MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

População deixa de usar os orelhões


por
Kelly Cerqueira
Publicada em TRIBUNA DA BAHIA

Quem em algum momento da vida nunca foi “salvo” pelo telefone público, seja quando esqueceu o celular em casa, perdeu o aparelho, ou simplesmente teve a bateria do telefone móvel descarregada antes do previsto? Antes indispensáveis, os orelhões atualmente são quase invisíveis, não só por serem cada vez menos solicitados – resultado da popularização do celular –, mas principalmente por conta da degradação dos aparelhos, a cada dia mais raros nas ruas de Salvador. Mais de 54 mil orelhões estão instalados em todo o estado de acordo com a Oi, empresa de telefonia responsável pela montagem e manutenção dos aparelhos públicos.
Na Estação da Lapa, local que já foi reduto de venda dos cartões de crédito de ligações, atualmente é um dos poucos pontos da cidade onde os telefones públicos são encontrados, e em bom estado de funcionamento. Figura típica do atual usuário do serviço de telefonia pública, o aposentado Manoel Oliveira Costa, que prefere não informar a idade, procurava na manhã de ontem um vendedor de cartão de ligações. “Lá em Candeias não vende, então eu aproveito quando venho aqui na Estação da Lapa pra comprar e deixar guardadinho, porque sempre estou precisando”, explicou.
Embora já tenha tido contato com aparelhos móveis, ele diz não ter se adaptado a andar com o item, muito menos a operar a tecnologia. “Ganhei de uma filha minha e no dia seguinte eu devolvi porque não conseguia mexer”, continuou. Contando apenas com os aparelhos públicos quando está na rua, ele se queixa da falta de manutenção dos telefones e da dificuldade de encontrar um funcionando. Já com dificuldade de ouvir por conta da idade, o aposentado reclama que “quando encontra um funcionando, não consegue falar por conta do barulho da rua, e quando acha outro em locais mais calmos, geralmente estão sem funcionar porque o povo destrói”.
Vandalismo
A ação de vândalos apontada pelo aposentado é, segundo a Oi, a principal causa de degradação dos aparelhos. Segundo a empresa de telefonia, em 2013, foram danificados por atos de vandalismo, em média, 3% do total de aparelhos existentes no estado. Em Salvador, exceto em locais fechados como shopping centers ou onde há a presença constante de agentes do estado, como estações de transbordo, rodoviária e aeroporto, encontrar um aparelho em pleno funcionamento é algo realmente difícil. “Em Salvador é mais fácil encontrar uma nota de 100 no chão do que um telefone público funcionando”, ironiza um vendedor ambulante na Estação da Lapa.
Os principais defeitos apresentados pelos aparelhos são problemas nas leitoras de cartões, monofones e teclado, 20% em virtude de atos de vandalismo, além das pichações e colagem indevida de propagandas nos aparelhos e nas folhas de instrução de uso, prejudicando o entendimento das orientações pelos usuários. Apesar da realidade nas ruas da cidade, a Oi informou em nota que há um programa permanente de manutenção de seus telefones públicos e conta, ainda, com as solicitações de reparo enviadas à companhia pelo canal de atendimento 10314 por consumidores e por entidades públicas.
Comércio perde com falta de orelhões
Um dos poucos vendedores ambulantes de cartões de credito de ligações, Josenaldo dos Santos lembra saudosista dos tempos em que chegava a vender 50 cartões por dia, sem contar as vendas avulsas, por unidade de ligação. “Hoje em dia se eu vendo dois é muito. Muitas vezes não consigo passar nenhum, todo mundo tem celular com bônus pra tudo o que é operadora”, explica.
De fato, o uso dos aparelhos caiu. Entre 2007 e 2013, a Oi registrou queda de aproximadamente 41% ao ano no consumo de créditos em seus orelhões – o que representa uma redução de 96% em todo este período. De acordo com a empresa, pesquisas realizadas pela companhia mostram que, atualmente, o uso do orelhão é esporádico.
Em 2010, menos de 4% da população utilizava os orelhões diariamente. Isto se deve, segundo a Oi, à explosão do celular pré-pago, que, com o aumento da agressividade de ofertas, deixou de ser apenas receptor de ligações e se tornou grande originador de chamadas
“A queda de consumo se reverte em concentração do uso: 91% da planta nacional de orelhões queima menos que 1 crédito por dia e 40% dos telefones públicos representam menos de 1% do consumo total de créditos. A migração do consumo de voz fixa (acesso individual ou telefone público) para voz móvel faz parte da evolução da telefonia em todo o mundo, inclusive no Brasil”, disse a empresa em nota.

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