MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

domingo, 31 de agosto de 2014

Caminho de Santiago atrai mais jovens, mulheres e aventureiros


Perfil do peregrino muda; motivação não é mais puramente religiosa.
Caminhantes estressados dão tempo no trabalho para pensar na vida.

Da France Presse
Casal de peregrinos tira uma selfie em uma vila a 60 km de Santiago de Compostela (Foto: Miguel Riopa/AFP)Casal de peregrinos tira uma selfie em uma vila a 60 km de Santiago de Compostela (Foto: Miguel Riopa/AFP)
Apesar da intensa dor depois de dias caminhando, Federica Simonetto sorri e tira uma foto, que publica imediatamente nas redes sociais. A enfermeira italiana de 38 anos faz parte da nova geração de peregrinos que ajudam a manter a tradição medieval de percorrer o Caminho de Santiago.
Caminhante em direção a Santiago de Compostela (Foto: Miguel Riopa/AFP)Caminhante em direção a Santiago de Compostela
(Foto: Miguel Riopa/AFP)
Os viajantes do século 21 dão um ar novo à rota milenar: entre os peregrinos há mais jovens, mais mulheres (muitas sozinhas) e mais estrangeiros de países distantes como Coreia do Sul e Japão.
As motivações também mudaram e não são puramente religiosas. Senso de aventura, vontade de recuperar as energias do estresse do trabalho e busca de autoconhecimento estão entre as razões que levam os turistas até a região no norte da Espanha.
Segundo as estatísticas, o número de peregrinos aumentou muito de alguns anos para cá. Se em 2003 eram menos de 94 mil pessoas, em 2013 foram mais de 215 mil.
A maioria é de estrangeiros. Pessoas de fora do país superam os espanhóis em 55%. Alemães e italianos são os turistas mais numerosos há tempos, mas os americanos duplicaram sua presença em poucos anos.
"Durante séculos houve peregrinos europeus, mas agora vemos novas nacionalidades que estão aumentando muito, como coreanos, japoneses e americanos” diz Inma Tamayo, que acolhe os caminhantes na Oficina do Peregrino em Santiago de Compostela.
“No Japão, o Caminho agora é famoso”, diz Ryoichi Fujioka, um aposentado de 64 anos que, depois de percorrer 780 km desde Saint-Jean-Pied-de-Port, no sul da França, chegou à catedral onde, segundo a tradição cristã, estão enterrados os restos do apóstolo Santiago.
Entre os motivos para o aumento no número de peregrinos está o fato de a viagem custar pouco, já que é feita a pé e com pernoite em albergues, o que contribui para atrair espanhóis afetados pela crise desde 2007. A forte promoção internacional feita pelo governo galego em países de outros continentes, como Austrália, Coreia do Sul e Brasil, também explicam o grande número de turistas na região.
Aventura e tempo no trabalho
Cada vez mais mulheres percorrem o Caminho (Foto: Miguel Riopa/AFP)Cada vez mais mulheres percorrem o Caminho (Foto: Miguel Riopa/AFP)
Com a ajuda de um bastão, os peregrinos carregam suas mochilas enfeitadas com as tradicionais conchas. Na Oficina do Peregrino, eles recebem um certificado em latim que atesta que percorreram ao menos 100 km a pé ou 200 km de bicicleta.
As motivações que levam as pessoas a andar tanto vão desde o senso de aventura até a vontade de parar para pensar na vida. "Fizemos pela aventura e pela conquista”, diz Chris de Jong, um técnico em tecnologia da informação do Canadá, de 28 anos.
Peregrinos descansam e tomam banho em rio a 40 km de Santiago (Foto: Miguel Riopa/AFP)Peregrinos descansam e tomam banho em rio a
40 km de Santiago (Foto: Miguel Riopa/AFP)
“Estava cansada do meu trabalho e precisava pensar”, acrescenta Ashley Heekyung Ha, uma publicitária sul-coreana de 30 anos, que percorria o Caminho Francês, o mais antigo dos sete trajetos e o mais procurado. Ela elogia a fraternidade entre os peregrinos e a diversidade de pessoas que conheceu.
Dolores Agra, responsável pelo albergue de Ribadiso, aberto em 1993, percebe a mudança no perfil dos viajantes. "Antes o peregrino dormia em palheiros ou igrejas e se banhava no rio”, diz ela, enquanto anuncia aos recém-chegados que não há mais vagas, uma das consequências da massificação. “Agora eles perguntam se temos Wi-Fi”, afirma, em frente a um dos quartos comunitários onde uma dezena de telefones celulares carregam as baterias para a próxima etapa.

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