Policiais Civis dizem que 35 das 150 delegacias estão deterioradas.
Só em 2013, 11 delegacias foram interditadas por decisões judiciais.
Problemas na parte estrutural, falta de efetivo e viaturas e promessas
de reformas que nunca foram cumpridas. Este é o retrato de quase 25% das
delegacias de Alagoas, de acordo com um relatório elaborado este mês
pelo Sindicato dos Policiais Civis (Sindpol). São 35 das 150 delegacias
do estado funcionando de maneira precária. Número superior ao ano de
2012, quando 22 delegacias apresentavam problemas.
Problemas encontrados no interior e também na capital. Após a apresentação do relatório elaborado pelo Sindpol, a reportagem do G1 percorreu algumas delegacias da capital e também do interior do estado para conferir a situação das unidades de polícia responsáveis pela apuração e elucidação de crimes.
A delegacia de São José da Laje foi fechada há 15 dias para uma reforma e a sede foi transferida para uma casa que, além de não ter nenhuma identificação de que ali funciona uma delegacia, não tem telefone, internet ou mesmo uma viatura. Todos os processos e inquéritos estão no chão e , segundo um policial que trabalha na unidade, falta água quase todos os dias. Os serviços estão parados, já que até para realizar um simples Boletim de Ocorrência, o policial de plantão pede que a população se desloque para a delegacia da cidade vizinha, União dos Palmares.
A antiga sede, fechada para reforma, funciona em uma casa antiga. Quando chove, fica completamente inundada e, por isso, a maioria dos móveis estragou. Há problemas na rede de esgoto e entupimento da fossa. Os policiais denunciam que, devido às péssimas condições, sempre aparecem escorpiões no local.
A casa de Maria Aparecida Alves fica atrás da delegacia de União. "É muito complicado porque, além das residências, a delegacia fica ao lado hospital. Já tiraram alguns presos, mas as celas já estão lotadas de novo. Deveriam desativar essas celas", lamenta.
Outro problema é que o delegado responsável pela regional, Mário Jorge Barros, ainda acumula a titularidade da distrital do mesmo município, da Delegacia de Combate ao Narcotráfico e a distrital de Santana do Mundaú, uma situação bastante comum em Alagoas.
A insegurança vira um problema de saúde pública em Santana. O prédio é localizado ao lado do matadouro público da cidade. Sangue e vísceras descem pelo esgoto aberto e o mau cheiro chega a ser insuportável. Por causa disso, o Sindpol pediu a interdição da delegacia. “Nos acostumamos a muitas coisas, mas a esse cheiro, não. Estou estudando para fazer outro concurso, porque não aguento mais isso”, disse um agente de polícia que pediu para não ser identificado.
Os policiais denunciam ainda que sofrem com a falta de água. Há problemas estruturais e mofo nas paredes. Apenas dois policiais atendem à população e as grades da carceragem estão quebradas. “Como há presos aqui, o que não deveria acontecer, não há água suficiente para todos. E não é uma água boa, é barrenta. Já tivemos 22 presos aqui e quase houve uma rebelião”, afirma Cerqueira.
Interdição das delegacias
Diante das irregularidades nas unidades de polícia, 11 delegacias foram interditadas em 2013 por ordem judicial. Destas, a de Cajueiro, Igaci, Mata Grande, Minador do Negrão, Penedo e São Luís do Quitunde continuam fechadas. "Todas as 35 delegacias apresentam problemas e deveriam passar por reformas. Elas deveriam ser interditadas por não oferecerem condições adequadas", diz o presidente do Sindpol, Josimar Melo.
O juiz da 16ª Vara de Execuções Penais, José Braga Neto, disse que o
problema das delegacias de Alagoas é antigo e que poucas ações são
feitas para sanar o problema. "Não podemos nem chamar algumas de
delegacias. Sempre acompanho a situação de cada uma e poca coisa foi
feita. Alguns presos foram transferidos, mas não há presídios
suficientes para abrigar a todos", afirma.
Ainda segundo Braga Neto, uma das soluções para acabar com as celas dentro das delegacias seria a desativação de todas elas e a criação de várias casas de Custódia. "Acredito que assim os policiais poderiam executar melhor suas atividades, porque deixariam de cuidar dos presos e daríamos condições humanas aos suspeitos", reforça.
