MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 25 de janeiro de 2014

Situação se agrava na Bahia com ação da milícia Tupinambarana


A presença de soldados da Força Nacional de Segurança Pública não foi, até o momento, capaz de conter a ação das milícias indígenas que está invadindo propriedades rurais localizadas na região conhecida como Serra do Padeiro, no sul da Bahia. Fazendas continuam a ser ocupadas todos os dias e nem as próprias lideranças do movimento indígena sabem ao certo quantas já foram invadidas pelos milicianos que tentam forçar o governo federal a demarcar da Terra Indígena Tupinambá de Olivença.

À medida que aumenta o número de propriedades ocupadas, crescem a tensão e os registros de atos de violência. Só nas duas últimas semanas, depois que a Força Nacional chegou à região e o governo baiano anunciou que reforçaria o efetivo da Polícia Militar na área, estradas ficaram bloqueadas, casas e veículos foram incendiados e estabelecimentos comerciais, saqueados. Um trabalhador rural foi baleado por milicianos durante uma invasão e um índio foi morto a tiros em circunstâncias que as autoridades ainda estão investigando.

“Já perdemos as contas”, disse a Magnólia Silva, uma das lideranças do movimento indigenóide sobre a ação dos milicianos. Magnólia é irmã do cacique Rosivaldo Ferreira da Silva, conhecido na região como Babau Tupinambarana.

Segundo o secretário estadual de Agricultura, Eduardo Salles, se forem levadas em conta as propriedades existentes também na cidade de Olivença, que fica próxima ao foco do conflito, o total de fazendas instaladas na região pode chegar a 700. A maioria, garante o secretário, está nas mãos de pequenos produtores. De acordo com Salles, cerca de 18 mil pessoas vivem na área reivindicada pelos milicianos.

“O clima é tenso e as invasões continuam acontecendo. O efetivo da Força Nacional é irrisório e fica concentrado na cidade [de Buerarema], quando devia estar na zona rural, desarmando as pessoas e garantindo a segurança. O Ministério da Justiça tem que mandar mais homens, caso contrário, a situação tende a se agravar”, disse Salles, admitindo que, com as ocupações diárias, é difícil precisar quantos produtores rurais já foram expulsos de suas propriedades.

A situação se agravou depois que o Governo Federal conseguiu a suspensão das liminares de reintegração de posse já emitidas pelo judiciário em favor dos produtores rurais. A medida foi entendida pelos milicianos como um salvo conduto para as invasões.

A área que os milicianos reivindicam mede 47.376 hectares e abrange parte do território das cidades de Buerarema, Ilhéus e Una e foi delimitada pela Funai em 2009. O Ministério da Justiça ainda precisa expedir a portaria declaratória, reconhecendo a área como território tradicional indígena. Depois, a Presidência da República tem fazer a homologação.

Inconformados com a demora do processo os índios organizaram milícias e decidiram tomar as propriedades à força. As invasões se intensificaram no início de outubro, provocando a reação não só dos donos das propriedades invadidas, mas de outros segmentos que se sentem afetados pela ação dos milicianos. De acordo com o secretário estadual de Agricultura, o impasse afeta a produção rural, com reflexos para o comércio.

A Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia também já perdeu a conta do número de imóveis invadidos. De acordo com o vice-presidente de Desenvolvimento Agrário da entidade, Guilherme de Castro Moura, a situação vem se agravando nos últimos dias. "As invasões continuam acontecendo”, disse Moura. “É uma situação que está fora de controle. As instituições responsáveis por manter o Estado de Direito não estão cumprindo seu papel”, acrescentou.

Para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organização ligada à igreja católica e aos Bispos da CNBB, a presença da Força Nacional não é a solução para o conflito. Segundo a entidade, a ação dos milicianos é consequência de um problema fundiário que os militares não têm condições de mediar. “A presença da Força Nacional é um paliativo que não vai resolver o problema. A causa real da tensão é a omissão do governo federal, já que há dois anos os índios aguardam a portaria declaratória”. 


 

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