feriado foi transferido para sexta-feira (24).
"Minha mãe que viaja para comprar a mercadoria e trazer as roupas específicas. Ela tem que procurar no meio da moda em geral aquelas roupas que vão se adequar aos nossos clientes, porque não tem uma loja específica para o público evangélico. Ela vê quais são as tendências e traz o que for mais adequado", conta.
A loja é especializada no público feminino. A lojista explica que os boletos, blusas de manga curta e vestidos são os itens mais procurados pelas evangélicas. O desafio é conciliar as tendências da moda com o estilo de vida dos clientes.
"As pessoas tem dificuldade de encontrar uma roupa que seja adequada, decente, mas que não seja cafona ou brega. Que siga as tendências da moda, porque as pessoas também querem andar nos tecidos da moda, nas cores da moda", explica.
Para ela, outra dificuldade é a diversidade que existe dentro do próprio grupo evangélico. "O desafio é grande, porque dentro do grupo evangélicos tem vários tipos de pessoas. Tem aqueles que são tradicionais, que não podem ter a saia acima do joelho, que a manga tem que ser comprida, não pode ter decote ou alça. E tem os evangélicos mais liberais, mais modernos, que usam roupas mais normais", diz.
Para Amanda, o público evangélico ainda sofre com poucas opções no mercado. "A gente pensa que ainda é pouco, porque o público que não é evangélico tem uma variedade muito maior", afirma.
A estudante de história Sara Nobre, de 24 anos, frequenta a Assembléia de Deus. Ela conta que a igreja é tradicional quanto aos vestimentos e muitas vezes ela encontra dificuldade em encontrar roupas.
"A minha igreja é bem tradicional, porque não pode uma camiseta decotada, saia curta ou calça jeans. Há uns dez anos era uma missão quase impossível comprar roupa, mas agora tem mais lojas voltadas para esse público. No mercado geral ainda é complicado comprar roupa, porque quando você encontra uma camiseta que tem manga, ela é muito decotada. Quando encontra uma saia legal, ou ela é muito curta ou longa demais. Por isso é complicado", afirma.
Sara acredita que com as lojas especializadas, fica mais fácil encontrar as roupas que gosta. "A gente vai na loja e sabe que lá vai ter o que comprar. Não precisa ficar rodando o dia inteiro e não comprar nada", diz.
Loja, na capital, é especializada em roupas femininas para evangélicas (Foto: Veriana Ribeiro/G1)Loja na capital, é especializada em roupas femininas para evangélicas (Foto: Veriana Ribeiro/G1)
Artigos evangélicos
O lojista Marcos Maia trabalha com uma loja especializada em produtos evangélicos, ele compartilha da preocupação de Amanda. Para ele, os produtos evangélicos ainda são 'artesanais'.
"Na linha gospel, 80% dos produtos são artesanais. São poucos que primam pela qualidade. O segmento, ainda hoje no Brasil, deixa a desejar. Se você quiser grife, são poucos. Mas a gente crê que marcas fortes vão abraçar o segmento, como fez a Sony e a Som Livre", acredita.
O lojista trabalha no comércio em Rio Branco há mais de 15 anos. Ele conta que no começo tinha uma loja de tinta que, aos poucos, foi se transformando em uma das principais lojas especializadas em artigos evangélicos da capital acreana.
"Quando a gente se converteu, não tinham materiais para o segmento evangélico. Nós comprávamos para a nossa necessidade e caso alguém quisesse. Antes nem sequer tinha demanda, a loja não se sustentava só com os produtos evangélicos. Com o passar do tempo ela cresceu, ficou maior, com variedade de produtos, e hoje consegue ser sustentável", explica o dono da loja El Shadday.
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Em loja evangélica, livros são os mais procurados (Foto: Veriana Ribeiro/G1)Em loja evangélica, livros são os mais procurados (Foto: Veriana Ribeiro/G1)
No local, é possível encontrar produtos diversificados, entre livros, CDs, DVDs, produtos de decoração, materiais escolares, entre outros. Ele acredita que a parte de literatura é a mais procurada pelos clientes.
"Não só no Brasil, mas no mundo, nesse segmento cristão o que mais sai em qualquer livraria é a bíblia. O segundo produto que mais vende na área cristã são os livros. Em terceiro CDs de hinos de louvor, músicas que falem do nome de Jesus", afirma.
Maia lembra que no começo o comércio era restrito e a diversidade de produtos era ainda menor. "Era sempre um negócio pequeno, onde você via só uma portinha com um material restrito à bíblia, livro e cd. Outro material não encontrava, no máximo um chaveiro. Com o crescimento dos cristãos no Brasil, abriu-se um leque. Com a demanda no mercado, eles começaram a crescer e aumentar as lojas", diz.
Evangélicos no Brasil
De acordo com dados do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de evangélicos no Brasil aumentou 61,45% em 10 anos. Em 2000, cerca de 26,2 milhões se disseram evangélicos, ou 15,4% da população. Em 2010, eles passaram a ser 42,3 milhões, ou 22,2% dos brasileiros. Em 1991, o percentual de evangélicos era de 9% e, em 1980, de 6,6%.
O IBGE registrou que ao mesmo tempo em que o número de católicos caiu no Norte e no Nordeste, o número de evangélicos cresceu com maior volume nas duas regiões. A representatividade no Norte saiu de 19,8% (2000) para 28,5% (2010). No Nordeste, o aumento de evangélicos foi menor, saindo de 10,3% para 16,4%, se comparados os Censos de 2000 e de 2010, respectivamente.

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