MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

O BRASIL NA "SINUCA DE BICO"



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Selem Rachid Asmar*
e-mail: rachidasmar@uol.com.br
O brasileiro comum ainda não se deu conta que o novo ano de 2014 traz no seu útero uma situação nada confortável ou promissora, mas de enjôo constante, a qual poderíamos chamá-la de "sinuca de bico".
Isto por que o País está diante de duas vertentes, dois caminhos desagradáveis.
Se o Brasil decidir continuar nesse modelo quase esgotado de consumo praticado nos últimos anos, facilitando o incremento dos gastos para estimular e requentar a Economia, pode ter sua Inflação nada pequena aumentada mais ainda e de crescimento econômico pífio continuado, e ser rebaixado (como já é previsto nas próximas semanas) mais ainda, pelas Agências de Risco, em pleno ano eleitoral e da Copa.
Preços administrados de tarifas de transporte e de reajustes dos combustíveis fazem pressão por aumentos maiores, cedendo, afeta e eleva a inflação.
Na segunda vertente, se o Banco Central continuar a subir os juros, a atividade econômica já perrengue esfria, amordaçando a Inflação, porém apresentando indicadores ruins e uma percepção externa de certa forma cruel para nosso País, com fuga de investimentos.
As ações na mídia promovidas por Dilma (que se diz vítima de ataques psicológicos) recuperam parte da crença perdida, seja na economia, seja na política, todavia empanam a visibilidade do cidadão comum, menos crítico, preocupado em viagens ao exterior, carro novo, etc. também o grande saco de bondades e bolsas trazidos pelo Papai Noel do Governo, aliena o visual dessa grande base da pirâmide.
Os números reais, na forma de índices ou de indicadores apontaram que a herança deixada pelo ano de 2013 foi e é bastante desanimadora e cheia de incertezas sobre o melhor caminho a seguir. Vejamos:
O saldo da Balança Comercial Brasileira (Exportação menos Importação) foi negativo, o pior resultado dos últimos 13 anos.
Apesar da produção recorde de veículos, o ano que passou sofreu uma queda de 1,6% na venda deles.
Os estoques nas revendedoras são ainda expressivos, daí juros zero em parte dos preços por dois anos e o congelamento dos preços dos carros em estoque.
Os nossos Serviços Públicos são de qualidade deplorável, fiscais cobram na cara de pau propinas como nunca, empresas fraudam licitações impunemente e não para por aí. (O abusado Renan Calheiros faz do Brasil o seu patrimônio particular, descoberto pela segunda vez).
Enquanto os PIBs europeu e o dos Estados Unidos esperam sejam bem superiores a 2% em 2014, recuperando em parte suas economias, o Brasil cresceu bem abaixo das projeções do Ministro Mantega, próximo de 2,3%,e esperam os estudiosos que ele seja inferior a 2% neste ano, continuando a pecha de ser o de pior performance dentre àqueles do G20, além de desmentir o prestidigitador Ministro mandraque.
Aliás, a média do crescimento do PIB dos anos Dilma não passa de 2%, considerado muito baixo, negando a culpa e a desculpa da situação mundial.
Enquanto nos Estados Unidos, Republicanos e Democratas, adversários, dão-se as mãos, acertando-se as diferenças em nome da volta do aquecimento da Economia, por aqui, Petistas e Peemedebistas (aliados da situação), olhos grandes, brigam em seis Estados nas disputas pelo poder.
O Governo divulga muito e se orgulha de ter baixado a níveis pequenos o desemprego no País. Outro truque, mentirinha, pois não são computados como desempregados aqueles que estão a procura de emprego. Esse tipo de pessoas é que tem aumentado bastante, pois ao receberem de graça as doações e ofertas do Governo para si e suas casas, se satisfazem ficando em casa dizendo-se procurando emprego ou se alistam no cadastro do SEBRAE e pela Internet como Empreendedor Individual, com o objetivo de continuar a receber os benefícios previdenciários.
Já a Petrobrás, maior empresa mundial, perdeu desde 2010, 50% de seu valor, prisioneira que é das atitudes e coleira do Governo.
A taxa Selic, que serve de cálculo dos Impostos e Taxas Federais, balizando a Taxa de Juros cobrada pelo Mercado, serve de referência pra Política Monetária. Em janeiro/2013, a Selic era de 7,11%, passando em dezembro/2013 para 9,90%.
Pelo jeito, em 2014 não baixará, mostrando a preocupação do Governo com a Inflação crescente, embora ele negue.
O ano que passou registrou aumento de 7,5% no número de famílias brasileiras endividadas (cheque pré datado, carnê de loja, seguro e prestação de carro, cartão de crédito, empréstimo pessoal e cheque especial). Mau sinal.
Certamente esse acréscimo de famílias endividadas se deve ao crédito fácil e farto e à ilusão de que elas fazem parte dos 40 milhões da nova classe média impulsionada pelo Governo. Trata-se de uma deslavada mentira, inculcada na propaganda do Governo. Mentira que virou verdade pela repetição do mantra, desembocando em desenfreadas compras, pois a classe baixa descobriu o paraíso comportando-se como nova classe média e levará tempo para acordar dessa sugestão hipnótica.
A Indústria Brasileira, custos elevados foi pouco competitiva pra exportações em 2012: entre 15 países emergentes foi a de pior desempenho. Esperava-se melhor resultado em 2013, mas seu "vôo de galinha" escancarou a exagerada Carga Tributária, infra estrutura de enormes carências e deficiências na logística (o chamado Custo Brasil). Esse cenário negativo trouxe descrença e recuo da produção industrial. O baixo nível da atividade industrial é compatível com a repetição do pibinho.
Acrescenta-se que a ausência de uma política industrial reduziu a participação do setor secundário na economia, tornando maior o desempenho da Agricultura que ganhou fôlego e participação orgulhosa, apesar do seu sabido baixo valor agregado.
O que esperar do Governo, pra 2014?
O Governo deverá continuar "empurrando com a barriga", para após as eleições, acumulando problemas para 2015, protelando decisões, sem grandes riscos, fugindo das Reformas necessárias "como o diabo foge da cruz". Elas correm o risco de alterar o equilíbrio vigente.
As eleições são prova de que somos um país democrático e a Copa do Mundo evidencia que somos o país do futebol. O resto não interessa...!
"Tudo fica como antes, no país de Abrantes". Comportando-se dessa maneira, fica mais fácil mistificar para o eleitor, eliminando possíveis riscos, garantindo não ser necessário uma segunda rodada pra Presidente da República, reelegendo no primeiro turno dona Dilma, aquela que em seu Governo só fez dar bolsas, mimos (aspirina), deixando a Economia do País (com sintomas de câncer) ir pro brejo; investindo pouco, gastando mal, sem aumentar a produtividade.
Engraçado o paradoxo de pesquisas recentes: a maioria dos eleitores brasileiros diz que não está satisfeita, que quer mudanças, mas quando perguntados sobre a intenção de voto pra Presidente, preferem Dilma...
O cenário é cinza, acorde, Brasil!...
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• Selem Rachid Asmar é doutor em Sociologia pela Universidade de Paris e Diretor–Presidente da Selem Sondagem de Opinião.

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