Lucas Prates/Hoje em Dia
Roubo de automóveis encarece seguro em Belo Horizonte
Angelo Vargas: “O preço do seguro é um retrato da sociedade”


O aumento da violência reflete diretamente na economia. Pelo menos, no setor de seguros de automóveis. Devido à elevação de 32% nas ocorrências de roubo e furto de carros em Belo Horizonte entre janeiro e outubro do ano passado, segundo dados da Secretaria de Estado de Defesa Social de Minas Gerais, o preço do seguro, neste ano, subiu 15% na comparação com 2013. O índice é três vezes superior ao registrado anteriormente, quando o aumento foi de 5%.
Nos primeiros dez meses do ano, 5.824 veículos foram roubados ou furtados, uma média de quase 20 carros por dia. Conforme o vice-presidente do Sindicato das Seguradoras dos Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal (Sindseg MG/GO/MT/DF), Angelo Vargas, o aumento da frequência dos roubos e furtos faz com que os custos das seguradoras sejam rateados entre todos os clientes.
Ele afirma que existem dois tipos de variáveis que têm impacto direto nos preços das apólices. A primeira faz referência ao perfil do motorista. Nesse caso, é feita uma análise da carteira de clientes, onde são listados idade, gênero, estado civil, onde o cliente deixa o carro estacionado, a região da cidade em que mora, entre uma série de itens para estipular o valor do serviço. A segunda é conjuntural. E é aí que entra o aumento da violência e a incidência de roubos e furtos. “O preço do seguro é um retrato da sociedade”, afirma.
Ele comenta ainda, que, embora o reajuste médio tenha sido de 15%, cada seguradora tem o próprio perfil de clientes, fator que pode puxar para cima ou para baixo o índice. Na HDI Seguradora, onde Vargas é diretor regional, o reajuste ficou similiar ao do mercado. No entanto, o aumento de sinistros foi de 50%. O motivo, segundo ele, é a base da carteira da seguradora. “A maioria dos carros segurados pela HDI é de leves, como Celta, Palio e Uno, que são mais visados”, diz.
Para que o repasse ao cliente ficasse na casa dos 15%, foi necessário reduzir a margem de lucro. Cortes em gastos operacionais e administrativos também foram realizados para não elevar mais o preço do serviço.
Para barrar os aumentos, a solução indicada pelo superintendente regional da RSA Seguros é intensificar a cobrança por mais segurança. Aumentar a quantidade de travas e alarmes instalados no veículo é outra dica. “A terceira, e mais importante, é ter atenção. Não parar em locais ermos e ter cuidado ao chegar em casa é sempre importante”, ressalta.