A reportagem do G1 tentou por uma semana ouvir algum representante da Secretaria de Estado da Defesa Social (SEDS) ou mesmo do governo de Alagoas a respeito dos problemas na segurança pública, mas até o momento da publicação desta reportagem ninguém havia dado retorno.
Confira a relação das delegacias que apresentam problemas:
Segundo o relatório, as delegacias que apresentam péssimas condições de trabalho são: Anadia, Atalaia, Cacimbinhas, Cajueiro, Campo Alegre, Colônia Leopoldina, Central de Flagrantes, Craíbas, Delegacia de Homicídios, Delegacia da Criança e do Adolescente, 2ª Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Mulher (DEDDM), Delmiro Gouveia, Girau do Ponciano, Igaci, Japaratinga, Mata Grande, Joaquim Gomes, Maragogi, Matriz de Camaragibe, Minador do Negrão, Murici, Novo Lino, Ouro Branco, Palmeira dos Índios, Paulo Jacinto, Penedo, Porto Calvo, Santana do Ipanema, Santana do Mundaú, São José da Laje, São Luís do Quitunde, São Miguel dos Campos, Teotônio Vilela, União dos Palmares e Viçosa.
Problemas encontrados no interior e também na capital. Após a apresentação do relatório elaborado pelo Sindpol, a reportagem do G1 percorreu algumas delegacias da capital e também do interior do estado para conferir a situação das unidades de polícia responsáveis pela apuração e elucidação de crimes.
Delegacia
Especializada de Direitos e Defesa da Mulher foi interditada pela
Defesa Civil no dia 7 de janeiro. (Foto: Michelle Farias/G1)
No último dia 7 de janeiro, a Defesa Civil interditou a 2ª Delegacia
Especializada de Defesa dos Direitos da Mulher (DEDDM), localizada no
Salvador Lyra, por correr risco de desabar. O prédio havia sido alugado
há seis anos e, segundo os policiais, já apresentava problemas. A
delegacia funciona atualmente no 5º Distrito, no Conjunto Cleto Marques
Luz.A delegacia de São José da Laje foi fechada há 15 dias para uma reforma e a sede foi transferida para uma casa que, além de não ter nenhuma identificação de que ali funciona uma delegacia, não tem telefone, internet ou mesmo uma viatura. Todos os processos e inquéritos estão no chão e , segundo um policial que trabalha na unidade, falta água quase todos os dias. Os serviços estão parados, já que até para realizar um simples Boletim de Ocorrência, o policial de plantão pede que a população se desloque para a delegacia da cidade vizinha, União dos Palmares.
A antiga sede, fechada para reforma, funciona em uma casa antiga. Quando chove, fica completamente inundada e, por isso, a maioria dos móveis estragou. Há problemas na rede de esgoto e entupimento da fossa. Os policiais denunciam que, devido às péssimas condições, sempre aparecem escorpiões no local.
Delegacia
de São José da Laje mudou para reforma, mas serviços não estão
disponíveis para a população. (Foto: Michelle Farias/G1)
A delegacia de União dos Palmares também apresenta problemas, além do
prédio ser localizado ao lado do hospital da cidade e da secretaria de
Educação, os fios são expostos e nem sempre o telefone funciona. Após a
inauguração do presídio em Girau do Ponciano, 55 presos que estavam na
delegacia foram transferidos, mas dois meses depois, outros 22 já
ocupavam as três celas da delegacia, que só deveriam abrigar 15 pessoas.A casa de Maria Aparecida Alves fica atrás da delegacia de União. "É muito complicado porque, além das residências, a delegacia fica ao lado hospital. Já tiraram alguns presos, mas as celas já estão lotadas de novo. Deveriam desativar essas celas", lamenta.
Outro problema é que o delegado responsável pela regional, Mário Jorge Barros, ainda acumula a titularidade da distrital do mesmo município, da Delegacia de Combate ao Narcotráfico e a distrital de Santana do Mundaú, uma situação bastante comum em Alagoas.
Delegacia
de União dos Palmares apresenta péssimas condições estruturais e 22
presos aguardam transferência. (Foto: Divulgação/Sindpol)
Como faltam policiais e o mesmo delegado responde por várias unidades, a
delegacia de Santana do Mundaú, que funciona em uma residência alugada
sem a menor segurança, fica fechada por pelo menos três dias na semana.
Há janelas de madeira que deixam a segurança vulnerável e problemas
estruturais e de infiltrações. Apenas um policial faz o atendimento à
população.A insegurança vira um problema de saúde pública em Santana. O prédio é localizado ao lado do matadouro público da cidade. Sangue e vísceras descem pelo esgoto aberto e o mau cheiro chega a ser insuportável. Por causa disso, o Sindpol pediu a interdição da delegacia. “Nos acostumamos a muitas coisas, mas a esse cheiro, não. Estou estudando para fazer outro concurso, porque não aguento mais isso”, disse um agente de polícia que pediu para não ser identificado.
Delegacia
de Santana do Mundaú fica ao lado do Matadouro público da cidade e o
mau cheiro toma conta da sede. (Foto: Michelle Farias/G1)
Outra delegacia que apresenta sérios problemas é a de Murici.
As duas viaturas estão quebradas e os policiais relatam que enfrentam
dificuldades ao registrar um simples Boletim de Ocorrência porque a
internet é muito lenta. Além disso, há três celas com sete presos desde o
último novembro. “Disseram que teria uma reforma, mas até hoje temos
que trabalhar nessas condições. Não há como os presos ficarem aqui, as
celas são insalubres e é desumano deixar uma pessoa ali, seja qual for
crime dela”, diz o chefe de serviços, Luiz Carlos Cerqueira.Os policiais denunciam ainda que sofrem com a falta de água. Há problemas estruturais e mofo nas paredes. Apenas dois policiais atendem à população e as grades da carceragem estão quebradas. “Como há presos aqui, o que não deveria acontecer, não há água suficiente para todos. E não é uma água boa, é barrenta. Já tivemos 22 presos aqui e quase houve uma rebelião”, afirma Cerqueira.
Interdição das delegacias
Diante das irregularidades nas unidades de polícia, 11 delegacias foram interditadas em 2013 por ordem judicial. Destas, a de Cajueiro, Igaci, Mata Grande, Minador do Negrão, Penedo e São Luís do Quitunde continuam fechadas. "Todas as 35 delegacias apresentam problemas e deveriam passar por reformas. Elas deveriam ser interditadas por não oferecerem condições adequadas", diz o presidente do Sindpol, Josimar Melo.
Ainda segundo Braga Neto, uma das soluções para acabar com as celas dentro das delegacias seria a desativação de todas elas e a criação de várias casas de Custódia. "Acredito que assim os policiais poderiam executar melhor suas atividades, porque deixariam de cuidar dos presos e daríamos condições humanas aos suspeitos", reforça.
A reportagem do G1 tentou por uma semana ouvir algum representante da Secretaria de Estado da Defesa Social (SEDS) ou mesmo do governo de Alagoas a respeito dos problemas na segurança pública, mas até o momento da publicação desta reportagem ninguém havia dado retorno.
Confira a relação das delegacias que apresentam problemas:
Segundo o relatório, as delegacias que apresentam péssimas condições de trabalho são: Anadia, Atalaia, Cacimbinhas, Cajueiro, Campo Alegre, Colônia Leopoldina, Central de Flagrantes, Craíbas, Delegacia de Homicídios, Delegacia da Criança e do Adolescente, 2ª Delegacia Especializada de Defesa dos Direitos da Mulher (DEDDM), Delmiro Gouveia, Girau do Ponciano, Igaci, Japaratinga, Mata Grande, Joaquim Gomes, Maragogi, Matriz de Camaragibe, Minador do Negrão, Murici, Novo Lino, Ouro Branco, Palmeira dos Índios, Paulo Jacinto, Penedo, Porto Calvo, Santana do Ipanema, Santana do Mundaú, São José da Laje, São Luís do Quitunde, São Miguel dos Campos, Teotônio Vilela, União dos Palmares e Viçosa.
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